Tel Aviv. Milhares de imigrantes africanos têm protestado desde o fim de
2013 contra a política de prisões aos que pedem o reconhecimento do seu
estatuto de refugiado , em Israel. (AP Photo)
Milhares de imigrantes africanos e requerentes de asilo têm protestado contra a falta de reconhecimento da sua condição em Israel nos últimos dias, revelando condições graves de violação de direitos humanos, como a prisão em grandes campos a céu aberto. Neste domingo (5), uma greve de três dias foi convocada e milhares marcham em direção a diversas embaixadas em Tel Aviv, na manhã desta segunda-feira (6).
Inúmeros imigrantes africanos exigem o reconhecimento da sua condição de refugiados, em Israel, e a libertação dos que estão presos, denunciando a política repressiva e xenófoba do governo israelense.
À frente das embaixadas dos EUA, da Alemanha, da França, do Reino Unido e do Canadá, entre outros, em Tel Aviv, nesta segunda, os imigrantes pedem pressão sobre Israel para a proteção dos seus direitos humanos. De acordo com a revista eletrônica e independente em Israel, +972, cerca de 20.000 requerentes de asilo manifestaram-se na cidade litorânea no domingo.
Além disso, os manifestantes também marcharam até a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), com cartazes que pediam o fim das prisões dos imigrantes, dos quais muitos são trabalhadores domésticos ou de serviços pesados, que convocaram a greve de três dias, a partir do domingo.
O ministro do Interior, Gideon Sa'ar, reproduzindo o discurso xenófobo verificado também na Europa, disse que a greve não "definirá a política nacional de Israel", mas que a preocupação está com "os israelenses que perderam os seus trabalhos", fazendo referência às "equipes de limpeza" dos restaurantes e cafés afetados pelo protesto.
Assim como diversos outros políticos e movimentos preconceituosos que têm se mobilizado contra a imigração africana no país, Sa'ar chamou os manifestantes de "infiltradores africanos". Expoentes do racismo israelense, como a parlamentar Miri Regev, em uma manifestação, chamou-os de "câncer em nossos corpos".
No protesto de domingo, mais de 20.000 imigrantes gritavam insígnias como "Sim à liberdade, não à prisão", e "somos refugiados, não criminosos", de acordo com o jornal israelense Ha'aretz.
Os organizadores da manifestação pedem a revogação da lei que autoriza a detenção dos imigrantes africanos em uma instalação recentemente construída, Holot, assim como a libertação dos já presos, instando Israel a cumprir a Convenção da ONU sobre a proteção aos Refugiados.
A ACNUR criticou a política israelense contra a imigração africana, principalmente as novas emendas à chamada "lei anti-infiltração". De acordo com a agência, em um comunicado de imprensa divulgado nos últimos dias, as novas leis e políticas israelenses não correspondem ao espírito da Convenção sobre Refugiados de 1951. Antes disso, a ACNUR havia também levado a sua denúncia à Suprema Corte de Justiça israelense.
Davit, um imigrante da Eritreia, disse ao Ha'aretz, no domingo: "Nós continuaremos esta luta até que o Estado de Israel ouça a nossa voz e entenda que somos pessoas e refugiados. Estamos aqui, hoje, para continuar com a nossa marcha pela liberdade, iniciada por nossos irmãos. Estamos continuando a marcha porque eles estão de volta à prisão. Eles vieram a Israel como refugiados, procurando asilo, mas ao invés de avaliar o seu pedido, Israel lhes diz que eles, e nós, somos criminosos."
Moara Crivelente, da redação do Vermelho
Com informações das agências
http://www.patrialatina.com.br/
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