Analistas consideram que José Eduardo dos Santos não aprofundou temas controversos na mensagem de Ano Novo. Por exemplo, a morte dos ativistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.
A mensagem de Ano Novo do Presidente angolano durou cerca de 13 minutos.
Durante o discurso, José Eduardo dos Santos negou uma "'cultura da morte' ou do assassinato por razões políticas" em Angola.
O chefe de Estado disse ainda que encetou um diálogo "franco" e "abrangente" com a juventude. Elogiou a mulher angolana, falou sobre o Censo Geral da População de 2014 e afirmou também que "a liberdade e a democracia garantidas pela Constituição não constituem um livre-trânsito para o insulto gratuito, para a ofensa moral e para a calúnia de quem quer que seja."
Mas alguns analistas criticam José Eduardo dos Santos por, nos 13 minutos do discurso de sexta-feira (27.12), não ter aprofundado temas controversos.
Aspetos que também preocupam a sociedade angolana, como a morte dos ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule e a morte a tiro de Manuel Ganga, militante da Convergência Ampla de Salvação de Angola - Coligação Eleitoral (CASA-CE), ficaram de lado. Ou, por exemplo, o estado da saúde e da educação em Angola, a situação das prisões ou a questão da fome, que continua a afetar mais de 800 mil famílias sobretudo no centro e sul do país.
"Teorias atrás de teorias"
Mário Gaspar, professor de História e analista, diz que o Presidente da República não falou para os angolanos, mas sim para os cidadãos do seu partido, o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA). Algo a que os angolanos já estariam habituados.
"São teorias atrás de teorias, acompanhadas por uma grande dose de hipocrisia", refere. Porque as mortes que se registaram são por ordem de entidades superiores. As pessoas são mortas, perseguidas, são presas injustamente" e o Presidente não faz nada, queixa-se Gaspar.
Segundo o advogado David Mendes, o discurso do Presidente angolano é um autêntico desrespeito aos angolanos, sobretudo num momento em que muitos querem que determinados temas sejam abordados de forma profunda.
Já Sebastião da Silva, um professor do ensino público, pede maior seriedade ao executivo angolano e adverte que falta conciliar no país a teoria com a prática.
"Num país democrático de direito, devia ser tempo de começarmos a ver as coisas num sentido mas objetivo", refere. "Esta situação vem efetivamente mostrar que ainda estamos num sistema ditatorial."
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Samuel