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sábado, 11 de novembro de 2017

Sinais de "mudança e esperança" nos media angolanos?

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A exoneração das administrações das empresas públicas de comunicação social e nomeação de novos administradores pelo Presidente João Lourenço suscita um otimismo cauteloso entre quem deseja a mundança em Angola.
fonte: DW África
Symbolbild Zensur Pressefreiheit (picture alliance / Stefan Rupp)
João Lourenço exonerou na quinta-feira (09.11.), por decreto, os conselhos de administração da Televisão Pública de Angola (TPA), Rádio Nacional de Angola (RNA), Edições Novembro (proprietária do Jornal de Angola) e Agência Angola Press (Angop).
No discurso de investidura como terceiro Presidente da República de Angola, João Lourenço prometeu um maior investimento no setor da comunicação social onde, sublinhou, "há muito por fazer”.
Em Luanda as pessoas interrogam-se se essas exonerações são sinais de "mudança e esperança”.
Symbolbild Afrika Presse (picture-alliance/dpa/M. Schmidt)
"É muito cedo para tirar conclusões”. As palavras são do presidente do Instituto para a Comunicação Social da África Austral – MISA Angola. Para Alexandre Neto Solombe, a mudança na administração das empresas de comunicação social angolanas não chega para solucionar os problemas do setor: "Eu prefiro ver para crer, acho que é razoável pensar assim. Nós tivemos 38 anos de exercício de poder por parte do então Presidente José Eduardo dos Santos e muitos dos vícios que se instalaram precisam de medidas de fundo para se alterarem. No decurso do mandato de JES tivemos vários conselhos de administração que passaram pela direção destes órgãos de comunicação social e nada se alterou.”
Nova filosofia para melhor desempenho dos media
Alexandre Solombe não esconde o ceticismo, lembrando que "algumas das pessoas que integram os novos conselhos de administração já faziam parte da estrutura anterior de direção”. O presidente do MISA Angola defende uma nova filosofia para melhorar o desempenho da comunicação social: "Estruturar os órgãos de comunicação de maneira a que eles se tornem autónomos do poder político do ponto de vista da direção administrativa e editorial. Para garantir isto, não é somente ao nível da administração, mas, fundamentalmente, o que João Lourenço tem de fazer é dar liberdade a estas direções. Se fizer isso, eventualmente, poderá ser bem sucedido.”
Angola Journalistin Luísa Rogério (DW/P. Borralho)
Luísa Rogério
Há, no entanto, quem esteja mais otimista em relação às mudanças no setor público da comunicação social. A antiga secretária-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos Luísa Rogério acredita que o momento é encorajador:
"É um sinal de mudança, um sinal de esperança. A indicação de novos nomes para o setor da comunicação social pode realmente trazer o almejado novo paradigma. Sinceramente, não tenho ilusões de que a situação vá mudar de um dia para o outro, até porque muitas das pessoas que foram indicadas são as mesmas que durante muito tempo trabalharam [nesses órgãos] e provavelmente carregam vícios do passado. De qualquer forma, o cenário é encorajador. Há vontade política de introduzir mudanças.”
"Mudanças devem ser profundas"
Mudanças que devem ser profundas, diz a atual presidente da mesa da Assembleia do Sindicato dos Jornalistas angolanos: "Um primeiro passo é separar a gestão administrativa da gestão editorial. É necessário que o partido no poder retire a sua presença direta dos meios de comunicação social e que se mate o fantasma das ordens superiores que, durante muito tempo, existiu na comunicação social angolana. Ordens vindas do partido, da Presidência da República, do Ministério da Comunicação Social.”
Para Luísa Rogério, João Lourenço "lançou um sinal claro de que está interessado em concretizar as promessas que fez no período de campanha”. E a jornalista afirma mesmo que já se notam mudanças nas transmissões da televisão e rádio públicas que, durante muitos anos, considera, fizeram "um jornalismo subserviente”, não refletindo a realidade angolana.
Symbolbild Pressefreiheit (picture-alliance/ZB/J. Büttner)
Alexandre Solombe, por sua vez, classifica como "um bom sinal” a decisão de João Lourenço de desmantelar o Gabinete de Revitalização e Execução da Comunicação Institucional e Marketing da Administração (GRECIMA), órgão que desde 2012 era responsável pela imagem comunicacional do Governo de Angola. Mas avisa que não se vai contentar com pouco: "O que aconteceu foi que o poder esquizofrénico de José Eduardo dos Santos fez as coisas regredir a um ponto tal – do qual João Lourenço vai partir – e eu não tenho que me regozijar com isso, porque isto já tinha sido adquirido. Nós retrocedemos. Não posso fazer festa com mínimos que estão a ser colocados por João Lourenço. Já devia ter sido feita muita coisa, não me peçam para bater palmas. Estamos a repor aquilo que é mínimo e que já tínhamos alcançado nos anos idos.”

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Samuel

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