Rafael Marques recebe Prémio Democracia 2017 do NED
Dave Peterson manifesta "muita preocupação" com situação da democracia e liberdade em Angola
O National Endowment for Democracy (NED, ou Fundo Nacional para a Democracia, em português) diz estar preocupado com o processo aberto pelo Ministério Público angolano contra o jornalista e activista Rafael Marques.
Em conversa com a VOA, o director para África daquela organização com sede em Washington, Dave Peterson, justifica esta posição pelo facto de “Rafael ter sido perseguido judicialmente no passado e ter estado na prisão em 1999 na sequência de um artigo em que ele criticou o Governo”.
O NED garante estar a acompanhar o processo em que Marques é acusado de crimes de injúria e ultraje a um órgão de soberania, depois de o Procurador-Geral da República ter apresentado uma queixa contra o jornalista devido a uma notícia publicada no seu portal Maka Angola, em Novembro de 2016, intitulada “Procurador-Geral da República envolvido em corrupção".
Peterson diz que a organização “está em contacto com Rafael, com amigos dele em Angola e aqui nos Estados Unidos, com os seus advogados, com a Embaixada Americana, o senador (Ben) Codin e outras pessoas no Congresso que estão a acompanhar o caso”.
Questionado se o processo agora movido contra Marques tem alguma relação com o Prémio Democracia 2017 atribuído ao jornalista e activista pelo NED a 7 de Junho, Peterson admite que “a medida tenha sido uma retaliação”.
Muitas preocupações sobre Angola
“O Governo não gosta da exposição internacional que Rafael faz ao mostrar os problemas de Angola”, acrescenta o director para África do Fundo Nacional para a Democracia, lembrando que o jornalista “certamente terá relatado o que se passa no país nas conversas que manteve aqui em Washington”.
A dois meses das eleições gerais, Dave Peterson manifesta muitas preocupações sobre a situação em Angola.
Apesar de o Presidente José Eduardo dos Santos “deixar o poder após 38 anos”, aquele activista pela democracia diz “não haver muitas expectativas quanto a mudanças no país”.
Peterson lembra que “a oposição não tem muito espaço, há muita perseguição e um défice enorme de liberdade”, em Angola, onde a “corrupção é um enorme problema”.
O Fundo Nacional para a Democracia, segundo seu director para África, vai continuar a acompanhar a situação da democracia em Angola.
Recorde-se que no artigo publicado em Novembro de 2016, Rafael Marques denunciou o negócio alegadamente ilícito de construção de um condomínio residencial num terreno em Porto Amboim, província do Kwanza Sul, com o envolvimento de João Maria de Sousa.
Na verdade, apesar do contrato ter sido assinado, a obra não saiu do papel.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel