BERLIM/ALEMANHA - Gbi é uma das mais pobres regiões da África.
No entanto, é por meio de tecnologia que o país vem sendo governado pelo rei
Céphas Bansah, que vive a cerca de 7 mil quilômetros de distância, na cidade
alemã de Ludwigshafen, e comanda seus súditos na África por meio de e-mails,
redes sociais e software de chamadas telefônicas online.
Por ANTONIO CARLOS LACERDA
"Governo nessas condições para ficar mais próximo das novas
tendências e tecnologias e, assim, introduzi-las mais facilmente em minha
nação" - na verdade, em seu país falta remédio e comida, mas não falta
internet. Bansah chegou ao trono antes de seu pai e de seu irmão mais velho
porque ambos são canhotos e em Gbi não se admite que pessoas não destras tenham
funções de destaque.
Justiça seja feita, porém, à austeridade do rei: ele não vive com
dinheiro enviado por seus súditos nem conta com a ajuda do governo alemão.
Sobrevive trabalhando em sua oficina mecânica durante o dia. E dorme
pouco porque à noite cuida de seu país por meio da internet.
Durante o dia, Céphas Bansah é dono de uma oficina mecânica na Alemanha.
Depois do expediente, é o rei de um povo em Gana. Céphas Bansah tem 66 anos e
com o auxílio de ferramentas como o Skype e e-mails, além de um trono
localizado em sua sala de estar, a majestade realiza a mediação entre os
antepassados de seu povo e os vivos, além de ajudar a solucionar disputas
tribais.
O problema de ser um rei, mas viver como um cidadão comum é que Bansah
acabou se tornando um alvo fácil para ladrões. Há alguns dias, divulgou o
jornal britânico The Independent, sua casa na Alemanha foi invadida e foram
roubadas coroas e joias que pertenceram aos seus avós.
De acordo com informações em site oficial, apesar de todas as
facilidades da vida moderna, Bansah visita sua terra várias vezes durante o ano
para ter um contato direto com os desafios enfrentados por seus súditos no dia
a dia.
A decisão de reinar longe de seu território foi tomada logo quando ele assumiu a coroa,
no início dos anos 90. Acreditava que, da Europa, poderia ajudar mais.
Portanto, além de vídeo conferências, o rei desenvolve projetos de
infraestrutura e busca apoio do governo alemão e da comunidade acadêmica para
executá-los em Gana.
Bansah desembarcou na Alemanha nos anos 70, como estudante. Lá, conheceu
sua esposa e decidiu se estabelecer. Com a morte de seu avô, em 1987, se tornou
o único da família que poderia ocupar o posto de rei. Seu pai e irmão mais
velho foram desconsiderados por serem canhotos, característica que é vista como
negativa pelo povo da região.
Togbe Ngoryifia Céphas Kosi Bansah é parte dos Ewe, um grupo étnico que
vive em Gana, Benim e no Togo. Segundo ele, a estrutura deste povo é baseada na
ajuda mútua entre os membros da comunidade. Terra e água, por exemplo, são
gerenciadas e conservadas por todos.
As famílias são grandes, moram juntas e são sustentadas com a
colaboração de pais, filhos, tios, avós e quem mais com eles viverem. As casas
são feitas em barro e madeira. A poligamia existe e, por este motivo, as
mulheres são incentivadas a trabalharem para serem independentes dos maridos.
ANTONIO CARLOS LACERDA é Correspondente Internacional do PRAVDA.RU
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