© Baz Ratner / Reuters
O laboratório que Portugal vai instalar na Guiné-Bissau é capaz de detetar o vírus Ébola a partir de amostras biológicas num prazo estimado de cinco horas, explicou hoje à agência Lusa uma das responsáveis pela operação.
Apesar de o espaço ainda não estar montado e testado "a previsão é de, em quatro a cinco horas, termos o resultado final", referiu Sofia Núncio, bióloga do Instituto Nacional de Saúde (INSA) Ricardo Jorge.
O prazo permitirá isolar e tratar casos suspeitos, assim como rastear contactos, com maior rapidez do que até agora - para despistar qualquer caso suspeito, a respetiva amostra tem que ser analisada em Dacar, capital do Senegal, num processo dispendioso e que pode demorar mais de um dia.
Apesar de já ter afetado países vizinhos, desde o início do atual surto, há cerca de um ano, o vírus Ébola não foi detetado na Guiné-Bissau, nem houve nenhum caso suspeito que obrigasse à recolha de amostras.
Sofia Núncio falava hoje à Lusa poucos minutos depois de chegar ao aeroporto de Bissau, integrada numa equipa de 11 pessoas do INSA e do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) de Portugal que vão instalar e gerir um laboratório para deteção de casos de Ébola na capital guineense.
Em cooperação com as autoridades da Guiné-Bissau e restantes parceiros, os técnicos portugueses estarão prontos para receber amostras biológicas de casos suspeitos de infeção pelo vírus.
Nesse caso, a amostra será inserida numa câmara selada e manuseada a partir do exterior com luvas integradas na estrutura.
Num primeiro passo, o vírus "é inativado" - processo que demora cerca de meia-hora - e só depois é feita a despistagem para saber se se trata de Ébola ou não, explicou Sofia Núncio, de uma forma genérica.
A possibilidade de estar cara a cara com o vírus não a intimida, porque o Ébola "já é muito conhecido. Sabemos que trabalhando com algum cuidado e desde que tenhamos equipamento de proteção individual, não é dos vírus que se propaguem com maior facilidade".
A título de comparação, salientou que "o Sarampo propaga-se 100 vezes mais depressa que o Ébola".
O laboratório vai ser instalado dentro do recinto do Hospital Simão Mendes, em Bissau.
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Samuel