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sexta-feira, 16 de março de 2018

Robert Mugabe: Presidência de Emmerson Mnangagwa no Zimbabué é "ilegal".

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Na primeira entrevista desde que renunciou à Presidência do Zimbabué, Mugabe diz que foi vítima de um golpe de Estado e afirma que se sente traído pelo sucessor, Emmerson Mnangagwa.
fonte: DW África
Simbabwe Robert Mugabe 2017, Präsident (picture-alliance/AP Photo/B. Curtis)
O ex-Presidente zimbabueano, Robert Mugabe, concedeu, esta quinta-feira (15.03), a primeira entrevista desde a sua renúncia. Falando à emissora sul-africana SABC, em Harare, Mugabe disse que foi vítima de um golpe de Estado em novembro do ano passado, o que tornaria ilegal o Governo do seu sucessor, o Presidente Emmerson Mnangagwa.
"Ele nunca teria assumido a Presidência do país sem o Exército, foi o Exército que o ajudou”, frisa Mugabe. "Os militares asseguraram-se de que os outros órgãos do Estado fossem neutralizados, completamente neutralizados”.
Robert Mugabe, de 94 anos de idade, permaneceu por 37 anos no poder. O ex-líder zimbabueano não esquece que foi ele quem levou Mnangagwa ao Governo: "Nunca pensei que Emmerson Mnangagwa, que eu criei e levei ao Governo, tornar-se-ia um dia o homem que iria se virar contra mim".
Davos WEF Emmerson Mnangagwa zu Wahlen Simbabwe
Emmerson Mnangagwa no Fórum Económico Mundial em Davos, na Suíça
Segundo o ex-Presidente, para quem a chegada de Emmerson Mnangagwa ao poder é ilegal, o país precisa respeitar as leis. "Devemos desfazer essa desgraça que impusemos a nós mesmos, nós não merecemos isso”, afirma. "O Zimbabué não merece isso, queremos ser um país constitucional. Podemos ter os nossos problemas aqui e ali, mas, em geral, devemos obedecer à lei".
Mugabe frisou, no entanto, que não odeia o seu sucessor, mas insistiu que não iria trabalhar com ele, sugerindo que a sua Presidência é "ilegal" e "inconstitucional": "As pessoas têm de ser escolhidas para o Governo da maneira certa. Estou disposto a discutir e a apoiar esse processo - mas tenho de ser convidado".
Estratégia da oposição?
A entrevista concedida por Robert Mugabe, segundo analistas, foi organizada pela nova Frente Patriótica Nacional (NPF), partido que visa derrotar Emmerson Mnangagwa nas próximas eleições, previstas para agosto. Recentemente, Mugabe, ex-líder do partido do Governo, o ZANU-PF, encontrou-se com o presidente do partido da oposição, o general reformado Ambrose Mutinhiri.
Mugabe renunciou ao poder a 21 de novembro do ano passado. A renúncia foi forçada pelas Forças Armadas, que tomaram o controlo do país e mantiveram a família do ex-Presidente presa dentro de casa por vários dias.
Entretanto, os militares negaram ter conduzido um golpe de Estado, alegando que realizaram uma operação contra corruptos ligados ao ex-líder, algo que é interpretado como uma referência à Grace Mugabe e seus aliados.
A operação militar ocorreu poucos dias depois de Robert Mugabe ter destituído Mnangagwa da vice-Presidência. Veterano de guerra com forte apoio dentro do partido do Governo, Emmerson Mnangagwa tinha entrado em choque com as ambições políticas de Grace Mugabe.
Apesar de ter sido mantido recluso pelos militares e de contar com a oposição da população, Mugabe negou-se a renunciar e só cedeu depois que o seu partido iniciou uma moção de censura contra ele.
O Zimbabué já foi uma das economias mais promissoras de África, mas sofreu décadas de declínio. Desde que assumiu o poder, Mnangagwa prometeu abrir o país ao investimento estrangeiro e reatar laços com a comunidade internacional.

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Samuel

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