NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
Frederico
Füllgraf
Santiago do Chile
Com sentença emitida no início desta semana, a Corte de
Apelações de Santiago do Chile ratificou a resolução ditada pelo Conselho para a
Transparência - organismo autônomo de Direito Público, criado em 2009, durante
o primeiro mandato de Michelle Bachelet - ordenando ao comando do exército
chileno entregar informações sobre militares ainda na ativa que integravam a
agência de inteligência pinochetista CNI, sucessora da famigerada DINA, extinta
em 1977. O veredicto unânime da Nona Vara do tribunal lista 7.436 militares da
ativa, potencialmente envolvidos com prisões ilegais, torturas, atentados e
desaparecimento forçado de opositores políticos, entre 1977 e 1990.
Desde os inícios da redemocratização do Chile - acertada em
1990 entre a ditadura Pinochet e o arco de partidos democráticos da
Concertación - familiares de presos politicos assassinados ou desaparecidos,
advogados, organismos de defesa dos
Direitos Humanos (DDHH)
e, paulatinamente, também juizes denunciaram a existência de um "pacto de
silêncio", combinado entre os militares pinochetistas e seus sucessores,
com o objetivo de garantir a impunidade de violadores de DDHH em suas fileiras.
Em 2013, durante as solenidades em memória dos caídos
durante os 40 anos da ditadura Pinochet (1973-1990), o juiz Hugo Dolmetsch,
porta-voz a Suprema Corte, advertiu em entrevista à CNN Chile, que "sempre
houve um pacto de silêncio e este ainda se mantém", assinalando que muita
informação relacionada às violações de DDHH durante a ditadura "ainda não
foi entregue".
Um ano
depois, durante as vigílias do 41º. Aniversário do golpe cívil-militar de 1973,
o pacto do silêncio voltaria à pauta durante uma áspero debate entre o então
ministro da Justiça, José Antonio Gómez, e o comandante do exército chileno,
Gen. Humberto Patricio Oviedo Arriagada.
A falsa "fé" do general
Na ocasião, Oviedo disse, "posso dar fé de que não
existe um pacto de silêncio institucional, muito menos retenção de arquivos
secretos, e isso é do conhecimento dos ministros em visita (juizes
especiais)", admitindo, porém, que "militares em trânsito para a
reserva, para efeito de sua defesa e conforme a lei, têm permissão de entregar
ou não testemunhos que estimem convenientes".
Já o ministro Gómez insistiu que "não há
dúvida alguma de que entre os criminosos condenados e os que continuam em
liberdade, há, sim, um pacto de silêncio".
Adolescente, com apenas 14 anos de idade, quando Salvador
Allende foi derrubado pelo sangrento golpe de setembro de 1973, e nomeado
comandante-em-chefe do exército pelo ex-presidente conservador, Sebastián
Piñera, em 2013, o general Oviedo também era apontado por socialistas e seus
aliados no governo, como militar pós-pinochetista. Contudo, causou surpresa sua
postura, por um lado, negando a existência do pacto, mas por outro, impetrando
recurso e taxando de "ilegal" a resolução do Conselho de
Transparência, que exigia cópia da listagem dos efetivos do exército que
serviam como agentes da famigerada Central Nacional de Informações (CNI), deste
modo esvaziando sua própria profissão de "fé", ao negar a existência
do pacto de silêncio.
Exército se contradiz, Justiça atua com firmeza
O veredicto da
Corte de Apelações adverte
que os motivos alegados pelo exército - pretextando, primeiro, não existirem
tais arquivos solicitados; segundo, que a entrega da documentação implicaria em
"dispersar pessoal" e que, terceiro, essas informações teriam
"caráter reservado, dado constituírem assunto de inteligência
militar"- são inadmissíveis e contraditórios, pois se "em outra
oportunidade a instituição cumpriu a exigência da entrega de lista de
funcionários da CNI arrolados no processo sobre a ´operação Albânia´ - processo
presidido pelo Ministro Hugo Dolmetsch Urra, em 1998 - isso significa que
obviamente [agora] também se encontra em condições de entregar a informação
requerida... ainda mais, considerando que atualmente estão disponíveis
aplicações tecnológicas e computacionais que permitem cumprir a determinação em
melhores condições materiais a administrativas que no passado", enfatiza a
justificativa da sentença.
CNI: armas químicas, assassinato de ex-presidente e
fuzilamentos em massa
A Central Nacional de Informaciones (CNI) iniciou suas
operações em agosto de 1977, após a forçada dissolução da DINA (Dirección de
Inteligencia Nacional), responsável pela tortura e assassinato de milhares de
presos politicos e os atentados a bomba fatais contra o chanceler Orlando
Letelier e sua secretária, e do chefe do exército chileno, General Carlos
Pratts, ocorridos entre 1974 e 1976, em Washington e Buenos Aires.
Mudara apenas o nome, e a CNI deu continuidade ao
sanguinário Terrorismo de Estado praticado pela DINA, da qual absorvera seu
comandante, Manuel Contreras, a temível "Brigada Mulchén" e milhares
de agentes, agora subordinados ao Ministério do Interior e, com isso,
verticalmente, ao general Augusto Pinochet.
Nos 13 anos de suas atividades terroristas, a CNI sofisticou o arsenal
repressivo herdado da DINA, entre os quais a operação de laboratórios de armas
químicas como o gás mostarda e o tálio, usados pela CNI no assassinato do
ex-presidente democrata-cristão, Eduardo Frei (em 1973, apoiador do golpe
contra Allende, depois opositor de Pinochet). Temerosa do processamento de
violadores de DDHH, iniciado em 1990, durante o início da redemocratização no
Chile, a CNI livrou-se de vários agentes de suas próprias fileiras, como o
químico Eugenio Berrios e o coronel Gerardo Hubert, eliminados com tiros na
cabeça.
Em 1978, quando Chile e
Argentina quase foram à guerra por uma disputa de ilhas no Canal de Beagle, na
Terra do Fogo, Pinochet aventou a possibilidade de un atentado com gás sarin ao
sistema de abastecimento de água de Buenos Aires, como atestou um ex-agente
chileno a Mónica González, correspondente em Santiago do Chile do Clarin
argentino ("En 1978, la DINA planeó envenenar el agua de Buenos
Aires", 19/10/2002).
A mais repulsiva ação
empreendida pela CNI foi a famigerada "operação Albânia", ou
"Matança de Corpus Cristi", ocorrida entre 15 e 16 de junho de 1987,
no Chile, quando a CNI desbaratou células da guerrilha "Frente Patriótica
Manuel Rodrigues", assassinando a sangue frio doze guerrilheiros,
supreendidos, mas vendendo o massacre aos meios de comunicação como
"enfrentamento".
FF/Ch/jul032015
#pravda.ru
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Samuel