Há relatos de mulheres que foram forçadas a degolar outras pessoas a mando do grupo radical.
Uma mulher mostra a foto da filha, sequestrada em maio de 2014 pelo Boko Haram em Maiduguri. Foto: Joe Penney / Reuters
O grupo islamita nigeriano Boko Haram está utilizando as
mulheres e adolescentes sequestradas na primeira linha de combate, denuncia a
organização Human Rights Watch (HRW).
A organização de defesa dos
direitos humanos compilou os depoimentos de dezenas de ex-reféns, que revelaram
sequelas físicas e psicológicas.
Em um relatório da ONG, uma jovem
de 19 anos sequestrada durante três meses pelo Boko Haram afirma que foi
obrigada a participar nos ataques dos islamistas. "Me pediram que levasse
as munições e deitasse na grama, enquanto eles lutavam. Vinham pegar o material
durante o dia, duranto os combates", contou a jovem a HRW.
A ex-refém também revelou que
recebeu a ordem de degolar um dos integrantes de uma milícia privada, capturado
pelo Boko Haram, com uma faca. "Eu tremia de terror e não consegui fazer.
Então a mulher do líder do acampamento pegou a faca e o matou", disse.
Durante o ano, vários atentados
suicidas foram cometidos por mulheres, algumas muito jovens, mas não foi
possível determinar se eram reféns do grupo insurgente ou voluntárias.
As ex-reféns, que passaram entre
dois dias e três meses sob controle dos sequestradores, afirmaram que foram
levadas para oito acampamentos diferentes, na selva de Sambisa, no estado de
Borno (norte) e nas montanhas de Gwoza, entre a Nigéria e Camarões.
Segundo a HRW, que para elaborar
o relatório entrevistou 30 mulheres entre abril de 2013 e abril de 2014, mais
de 500 foram sequestradas desde que o Boko Haram iniciou a insurreição na
região norte do país em 2009.ulgado um dia depois do anúncio de que 30 adolescentes,
meninos e meninas, alguns de apenas 11 anos, foram sequestrados no fim de
semana em Borno. Uma semana antes, 60 meninas e jovens foram sequestradas em
Wagga e Gwarta, duas cidades do leste do estado.
Os sequestros dificultam ainda
mais o acordo de cessar-fogo que o governo disse ter concluído com o Boko Haram
em meados de outubro, com o qual deveriam ser libertadas 219 adolescentes
levadas pelos islamitas em abril na localidade de Chibok.
Uma das ex-reféns de Chibok
contou que foi obrigada a cozinhar e a limpar para outras mulheres, que
recebiam tratamento preferencial "por sua beleza".
Outros depoimentos mencionam
estupros e violência física. Uma vítima afirma que foi ameaçada de morte, com
uma corda no pescoço, até que aceitou a conversão ao islamismo.
Uma adolescente de 15 anos conta
que quando reclamou que era muito jovem para casar, um dos comandantes
respondeu que sua filha de cinco anos havia casado um ano antes.
# AFP
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Samuel