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sexta-feira, 17 de junho de 2011

Ex-presidente do Banco Central da Alemanha manda retirar artigo de jornalista angolano na Alemanha.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

Foto: Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank). (EFE).
Por António Cascais, DW

DW -
"Dinheiro sujo procura lavagem" foi o título dum artigo do jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, publicado pela revista "Afrika Süd". Agora a revista decidiu retirar o artigo cedendo a pressões.

O artigo descreveu as atividades profissionais do ex-presidente do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank), Ernst Welteke, em Angola. Ernst Welteke é acusado de se rodear de (citamos) "pessoas criminosas" e de se ter aceite a chefia do banco Quantum Angola, um banco que o artigo descreve como "banco fundado por ordens do Presidente dos Santos com o objetivo de lavar dinheiro proveniente do petróleo, roubado ao povo angolano".

Também outro jornalista, na Suiça, descreveu em artigos críticos, as atividades consideradas "pouco transparentes" do ex-presidente do Bundesbank, referindo-se ao Banco Quantum Angola SA, assim como da empresa Quantum AG, na Suiça, projetos liderados por Welteke e participados por José Filomeno dos Santos "Zenu", um dos filhos do Presidente angolano.

Welteke nega tudo

Agora o ex-presidente do Bundesbank reagiu. Através dos seus advogados enviou uma carta à pequena revista "Afrika Süd", em Bona, pressionando-a a retirar o artigo de Emanuel Matondo.

A Deutsche Welle tem vindo a acompanhar esta história, pedindo esclarecimentos a todos os intervenientes. O filho do Presidente angolano Zenu dos Santos, que em Abril participou numa conferência sobre negócios com África, na cidade alemã de Frankfurt, não quiz na altura dar uma entrevista à Deutsche Welle sobre os seus negócios na Europa e os seus parceiros suiços e alemães, com destaque para o ex-presidente do banco central alemão.

Ernst Welteke preferiu – nesse dia - apresentar-se ao público em geral, como defensor da transparência e lutador contra a corrupção em Angola e no mundo. Contactado pela Deutsche Welle, Ernst Welteke, sempre se mostrou disponível, manifestando-se indignado e refutando as acusações lançadas por jornalistas contra a sua pessoa.

Welteke entregou o caso a advogados

Pressionado, passou agora ao contra-ataque e contactou um conceituado escritório alemão de advocacia. O objetivo é impedir a publicação de mais artigos críticos sobre os seus negócios em Angola e mandar apagar os que já foram publicados. Palavras de Ernst Welteke: „Na Revista Áfrika Süd, edição número 1, de Janeiro de 2011, foi publicado um artigo com o título 'Dinheiro sujo procura lavagem' e o subtítulo era 'Banco Quantum e o novo emprego de Ernst Welteke em África'. Nesse artigo são feitas várias acusações descaradas contra o Banco Quantum e contra mim pessoalmente. E nós reagimos, recorrendo a um advogado que intimou o editor da revista a distanciar-se do artigo em termos de conteúdo e também a retirá-lo da internet. Foi isso que aconteceu."

Ouvimos também a outra parte. Emanuel Matondo, autor do artigo em questão, nasceu em Luanda. Mas sendo antimilitarista e não querendo participar na Guerra civil angolana, abandonou o país, ainda jovem. Uma odisseia que o trouxe à Alemanha, depois de ter passado pelo Congo e Congo Brazzaville.

Emanuel Matondo não recua...

"Eu vou continuar a trabalhar como jornalista, eu sou autor. Estou a falar contra a injustiça num país rico onde a pobreza é extrema, onde a gente morre por falta de medicamentos, onde as crianças morrem nos corredores dos hospitais. Continuarei porque os dinheiros desviados faltam para o desenvolvimento do pais; é uma forma de roubo. Denuncio a corrupção, porque ela está a destruir mesmo a cultura angolana; porque a elite quer manter-se no poder. Esse sistema já domina o mundo financeiro de Angola".

Matondo diz que tem provas suficientes do que afirma; e que por isso não retira uma virgula do artigo que escreveu, acusando Welteke de tentativa de censura: "Depois de publicar a versäo portuguesa completa em Angola, havia ameaças de morte contra os editores de lá. Os jornalistas foram intimidados, disseram-lhe que tinham que acabar com artigos sobre corrupção. E aqui (na Alemanha) nós também nos encontramos sob ameaça dum processo. Isso é uma forma clara de censura, mas brutal…"

Matondo lança um apelo a Ernst Welteke, membro do partido social-democrata alemão (SPD) e destacado membro honorário da fundação Friedrich-Ebert, ligada ao mesmo partido: "Se ele é membro dum partido que pretende combater as injustiças no mundo, como é que pode dar apoio intelectual no sector bancário a um sistema injusto? Como pode dar apoio ao sistema financeiro despótico angolano, que é conhecido como um sistema corrupto?"

De salientar que os editores da revista alemã "Afrika Süd" retiraram o referido artigo de Emanuel Matondo da sua página na internet. Uma mera medida de precaução que não significa que eles se tenham distanciado do conteúdo, segundo os editores da revista. A revista impressa, essa, continua em circulação e os jornalistas prometem prosseguir com as investigações sobre os negócios em Angola de Ernst Welteke, o ex-presidente do banco central alemão.

Autor: António Cascais
Edição: Carlos Martins/António Rocha/Johannes Beck
Fonte: DW

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Samuel

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