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quarta-feira, 24 de abril de 2013

Vale a pena conferir a entrevista: Macau pode ser a porta de entrada na China.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...



Antes mesmo que lhe fosse colocada a primeira questão, Rita Santos tomou a iniciativa da conversa…
“Eu estou no Fórum de Macau há dez anos, portanto eu acompanhei desde a sua criação até agora. O Fórum é uma iniciativa da República Popular da China (RPChina) com o grande apoio dos sete países de língua portuguesa, nomeadamente; Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e Timor Leste, sendo Macau o espaço escolhido por todos como palco de realização deste Fórum e também como plataforma de estreitamento das relações económicas, comerciais e culturais entre a RPChina e estes sete países  de língua portuguesa”.
Nota de Redacção:
São Tomé e Príncipe não integra o Fórum, por razões políticas: reconheceu Taiwan como país independente e isto despoletou um conflito político-diplomático com a RPChina (não mantêm relações), daí a ser excluído desta plataforma.

A entrevista, agora:
Quando olhamos para a relação de Angola com a China vemos que há avultados investimentos chineses em Angola. Será que passaram pelo Fórum de Macau, ou foi arrastado já com o comboio em andamento?
A primeira vez que estive em Angola foi em 2005, embora tenha já estudado na geografia sobre Angola, porque eu também estudei nos mesmos livros que vocês na altura do colonialismo português,  Macau era um território sob administração portuguesa. A primeira vez que se realizou o encontro de empresários da China e dos sete países de língua portuguesa foi em Luanda no ano de 2005. Foi a partir daí que os empresários da China e de Macau começaram a ter cada vez mais interesse em investir e aumentar as relações económicas e comerciais com Angola, embora Angola e a RPChina tenham as suas relações já de longa data. Não só na área económica mas também na amizade porque... não sei se sabe que muitos dos vossos guerrilheiros foram treinados na China e, por isso, já existe amizade de há longa data, ademais o vosso Presidente tem uma boa relação com o presidente da RPChina. E as relações bilaterais entre a RPChina e Angola são de nível muito alto em termos de construções de grandes obras, estradas, pontes, escolas, aeroporto, etc.
Mas a nossa intenção no fórum, para além destas relações bilaterais entre os países, é também, em paralelo, incentivar as pequenas e médias empresas. É esse o nosso grande objectivo.
Foi a partir daí que os empresários da RPChina e de Macau foram conhecendo cada vez mais Angola. Eu mesma já fui a Angola cinco vezes, desde 2005, e cada vez que vou, integro comitivas de empresários. E  há cada vez mais interesse porque alguns deles já estão a fazer parcerias com empresários angolanos. Nós já temos uma empresa angolana instalada em Macau, que procura parceiros na RPChina.
Fomos nós também que demos apoio ao Banco da China para estabelecer protocolo com um de Angola, que permite que os trabalhadores chineses em Angola e os próprios empresários possam facilmente transferir dinheiro para a China. Também damos ajuda a alguns empresários  na importação e exportação de materiais, etc. etc. Portanto, estamos na fase de movimentar as pequenas e médias empresas.
Por outro lado, desde 2008 temos dado apoio a artistas para realizarem espectáculos musicais em Macau e no interior da China. Pagamos todas as despesas e muitos deles são convidados a fazer exibições nos grandes casinos de Macau. Este ano, no terceiro trimestre, vai acontecer a 4ªedição da semana cultural da China e CPLP, em que suportamos todas as despesas de dez artistas de cada país. Também temos convidado artesãos, aqui temos artesanato de Angola... o pau preto é bem conhecido aqui. Para além disso a gastronomia angolana vai estar presente com cozinheiros que vêm de Luanda. Este ano estamos a tentar fazer coincidir esta semana cultural com a reunião Ministerial, numa altura em que se assinala o 10º aniversário do Fórum.
O Governo da Região Autónoma Especial de Macau (RAEM) quer dar apoio a Angola no sentido de conhecer mais e melhor o mercado da China. Não só no âmbito de importação/exportação dos grandes investimentos, mas também na área da cultura. Foi a partir de 2008 quando começaram a vir artistas angolanos aqui que muitos chineses ficaram a conhecer mais sobre Angola através da sua cultura. Eu, por exemplo, gosto muito daquela vossa dança em que as bailarinas estão no palco com palhas(...) é tão lindo!
Além disso, é importante notar que Macau é uma montra mundial, porque  todos os anos visitam Macau  cerca de 29 milhões de turistas. Alguns vão já sabendo que em Macau também há cultura angolana, para além do facto de haver uma associação dos amigos de Angola que integra alguns angolanos que aqui vivem.

Se bem entendemos, o Fórum tem também a dimensão cultural, para além da económica e comercial?
Inicialmente, em 2003, o objectivo do Fórum era apenas económico e comercial, e com o desenrolar dos anos e porque viram que Macau poderia desempenhar mais que isso, então sugeriram que pudesse desempenhar também  a plataforma no âmbito cultural e é por isso que temos associações para a promoção cultural entre a China e os países da CPLP, para além da promoção económica e comercial.
Estamos convencidos que o intercâmbio cultural pode também contribuir para o estreitamento das relações económicas e comerciais.

Não há riscos de investimento de um país para o outro, ou estes riscos estão acautelados?
Vou ser franca!! Para qualquer investimento no estrangeiro, ou melhor se os angolanos quiserem investir na China ou Macau, têm de fazer estudos de viabilidade. Não há nenhum tipo de investimento que não passe por esta fase, é preciso estudar bem o mercado e decidir se vale a pena investir nesta ou naquela área. Para tal, nós temos muitos empresários em Macau que poderão dar este apoio na constituição de parcerias. Porque os nossos empresários além de conhecerem o vasto mercado chinês, conhecem os segredos dos negócios na China. Também os empresários de Macau, devido a razões históricas, conhecem a cultura angolana, muitos deles já foram várias vezes lá, portanto é bom procurar alguém que esteja no meio para poder dar ajuda neste estreitamento de relações.

Considera que o Fórum Macau, nesta fase, está a cumprir com o seu papel?
Óóhh...só temos 10 anos! Ainda estamos na fase de adolescência, penso que temos muito por aprender e muito por desenvolver ainda nos próximos 10 anos. O Fórum de Macau não acaba agora, vai continuar a se desenvolver nos anos vindouros. Principalmente, na minha opinião – como já estou nele há 10 anos, espero que as novas gerações se debrucem também no estreitamento das relações económico-comerciais entre Angola, Macau e China, porque temos muitas portas abertas até para o futuro.

O que é que aconselha aos angolanos?
Aprender mandarim (língua chinesa)! Porque é que os brasileiros têm tantos acessos aqui na China? Porque muitos brasileiros falam mandarim. E até alguns moçambicanos, guineenses e cabo-verdianos já falam mandarim. Isso ajuda muito a estreitar relações e a abrir portas. E uma das apostas do governo da RPChina é o ensino da língua chinesa, e há cada vez mais chineses a aprender português. Nós em Macau temos várias instituições que ensinam português para os chineses e muitos acabam de fazer o curso e vão logo para Angola. Já cruzei com alunos que fizeram estágio no Fórum e foram contratados para trabalhar em empresas chinesas em Angola, e estão a ganhar bons salários!

Em termos culturais, para além da música e dança, como acha que os angolanos podem aproveitar mais esta placa giratória que é Macau? Sente que falta algo?
Acho que os angolanos precisam ter mais coragem para sair do país! É preciso procurar oportunidades na RPChina, é preciso procurar parceiros para produzir mais. Porque até gora, para além do petróleo eu não sei muito bem o que se pode exportar mais. Sei da madeira que é de boa qualidade. Mas não são essas indústrias que ajudam as pequenas e médias empresas.
Portanto, é preciso ver o que se pode exportar e também ver o que se pode importar. Porque vi que muitos empresários angolanos compram muitos materiais da China, mas não os compram directamente da China, compram a intermediários o que encarece os preços das mercadorias.
Outra coisa que é bastante rica, no vosso país é a agricultura. Ainda me lembro quando estudava no liceu, parece que Angola exportava algodão, café, arroz e se não estou em erro sisal. Mas parece que agora não está a exportar nada. É preciso, também, procurar parceiros na área da agricultura, sei de algumas empresas chinesas que já estão a trabalhar neste ramo em Angola, mas não chega.
É preciso estudar qual o fluxo de circulação e aproveitar, por exemplo, a fruta que é muito boa, a manga! Para fazer sumos e outros derivados. E assim deixavam de importar esses produtos. Também podem desenvolver a criação de aves, para não importar mais frangos, mesmo os suínos.
O clima de Angola favorece tudo, a terra é tão fértil! E isso pode ser explorado para potenciar as relações de parcerias com empresas chineses e assim aumentar a oferta desses produtos para o mercado interno, o que baixaria os preços. Depois podem exportar.

Será que a sociedade de Macau conhece Angola? O que se sabe de Angola, aqui em Macau?
Há muito conhecimento! Outra coisa que eu gostava se pudesse concretizar o mais rápido possível é a celebração do protocolo de trocas de programas entre as televisões.

O que é isso, exactamente?
A televisão de Macau já assinou protocolos de troca de programas com a Guiné-Bissau, Cabo Verde, Moçambique, e com Portugal existe já há bastante tempo. Esta troca de informação permite que se conheça mais sobre o país e depois se difunda pelo vasto mercado da RPChina, traduzindo estes conteúdos em chinês. E da nossa parte os programas da RPCHina e Macau seriam traduzidos para português.
Havendo uma troca de informações e de programas de televisão, permitiria conhecer melhor e mais os povos, conhecer melhor o mercado e há uma aproximação maior entre as pessoas, entre os empresários e isto é muito bom.
Este é um passo que gostaria que a Televisão de Angola decidisse o mais rápido possível.
Aqui as pessoas já têm assistido programas da Guiné-Bissau, de Moçambique e de Cabo Verde, mas até agora não se vê nada de Angola!

Fala-se de bolsas de Estudo no âmbito do Fórum de Macau...
Aqui temos de diferenciar dois tipos de bolsas de estudos. O Governo da RPChina tem concedido bolsas de estudo a estudantes angolanos e de outras nacionalidades. Essas bolsas são para todas as províncias da China e não têm nada a ver com o Fórum.
No âmbito do Fórum de Macau, o Governo de Macau disponibiliza bolsas de estudos para dez estudantes de cada país, para licenciatura. E os critérios de selecção dos bolseiros é feito pelos respectivos países.

Uma mensagem para os angolanos?
Eu gostaria que os angolanos pudessem trabalhar cada vez mais no sentido de procurar mais os mercados externos através de Macau que poderá dar um grande contributo na aproximação dos empresários da China aos homólogos angolanos. Macau tem sempre as portas abertas para os angolanos, por razões históricas, tivemos a mesma colonização, 
O que é o Fórum de Macau?
É um mecanismo multilateral de cooperação económica e comercial perseguindo o objectivo da promoção e do desenvolvimento das relações económicas e comerciais, entre a China e os Países de Língua Portuguesa, utilizando Macau como plataforma de ligação.
Criado em Outubro de 2003, designa-se “Fórum para a Cooperação Económica e Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa”, abreviadamente “Fórum de Macau”.
Tem um secretariado permanente baseado em Macau, sendo todas as despesas da operação suportados pelo Governo da República Popular da China (RPChina).
Conta também com um secretário-geral (nomeado pela RPChina), três secretários-gerais adjuntos (um nomeado pela RPChina, um nomeado pelo RAEM e o outro indicado entre os países de língua portuguesa). Todos os países membros do Fórum têm um delegado residente, com excepção do Brasil cujo representante reside em Hong Kong.
A sua estrutura organizacional tem ainda um gabinete de administração e outro de apoio ao secretariado permanente.
POSTAL DE MACAU
A península de Macau foi habitada inicialmente por pescadores vindos de Fukien e Cantão. Por isso, ganhou a designação chinesa de “Ou Mun” que significa “Porta da Baía” (tradução literal).
Mas em português, Macau pode estar ligado ao culto da deusa “A-Má” venerada no sul da China, e ao templo que lhe foi dedicado no porto interior. Nessa época ficou conhecida por “Á-Má-Gao” (Porto de Á-Má), de onde pode ter derivado a palavra Macau.
Os portugueses aportaram ali entre 1554 e 1557, tendo-se convertido na potencia colonial que dominou aquele território até 1999.
Macau é um arquipélago constituído por três ilhas; Macau, Taipa e Coloane. Localizado na costa meridional da RPChina, a oeste da foz do Rio das Pérolas e adjacente a Guangdong. No século XX a sua extensão era de apenas 11,6 quilómetros quadrados. Aquando da saída da administração portuguesa tinha já cerca de quinze quilómetros quadrados, tendo hoje crescido até 29,7.
Tem a designação de Região Administrativa Especial de Macau (RAEM) da República Popular da China, tem como línguas oficiais o mandarim (chinês) e o Português. A sua população é estimada em 550 mil habitantes.
Macau é uma pequena economia de mercado, aberta e liberal, com livre circulação de capitais, a sua moeda é a pataca (MOP), indexada ao dólar de Hong Kong. Enquanto cem dólares americanos, em Angola, são equivalentes, em geral, a dez mil kwanzas, em Macau equivalem a 774 patacas.
O sector mais importante da economia de Macau é o terciário. Os jogos “da fortuna e do azar”, como designam, o turismo e o comércio contribuem com 92,7% do PIB. O sector secundário, indústria (têxteis, fogos de artifícios, brinquedos e flores artificiais), contribui em 7,2% do PIB, enquanto o primário (agricultura e pesca) apenas 0,1%.

Santos Virgilio em Macau
fonte: opais.net

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Samuel

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