O Presidente angolano afirmou, em Joanesburgo, que a China é
um “parceiro imprescindível” para o desenvolvimento de África, colaboração que
ainda pode ser incrementada para resolver “problemas básicos das populações”,
do ensino e do combate à fome.
J osé
Eduardo dos Santos, conta a Lusa, discursava na segunda cimeira dos chefes de
Estado e de Governo do Fórum de Cooperação China África (FOCAC), que está a
decorrer na África do Sul desde sexta-feira, durante o qual José Eduardo dos
Santos já se reuniu com o homólogo chinês, Xi Jinping.
Eduardo dos Santos defendeu que a China é actualmente “um
parceiro imprescindível para o desenvolvimento” africano, em função do
crescimento do investimento chinês no continente.
Na base das “relações bilaterais e multilaterais”, do
“diálogo permanente e da cooperação”, o líder angolano (há 36 anos no poder)
afirmou que “não há dúvida que a África e a China vão realizar os objectivos
fixados na estratégia conjunta”.
Contudo, apontou igualmente a necessidade de “estruturar a
cooperação” em três níveis e estabelecer os respectivos instrumentos de acção:
Ao nível continental através da Comissão Executiva da União Africana, ao nível
de cada uma das cinco sub-regiões africanas e ao nível dos Estados-membros da
União Africana através dos seus Governos.
José Eduardo dos Santos defendeu que a China ainda “poderia
dar maior ajuda a todos os níveis para a resolução dos problemas básicos das
populações e dos jovens”, como no combate à erradicação da fome e da pobreza ou
“apoiando a agricultura familiar e a comercialização da produção conseguida”.
O apoio chinês, disse, pode igualmente passar por programas
para a instalação de sistemas de produção de água potável no meio rural e na
periferia das cidades, na criação de centros de formação profissional,
“garantindo-se o financiamento previsível de longo prazo dos planos nacionais
de educação” ou na promoção de projectos de investimentos públicos e privados,
“que criem empregos e evitem a emigração dos africanos para outros continentes,
ou a fuga para outros países africanos com mais oportunidades”.
“Outro domínio importante é o da produção de alimentos e da
agricultura e da agro-indústria, para se garantir a segurança alimentar e o da
construção de infra-estruturas, como estradas, pontes, energia eléctrica, água,
telecomunicações, saúde e formação de recursos humanos que são todos elementos
essenciais para a industrialização dos nossos países”, sublinhou o “querido
líder” do regime angolano.
Combater a desertificação e proteger o continente das
mudanças climáticas, alargar as florestas, “bem como transformar, em vez de
queimar, o gás obtido da produção de petróleo” são igualmente áreas em que,
para Angola, a colaboração entre África e a China pode ser reforçada.
O Presidente chinês, Xi Jinping, anunciou sexta-feira, em
Joanesburgo, que a China vai conceder 60 mil milhões de dólares em assistência
e empréstimos aos países africanos.
“A China decidiu providenciar um total de 60 mil milhões de
dólares em fundos de apoio, que inclui cinco mil milhões em empréstimos isentos
de juros e 35 mil milhões para empréstimos concessionais e crédito à exportação,
com condições preferenciais”, disse Xi, no arranque da segunda cimeira do
FOCAC), que termina hoje.
Sobre este novo plano de acção para a colaboração entre os
países africanos e o gigante asiático, o presidente angolano afirmou que vai
dar “um novo impulso à materialização dos consensos alcançados, abrindo o
caminho para a entrada numa nova era de cooperação e progresso”.
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Samuel