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segunda-feira, 23 de abril de 2018

BRASIL: JOAQUIM BARBOSA NA PRESIDÊNCIA SERIA UMA CONQUISTA PARA OS NEGROS?

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A eleição de Joaquim Barbosa seria uma vitória para os negros no Brasil? A provável entrada do ex-ministro do STF na disputa presidencial joga no ar a dúvida se a sua chegada ao poder implicaria em medidas efetivas pela igualdade racial.
A provável entrada de Joaquim Barbosa na disputa presidencial joga no ar a dúvida se a sua vitória implicaria em medidas efetivas pela igualdade racial.
Tirando o fator simbólico de um negro ocupar pela primeira vez a presidência da República após a redemocratização – Nilo Peçanhapresidente de 1909 a 1910, foi o único negro a comandar o pais –, não há indícios de que Joaquim Barbosa faria um governo comprometido em diminuir os abismos sociais provocados pela estrutura racista que formou o Brasil.
Nomeado ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) em 2003, pelo então presidente Lula, JB carrega algumas credenciais que o habilitam a encher de esperança os eleitores desavisados. De família pobre, fez carreira no Ministério Público e na área acadêmica antes de se tornar o primeiro presidente do Supremo negro.
É autor do livro “Ação afirmativa & princípio constitucional da igualdade”, no qual analisa aspectos jurídicos e filosóficos das ações afirmativas nos Estados Unidos. Em 2012, no STF, votou a favor da constitucionalidade das cotas raciais em uma ação do partido Democratascontra o mecanismo de inserção de negros no ensino universitário.
Durante uma entrevista ao risonho Roberto D’Avila, admitiu que quando criança chorou por sofrer racismo e refutou a insinuação do entrevistador de que no Brasil a discriminação social prevalece sobre a racial.
Um olhar mais acurado sobre essas questões revela que JB está longe de ser um defensor intransigente da causa negra. No episódio da votação da legalidade das cotas, seu voto foi igual ao dos companheiros do STF, todos brancos.
Embora tenha dissertado para Roberto D’Avila a respeito da existência do racismo estrutural, se esquivou da ideia de que sua nomeação no STF tenha sido uma forma de lutar contra o racismo.
Não acho que eu tenha vindo pra cá (STF) para combater o racismo. Eu sempre achei que a minha presença aqui contribuiria para desracializar o Brasil, desracializar as relações, espero no dia em que sair daqui os presidentes saibam escolher bem as pessoas pra cá e escolham os negros com naturalidade”, disse JB na entrevista de 2014, assumindo um discurso que não soaria estranho na boca do Fernando Holiday, se o vereador anticotas fosse mais elegante com as palavras.
Frequentador do Twitter, JB andou dando umas alfinetadas em Michel Temer e pitacos sobre política internacional, mas não gastou caracteres para falar do extermínio de jovens negros.
Episódios recentes como a morte da vereadora Marielle Franco e o assassinato de cinco jovens em Maricá (RJ) passaram em branco.
A última coisa de que a causa negra precisa é do silêncio sobre esses casos. Silenciar-se tendo uma tribuna para se expressar, como JB tem, é tomar uma posição no debate político. Neste caso, a posição não suscita movimentos no sentido de conter a exclusão provocada pela cor.
Tão séria quanto o mutismo frente ao caso Marielle foi a afirmação do ex-ministro em relação à implantação de cotas no Judiciário.
Não sei e estou de saída. Es ist mir ganz egal (em alemão, ‘para mim tanto faz’)”, disse a jornalistas nos tempos do STF, que o questionaram após o Censo do Judiciário revelar que apenas 1,4% dos magistrados do país se declara negro.
JB pode até usar as artimanhas do marketing político para minimizar esta afirmação e ganhar um verniz ativista que nunca teve, caso entre na disputa pela presidência. Mas o que disse ou deixou de dizer está lá, registrado para quem quiser ver.

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Depois de chamar Joaquim Barbosa de 'negro de primeira linha', Luís Roberto Barroso admitiu que a declaração foi infeliz e pediu desculpas

Barroso pede desculpas Joaquim Barbosa negro primeira linha
Joaquim Barbosa e Luís Roberto Barroso
O ministro do STF Luís Roberto Barroso pediu desculpas nesta quinta-feira (8) por ter chamado o ex-presidente da Corte Joaquim Barbosa de “negro de primeira linha”, na véspera, em cerimônia de inauguração da foto de Barbosa na galeria de ex-presidentes do tribunal. Barroso alegou que a declaração foi “infeliz”.
“Gostaria de pedir desculpas às pessoas a quem possa ter ofendido ou magoado com essa afirmação infeliz. Gostaria de pedir desculpas, sobretudo, se, involuntária e inconscientemente, tiver reforçado um estereótipo racista que passei a vida tentando combater e derrotar”, disse o ministro.
Barroso pediu a palavra logo na abertura da sessão de julgamentos desta quinta, para comentar sobre a declaração. “Primeira linha se referia, como intuitivo, a acadêmico. E a referência a negro era para celebrar uma pessoa que havia rompido o cerco da subalternidade, chegando ao topo da vida acadêmica.”
“Contudo, manifestei-me de um modo infeliz e utilizei a expressão ‘negro de primeira linha’. Não há brancos ou negros de primeira linha porque as pessoas são todas iguais em dignidade e direitos sendo merecedores do mesmo respeito e consideração”, completou Barroso.
No dia anterior, na tentativa de fazer um elogio, Barroso falou sobre Barbosa como “negro de primeira linha”. “A universidade (Uerj) teve o prazer e a honra de receber um professor negro, um negro de primeira linha vindo de um doutorado de Paris”
Barroso também tinha enfatizado a importância de Barbosa como relator da Ação Penal 470, o chamado mensalão, e a presença do nome do ex-colega de Corte entre possíveis candidatos à presidência. “Demonstra que a nação brasileira reconhece que Vossa Excelência, tanto no plano simbólico como no real, saiu de Paracatu em Minas para virar um exemplo”, apontou o ministro.

Diretas Já e Eleições 2018

Em declarações feitas após a cerimônia de colocação de retrato na galeria de ex-presidentes do STF, nesta semana, Joaquim Barbosa admitiu a possibilidade de se candidatar à presidência em 2018, mas destacou que “ainda hesita” nesta questão.
“Eu sou um cidadão brasileiro, um cidadão pleno, há três anos livre das amarras de cargos públicos, mas sou um observador atento da vida brasileira. Portanto, a decisão de me candidatar ou não está na minha esfera de deliberação. Só que eu sou muito hesitante em relação a isso. Não sei se decidirei positivamente neste sentido”, apontou.
O ex-ministro comentou que conversou com líderes de dois ou três partidos políticos, mas que não chegou a fazer compromisso com nenhum partido. “Ano passado, tive conversas com Marina Silva. Mais recentemente, tive conversas, troca de impressões, com a direção do PSB”, contou. “Mas nada de concreto em termos de oferta de legenda para candidatura, mesmo porque eu não sei se eu decidiria dar este passo. Eu hesito.”
Para Joaquim Barbosa, “a falta de liderança política” e de “pessoas realmente vinculadas ao interesse público” têm feito com que “o país vá se desintegrando”. Ele defendeu a realização de eleição direta em caso de vacância da presidência da República.
“Veja bem, a Constituição brasileira prevê eleição indireta. Mas eu não vejo tabu de modificar Constituição em situação emergencial como esta para se dar a palavra ao povo. Em democracia, isso é que é feito”, comentou. “Eu acho que o momento é muito grave. Caso ocorra a vacância da Presidência da República, a decisão correta é essa: convocar o povo.”
Barbosa frisou, inclusive, que a eleição direta deveria ter sido realizada logo após a saída de Dilma Rousseff do poder. “Deveria ter sido tomada essa decisão há mais de um ano atrás [sic], mas os interesses partidários e o jogo econômico é muito forte e não permite que essa decisão seja tomada. Ou seja, quem tomou o poder não quer largar. Os interesses maiores do país são deixados em segundo plano”, alertou o ex-ministro.

fonte: bambaramdipadida.blogspot.com

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Samuel

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