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quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ESTUDANTES CABO-VERDIANOS PASSAM FOME EM PORTUGAL .

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

Além de minguadas, bolsas não são pagas há dois meses, perante o silêncio do Governo e da Embaixada em Lisboa. Valendo-se da solidariedade de amigos e da compreensão de senhorios, os filhos de Cabo Verde parecem ter sido abandonados por aquele – JMN - que, um ano atrás, prometia mais bolsas e falseava números oficiais.
Mentiras de JMN caem como baralhos de cartas...
Mentiras de JMN caem como baralhos de cartas...
Praia, 9 de Novembro 2011 – Um número considerável de estudantes cabo-verdianos, que estudam em Portugal e beneficiam de bolsas do Governo, estão numa situação desesperante, sem saberem qual será o seu futuro.
As tão propaladas bolsas de estudo que José Maria Neves – qual vendedor de feira - prometeu em quantidade nas últimas eleições presidenciais, deram nisto: não só não de vêem, como aquelas que já haviam sido concedidas não são pagas atempadamente, como acontece desde há dois meses a esta parte. E nem o Governo, nem a Embaixada de Cabo Verde em Lisboa têm a dignidade de dar uma satisfação aos jovens que esperam e desesperam.

Muitos deles vivem da solidariedade de colegas cabo-verdianos mais endinheirados ou de amigos portugueses, mas mesmo assim a fome é já uma realidade. E se não dormem na rua, tal se deve à compreensão e humanismo de muitos senhorios que aceitam esperar por melhores dias.

Alguns dos bolseiros já estão mesmo no limite de renovação do visto de residência, temendo que, a breve trecho, fiquem numa situação de ilegalidade.
E a degradação económica e o espectro da fome têm levado muitos estudantes a faltar às aulas, correndo mesmo o risco de reprovação ou de ficarem com cadeiras em atraso, colocando-se perante duas situações: regressarem a Cabo Verde sem as suas licenciaturas terminadas ou ficarem em Portugal desenrascando-se conforme puderem em trabalhos ocasionais.

DENÚNCIA DE VIVA VOZ

Adilson Semedo (nome fictício) é um jovem da Assomada. Aos 19 anos, este aluno da Universidade Técnica de Lisboa, ao contrário de viver com a alegria própria da sua idade, debate-se com o drama da fome e arrasta-se, muitas vezes a pé, para as aulas, geralmente com o estômago vazio.

“Às vezes nem consigo pensar direito, estou na aula mas o meu pensamento está longe, normalmente a pensar em comida”, diz-nos o jovem Adilson fazendo um esforço sobre-humano para não ser traído pelas lágrimas que já assomam as pálpebras. “Como é que se pode estudar assim?”, pergunta ao jornalista como se a interrogação fosse uma bala dirigida aos burocratas do Governo que têm deixado dezenas de estudantes ao abandono num país que não é o seu.
Governo rouba sorriso aos estudantes (foto de arquivo)
Governo rouba sorriso aos estudantes (foto de arquivo)
Entrar para a Universidade Técnica foi um sonho tornado realidade, que encheu de confiança este filho da Assomada e de gente pobre que sempre ganhou o sustento com o amanho das terras. O pai de Adilson, sempre que pode, envia-lhe algum dinheiro, coisa parca retirada a ferros em biscates como pedreiro e na venda de uma ou outra cabeça de gado. “Os meus pais nem sabem metade do que tenho passado, há alturas que me apetece regressar à terra e esquecer o sonho de vir a ser engenheiro”.

Até ao ano passado, Adilson ainda fazia trabalhos ocasionais como segurança em espectáculos, mas a crise no mercado de trabalho, galopante em Portugal, afastou desse circuito muitos dos estrangeiros que se dedicavam a essas actividades sazonais. Uma vez ou outra, ainda consegue fazer uns biscates num centro comercial, mas também essa alternativa se vai esvaindo.

De qualquer modo, as exigências do curso são de tal ordem que sem um empenhamento integral torna-se muito difícil tirar boas notas. E Adilson, na sua impotência, sente-se como animal acossado. “Se a situação não for resolvida no imediato, o ano lectivo está perdido”, desabafa ainda na despedida.

Adilson, que embora tenha querido revelar a sua identificação verdadeira, foi desaconselhado pelo jornalista - não fosse ser ainda mais prejudicado -, não é caso único. Liberal sabe que há muitos estudantes nesta situação, calados porque o medo e/ou a vergonha os inibem de dar a cara e lavrar os seus protestos.

AS MENTIRAS DE JMN

A frieza da realidade vivida pelos estudantes cabo-verdianos, confronta-se com a propaganda do Governo que, há precisamente um ano, inundava as cidades do país com coloridos outdoors. Neles se podia ler que teriam sido atribuías 18 mil bolsas nos primeiros dois mandatos de José Maria Neves, e o próprio Primeiro-ministro chegou mesmo a prometer ainda mais bolsas. Foi um autêntico “bodo aos pobres”, em propaganda paga pelos contribuintes, alimentando a manipulação da opinião pública que permitiu, também, ao PAICV chegar a 6 de Fevereiro com uma vitória nas urnas.

E, apesar de os números oficiais desmentirem a propaganda, a mentira ficou como se fosse verdade, sem que o Governo tivesse a seriedade a repor. Efectivamente, ao contrário das alegadas 18 mil bolsas anunciadas nos dez anos de governação de JMN, uma brochura do próprio Ministério da Educação – “Cabo Verde e a Educação, Ganhos e Desafios”, publicada em Junho de 2010 -, seis meses antes da afixação dos outdoors, apresentava outros números: o total acumulado de bolsas atribuídas pelo Governo, no período entre 2001 e 2009, foi de 4.048. Portanto, um número muito abaixo do avançado pela propaganda de José Maria Neves, referente ao mesmo período.

Ou seja, é impossível ludibriar estes números oficiais, seguramente assentes em estudo rigoroso, que revelam ter sido atribuído 1/5 das 18 mil bolsas da propaganda.

Nem mesmo agora, quando semanas atrás emergiu rumor insistente de que os bolseiros em Portugal estariam a passar fome – o que já foi, para vergonha de Cabo Verde, aventado na imprensa portuguesa -, o Governo dá uma satisfação aos estudantes ou uma palavra de esclarecimento à opinião pública. Esclarecedor…

fonte: Liberal Online
 

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Samuel

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