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Entre as 900 mulheres e adolescentes resgatadas na última semana pelo Exército nigeriano ao grupo extremista islâmico Boko Haram 214 estão grávidas, disse o director executivo do Fundo das Nações Unidas para a População, Babatunde Osotimehin.
O dado confirma a fragilidade da situação a que estiveram expostas as mulheres e adolescentes raptadas pelo Boko Haram, muitas das quais viram maridos e filhos mais velhos serem executados no momento do rapto.
Asabe Aliyu, 23 anos, contou ao jornal nigeriano “Daily Times” os abusos a que foi submetida durante os seis meses de cativeiro. “Tornaram-me num objecto sexual, faziam turnos para se deitarem comigo e agora estou grávida sem saber quem é o pai”, disse.
Muitas das mulheres que se encontravam em cativeiro na floresta de Sambisa morreram pouco antes da libertação apedrejadas pelos raptores, no fogo cruzado entre os rebeldes e soldados nigerianos, atropeladas por carros de combate ou atingidas pelo rebentamento de minas.
Os primeiros testemunhos recolhidos por jornalistas no campo de deslocados de Yola, para onde 275 das libertadas foram transferidas no domingo, confirmam anteriores relatos de abusos atribuídos ao grupo extremista Boko Haram.
Quando os militares se aproximaram, os elementos do Boko Haram que nos guardavam apedrejaram-nos para nos obrigar a ir com eles para outro esconderijo, mas recusámos porque tínhamos a certeza que os soldados nos salvavam”, declarou à Reuters Asabe Umaru, 24 anos. A mesma agência de notícias refere que muitas sucumbiram aos apedrejamentos, mas que “para outras o destino foi menos cruel”.
“Quando os militares assaltaram o campo onde estávamos, os nossos raptores disseram-nos para nos refugiarmos debaixo das árvores e arbustos para escaparmos aos bombardeamentos”, disse à France Press Binta Abdullahi, 18 anos, que revelou que muitas das que acataram a sugestão “foram atropeladas por carros que avançaram sem saber que elas lá estavam.”
“Os soldados fizeram subir para os carros as mais fracas ou doentes e pediram às outras para caminharem atrás, para evitarem as minas postas pelo Boko Haram”, referiu a jovem.
Pelo menos três mulheres e alguns soldados, lamentou, morreram na explosão de uma mina pisada por uma delas.
“Pediram-nos para casarmos com membros do Boko Haram, dissemos-lhes que já éramos casadas e eles responderam que então nos vendiam como escravas”, contou a mesma jovem.
Lami Musa disse ter escapado ao casamento forçado por estar grávida de quatro meses.
Os islamistas informaram-na que casava depois de dar à luz, o que acabou por não acontecer por ter sido salva um dia depois do parto.
A Amnistia Internacional realça num relatório divulgado recentemente que mais de duas mil mulheres e adolescentes nigerianas foram sequestradas desde o início do ano passado.
O Boko Haram é acusado de, desde que começou a insurreição em 2009, ter causado mais de 15 mil mortes.
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Samuel