Por vezes pensamos menos para nos adaptarmos a
determinados estímulos que aparentam um desgaste explícito causado pelo uso
excessivo, entendemos que não adianta reflectirmos mais sobre os mesmos sinais,
tendo a sensação que tudo será como dantes, já não pensamos mais, achando que
não vale a pena, arrumamos tudo para um canto, como quem cospe para o lado.
Só que, depois, com o tempo, não se sabendo
como, alguns estímulos “crescem” de novo longe da vista e ganham forças, temos como
exemplo os ex-dirigentes dos sucessivos Governos da Guiné-Bissau que, de tanto
os vermos diante dos olhos, ao longo de anos, estando associados a um passado e
presente menos bom da história do desenvolvimento do País, são hoje reconhecidos
à distância como um estímulo desgastado nesta convivência pacífica com o poder
do Estado.
Chamo a atenção para o facto desta observação
não estar a ser personalizada, não se tratando de pessoa, A, B, ou C, mas sim
no âmbito geral deste núcleo de poder ao longo dos tempos. Sentimos que os
ex-dirigentes, na sua maioria, já não atraem o suficiente para mobilizar uma
participação massiva de Guineenses, com o objectivo de resgatar o País da crise.
Muitos de nós parece não querer admitir esta realidade dos que insistem em chover
no molhado, sem abrirem mão do poder e partilharem, com a participação de
independentes e outros, Guineenses espalhados pelo mundo.
Há que reconhecer esta desconfiança
generalizada dos cidadãos para com os seus “clássicos” dirigentes, este símbolo
que “guiou” os destinos do País até hoje e fracassou sem dúvida o Estado da
Guiné-Bissau, esta realidade é um facto incontornável a termos em conta na
nossa história política nacional.
Daí que, haja necessidade urgente de novas
politicas e com maior abertura selectiva ao mundo moderno, a começar pela mobilização
de meios humanos e tecnológicos (do território nacional à diáspora), reunir “ferramentas”
imprescindíveis para esta reconstrução nacional, e será este o único percurso a
tomar para sairmos da crise e continuarmos numa linha de desenvolvimento sustentado
e com sucesso.
Convivemos ainda hoje com este efeito reflexo do
prolongado dos erros cometidos num passado ainda próximo de nós, não deixam saudades
alguns actores políticos que comandaram os destinos do País até então, “comandaram”
mas sem um projecto sustentado. Tudo se começou (projectos), quase tudo
terminou sem êxito ou com pouco e sem continuidade, pois tudo o vento levou,
pense nisto.
É a ideia que fica, custa a acreditar, mas
creio que não estou a incorrer numa falsa conclusão por falta de dados.
Alguns que têm governado o País, continuam a entrar
e sair de sucessivos governos ao longo de décadas. Porque quando são afastados continuam
esperançados em voltar a dirigir este mesmo “barco”. Esperando à sombra por novas
oportunidades para o dirigirem, obcecados pelo poder e compulsivos perante este
desejo.
Talvez fora deste tacho (governo) não saibam fazer
mais nada, e compreendemos porquê, sendo que, fora do Estado, se trabalha mais,
havendo maior controle da produtividade, por isso, não se adaptam ao método de
avaliação da rentabilidade como forma de controlar o progresso conseguido na
instituição que representam.
Se no Estado há mel, a maior parte mete o dedo
e chupa, só.
Pensávamos nós que alguns membros deste novo
governo de inclusão/transição seriam caras novas, alguns independentes
convidados para a inclusão, mas afinal preferimos mais uma vez chover no
molhado, como prova da nossa memória curta.
Vemos alguns famosos do costume (tais estímulos
desgastados) afectos à cor partidária e prontos a governar. O Povo vai fazendo
a sua vida sem contar com os mesmos de sempre (lideres), estes estão desacreditados,
sabendo que daí só estão para promessas, pedir votos e fechar os olhos à gestão
danosa e continuada do País.
Chegará o dia em que as muitas dívidas
perdoadas ao País até hoje, serão na mesma auditadas (contas são contas) para
sabermos o que fizeram aos dinheiros entrados ou não, dedicados à Guiné-Bissau.
Porque as dívidas quando são perdoadas a um
País, trata-se de perdoar ao Estado, não às pessoas ou indivíduos que geriram
mal este fundo dos cofres do Povo. Não está a ser perdoado aos que se aproveitaram
com comportamentos duvidosos e geriram mal enormes quantidades de dinheiro. Vemos
que alguns Países amigos perdoaram as dívidas graças a Deus, mas agora compete
ao Estado Guineense, pedir contas aos nossos “gestores” de dinheiros públicos, isto
é no mínimo honrar as ofertas desses Países amigos, que trouxeram até nós,
apoios mais que precisos para o desenvolvimento do nosso País.
Hoje sabemos que o País não tem dinheiro, só
não sabemos, porque não se pergunta pelos milhares de biliões que deram entrada
como ajudas económicas e financeiras para o Estado da Guiné-Bissau, ao longo de
décadas. Qual o seu percurso detalhado. Sabemos nós que o dinheiro não tem
asas, se move de um lugar para outro, tem sempre um nome a assinar por baixo, o
que ajudará a apurar as responsabilidades.
Dinheiro do Povo é sagrado, devemos apurar o
que foi feito dele, onde e como.
Cada um, enquanto líder no passado, com
responsabilidades no desenvolvimento do País, deve pôr a mão na consciência e
analisar o que falhou na gestão de dinheiros públicos, quais os erros
cometidos, porque de olhos fechados ou às apalpadelas, eles atingem o alvo
rapidamente, uma vez que os mesmos assinaram decisões que não foram felizes
para o País, sabem o que aconteceu, o que fizeram, sabem o que falhou.
Por isso esta razão torna-se pertinente,
justificando a preocupação destas dúvidas.
Sublinho aqui o seguinte, hoje parece que
todos queremos ver passar muito depressa estes seis meses de governo inclusivo,
damos conta de certa depressão a acompanhar todo o desenvolvimento deste
fenómeno “inclusivo” deste novo governo. Um desejo que alguém chamou de “inclusão”
das promessas feitas, mas que pelo formato centralizador apresentado, deixou à
margem muitas qualidades, sendo que, o “centralizador” nada tem que ver com os conteúdos
expectantes desta inovação pretendida pela maioria, para sairmos da crise,
temos sim uma “inclusão” sem independentes/tecnocratas, que desta ainda não
aconteceu, talvez brevemente.
Temos aqui apenas a “CARA-LAVADA” dum rosto
igual a si próprio na fotografia antiga, velha e careca de tanto mau olhado dirigido
num passado próximo, mas que ainda resiste, estão aptos a darem cartas neste arranque
do prolongamento deste desafio, estipulado por mais “seis” meses.
Não havendo os “empatas” do costume (por causa
da marcação de grandes penalidades), e apurados os vencedores, teremos governo
todo-o-terreno, pronto a iniciar anos de trabalho pela frente (período pós
eleição democrática).
Será esta uma das prioridades deste governo
“inclusivo”, cumprir nos próximos seis meses de mandato, um calendário preparatório,
rumo às eleições.
Preparar as próximas eleições, ao mesmo tempo
inteirar-se da situação do estado da Nação, no sentido de aprofundar o
diagnóstico, concluir por terapêuticas a adoptar, de acordo com os objectivos. Sendo
que as eleições são de facto importantes, e nunca mais importantes do que as
instituições como ferramentas do Estado, daí as duas estarem interligadas na
seriedade deste trabalho.
Este governo, no tapete
vermelho, já demonstrou o seu grau “discriminatório” em relação ao género feminino
no exercício de cargos de liderança, acabando por excluir uma variável sexual importante,
a mulher. O que traria com certeza um reequilíbrio profundo nos vários aspectos
desta observação pertinente desta classe feminina na dinâmica social, i. é, dum
ponto de vista cultural, da política, da motivação e da sensibilidade, para cargos
públicos no geral, de maior destaque da sua presença na instituição, mas este
quadro falhou, por agora.
Esta ausência e outras foram marcantes, acabou
por chover no molhado a composição deste governo de inclusão (sem independentes
de raiz), trouxe repetições de perfil de liderança e de nomes. Talvez esteja
implícita a manutenção do tráfico de influências ocultas, nos ministérios que
pretendem controlar à distância, e mais não se fez do que manifestamente esta
“leitura”, preocupados com nomes identificados com partidos políticos ou com o grupo
de “dinossauros” do poder até aqui na Guiné-Bissau, que movem influências e vão
dando cartas à distância.
Dando a sensação de que não querem perder
“ligação” ao vínculo deste cordão umbilical, por onde ainda vai pingando “mel”
da abelha mestra, já cansada, que agora quer voltar única e simplesmente para a
sua responsabilidade maternal primeira e prioritária, cuidar do Povo!
Esta vontade esteve desviada durante décadas, mas
iniciou já o seu retorno às fontes. O que é do Povo, para o Povo volta. Disto,
encarregar-se-ão os filhos (Guineenses) com a nova mentalidade de levar o
“País-a-Bom-Porto”, acredita.
Por enquanto ainda temos uma “passerelle”
cheia de “divorciados”, que voltaram para casar na mesma “paróquia”, com as “pastas”
feito aliança, rumo ao respectivo ministério que a “distracção” lhes conferiu com
maiores responsabilidades até, para durante mais seis meses, pelo menos, para mostrarem
o que valem. Não se vêem os padrinhos a assinar por baixo, mas existem, com
certeza, nos cantos da casa, para quem sabe, “casa velha, não faltam baratas”,
esta não é excepção, penso.
Mas há mais novidades pouco felizes aqui, o
facto de um denominador comum entre eles trazer o anúncio de pré-aviso de “divórcio”,
marcado para daqui a seis meses, este condicionamento negativo estará sempre presente
neste governo, longe de reunir consenso alargado nas escolhas efectivadas, mas que
depois de muita luta e guerrinhas de bastidores, vemos os ilustres vencedores
desta maratona de negociações um pouco acanhados, parecendo que lhes falta o
entusiasmo natural para quem acabou de receber uma prenda nova e desejada. Será
só desmotivação, ou algo mais, antevê mais qualquer coisa?
Conhecemos alguns, das anteriores pastas
assumidas nos respectivos governos da época, enquanto políticos, técnicos, empresários,
e também os ilustres desconhecidos/as que agora fazem parte desta equipa de
trabalho, com o despedimento colectivo já marcado para daqui a seis meses.
Parabéns a todos Camaradas, foram chamados para
mostrarem trabalho num curto espaço de tempo, tendo como limite as eleições marcadas
para este ano de 2013.
Convenhamos camaradas, que não seja fácil, num
tempo curto que pode até vir a justificar ausências nos avanços desejados (o
que será compreensível), enfim, um tempo que nem para se coçarem, há-de descontar
a favor dos críticos do costume (som pá pega-têssu-dê…) no bom e no mau
sentido. Aliás, aqui vamos ver as habilidades e capacidades de cada um dos
nomeados e, por agora, desejamos com franqueza boa sorte a todos sem excepção e
um bom ambiente de trabalho, sim, porque o ambiente de trabalho tem de ser
positivo, com todos os seus membros a remarem para o mesmo lado, a baixarem as
orelhas ao Camarada chefe que está no leme, cumprirem todos juntos os
objectivos traçados (chefe é chefe, enquanto tal) para o barco deslizar sem
pequenos ou grandes obstáculos.
No fundo há esperança neste novo Governo,
pelos vistos o “tempo” melhorou um pouco, as portas ainda não estão
escancaradas, mas já se abriram envergonhadas, ouvimos as palavras do Dr.
Portas, e de outros amigos “atrasados” na fila desta esperança que tardou, mas
ela esteve sempre com muitos de nós, a puxar por ela para não fugir (como
queriam alguns), e ainda bem, há que – continuar a pensar Guiné-Bissau com
humildade – sem arrogância e comparações alienadas tiradas de chapa.
Esta etapa na vida do País é de extrema
importância para o futuro de todos, queremos a formação de um Governo eleito
Democraticamente e a seguir, um Estado de Direito forte, que o Povo merece.
Temos olhares discretos sobre alguns dos
nossos dirigentes activos/inactivos, são Guineenses já conotados com a desgraça
a que o País chegou, mas, convém nunca “sentenciar” nomes ou projecções de
nomes às cegas, sem que sejam os factos a provar seja o que for, para isso
temos os Tribunais, a justiça em Sede própria, baseada nos factos, não
adivinhando culpados a partir de suposições e historietas do costume ou sem
julgamento prévio, pense nisto.
Digo isto, porque a ser verdade o que acabei
de citar como dúvida, haverá sempre quem queira tirar o partido, numa eventual
escalada de caça às bruxas, enfim, porque cada “bruxa” presa ou morta, os seus
devedores batem palmas, deixando de se preocupar com a “dívida”, que no fundo
se trata de dinheiros e segredos, desviados dos cofres e dos arquivos do Estado,
pense nisto.
Por conseguinte, mais do que matar, torturar,
perseguir ou prender, devemos reunir condições materiais e de estratégias (investigação
sob alçada dos tribunais) para recolher fundos do Estado, desviados pela corrupção
deste sistema dentro do seu próprio aparelho.
Porque não é possível que em quarenta anos de
ofertas económicas e financeiras a fundo perdido e com as dívidas,
progressivamente perdoadas ao Estado da República da Guiné-Bissau até hoje, não
se veja sequer um ou dois edifícios públicos de vulto no País, construídos de
raiz, em qualquer uma das cidades do território nacional, nada. Com excepção
das obras de raiz que os Países doadores, mas que não recebemos dinheiro na mão
para os executar, mas sim, – chave na mão – depois de obra acabada/prontos (o
estádio de futebol, pontes, parlamento…), o que nos impele ao registo de que,
mais vale uma “chave” na mão do Guineense, do que grandes quantias de dinheiro
para executar projectos/obras enquanto responsável, será (sem ofensa).
Perguntamos o porquê disto, para onde foi ou
está investido todo esse dinheiro (quantias astronómicas de milhares de biliões
de dólares ao longo de quarenta anos …), porque na Guiné-Bissau não temos
expressão física quase nenhuma, que justifique a aplicação duma engenharia
financeira de gastos ou a aplicação, ao longo deste tempo, nas obras públicas
por exemplo, perguntamos, o que é que aconteceu este tempo todo com o dinheiro
público?
Pensar os erros, Camaradas é pensar incluindo
todas as variáveis possíveis, aqui falamos dos dinheiros do Povo, que foram mal
gastos ou simplesmente desviados. Os entendidos nesta matéria têm a palavra,
para ajudarem no entendimento e na análise esperada, desta conjugação de factos
apontados.
Digo tudo isto, com o objectivo de pensarmos os
nossos próprios erros cometidos nestes quarenta anos que, progressivamente, estagnaram
o País, parando este comboio gigante, fora das linhas, neste momento.
É muitíssimo séria esta situação a que chegou
a Guiné-Bissau (sem dramatizar), o Estado merece urgentemente de continuadores
capazes de demonstrar, na prática, a importância dum modelo democrático activo operando
no País. A lei da transparência é a única capaz de iluminar a vida do cidadão
comum num Estado de Direito, através das suas instituições públicas e privadas.
Penso que um próximo governo no País, terá como
uma das suas prioridades eliminar muitas dúvidas aqui colocadas, optando por um
perfil organizacional diferente para a liderança do aparelho de Estado, sem esta
monotonia de fidelização partidária constante.
Abrirá as portas a independentes, tecnocratas
e outros, igualmente competentes, mulheres e homens preparados, para vencermos
todos os obstáculos que determinaram esta paragem obrigatória do País.
Penso que será possível, a curto prazo, avançarmos
com um modelo diferente nas opções políticas, se os nossos futuros dirigentes assim
o entenderem e mudarem de rumo ou de caminho a seguir, para tratarmos de vida
nacional com todos os Guineenses sem excepção ou pré-conceitos à partida
Camaradas, aqui vos deixo mais uma reflexão
que partilho na Guinendade, com todo o gosto, podem não citar o autor, mas
serei sempre o único responsável por estas palavras, com total liberdade de
expressão …, saudações fraternas.
Djarama. Filomeno Pina.
Ernesto Dabó revelando a Guiné-Bissau pelo mundo na sua voz inconfundível:
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Ernesto Dabó revelando a Guiné-Bissau pelo mundo na sua voz inconfundível:
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Samuel