A calma regressou ao bairro onde mora o líder da RENAMO, na cidade da Beira. A casa de Afonso Dhlakama foi cercada esta sexta-feira de manhã pelas forças armadas governamentais.
A calma regressou ao bairro das Palmeiras, na Beira, após um cerco de nove horas à residência de Afonso Dhlakama pelas forças armadas governamentais. O objetivo seria recuperar armas de fogo na posse dos guardas do presidente da RENAMO, o principal partido da oposição moçambicana.
Dhlakama entregou esta sexta-feira (09.10) as armas da sua guarda pessoal e as forças especiais que invadiram a sua residência retiraram-se do local.
No fim desta operação policial, Manuel de Araújo, autarca do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), a terceira maior força política, referiu que o material (16 armas Ak-47, uma pistola Tokarev, munições, um punhal e três carregadores) foi entregue pessoalmente por Afonso Dhlakama aos mediadores do processo de diálogo entre o Governo e RENAMO. Estes, por sua vez, deixaram-no à responsabilidade dos representantes da polícia moçambicana.
Negociações
Em declarações à imprensa, Afonso Dhlakama disse que "os militares não esconderam nada".
"Um deles disse-me que estavam à procura das suas armas - três armas apenas que perderam no dia 25 de setembro durante o ataque [em Gondola, província de Manica]. Então pensei: Afinal foi o exército que nos atacou? Ainda bem, porque pensávamos que tinham sido bandidos. Ordenei para que essas três armas fossem entregues, solucionando assim o problema".
No entanto, segundo Afonso Dhlakama, surgiu outro problema:
"Os militares tinham instrução para recolher as armas que estão em casa do presidente da RENAMO e também para que me informassem que, a partir de agora, o presidente da RENAMO já não pode ser protegido pela sua segurança, mas, sim, por elementos do Ministério moçambicano do Interior. Quando me deram esta informação, fiquei zangado. Mas depois eu e os mediadores começámos a conversar".
Afonso Dhlakama acabou por entregar as armas da sua guarda pessoal, mas recusou que ela fosse substituída por militares disponibilizados pelas autoridades moçambicanas:
"Entrego as armas mas não preciso da proteção da polícia. No dia em que me sentir mal, posso dizer ao comandante provincial da polícia para me escoltar. Mas na minha casa não quero polícia. Não preciso".
Retoma do diálogo
Entretanto, os mediadores Dom Dinis Sengulane, Lourenço do Rosário e Anastácio Chembeze anunciaram que as duas partes retomarão o diálogo interrompido há mais de um mês.
Recorde-se que o cerco à casa de Afonso Dhlakama, na Beira, ocorreu um dia depois do líder da RENAMO ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, após ter desaparecido no dia 25 de setembro em Gondola, província de Manica, na sequência de confrontos entre os homens armados da oposição e as forças de defesa e segurança.
Recorde-se que o cerco à casa de Afonso Dhlakama, na Beira, ocorreu um dia depois do líder da RENAMO ter reaparecido na serra da Gorongosa, ao fim de quase duas semanas em lugar desconhecido, após ter desaparecido no dia 25 de setembro em Gondola, província de Manica, na sequência de confrontos entre os homens armados da oposição e as forças de defesa e segurança.
Três incidentes em três semanas com a RENAMO
Antes dos acontecimentos desta sexta-feira na Beira, registaram-se três incidentes em três semanas com a RENAMO, dois dos quais envolvendo a comitiva do presidente do partido.
A 12 de setembro, a caravana de Dhlakama foi emboscada perto do Chimoio, província de Manica, num episódio testemunhado por jornalistas e que permanece por esclarecer.
A 25 do mesmo mês, em Gondola, também na província de Manica, a guarda da RENAMO e forças de defesa e segurança protagonizaram uma troca de tiros, que levou ao desaparecimento do líder da oposição para lugar desconhecido.
A RENAMO disse que foi emboscada, enquanto a polícia acusou Dhlakama e os seus homens de terem iniciado o incidente ao abrirem fogo sobre uma viatura civil, matando o motorista, e disse que terão de responder criminalmente por homicídio.
Uma semana mais tarde, forças de defesa e segurança e a RENAMO confrontaram-se novamente em Gondola, com as duas partes a responsabilizarem-se mutuamente pelo começo do tiroteio.
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Samuel