Sílvia Lutucuta, ministra da Saúde de Angola, revelou hoje que o aleitamento materno exclusivo até ao sexto mês abrange apenas 38% das nossas crianças, percentagem igual à afectada pela “desnutrição crónica leve e moderada” em menores de cinco anos. Nada de novo. Quando se passará das palavras à acção? Quarenta e três anos de governação não chegam?
“Precisamos de inverter este cenário em benefício das nossas crianças e mães. Promover a prática do aleitamento materno insere-se nos esforços do Governo para a redução da mortalidade materna e infantil e melhoria da qualidade dos serviços”, disse Sílvia Lutucuta.
Discursando hoje na cerimónia de abertura da Semana Mundial da Amamentação, que decorre até 8 de Agosto, em Luanda, a governante defendeu ainda o resgate da cultura do aleitamento materno, solicitando o concurso das famílias e profissionais do sector.
“A questão hoje é resgatarmos esta cultura, que é nossa, agregando a mais-valia do aleitamento materno exclusivo, oferecer o leite materno na primeira hora após o nascimento e exclusivo até ao sexto mês de vida sem nenhum outro alimento. Se possível, continuar até aos dois anos”, apelou.
Segundo a ministra da Saúde, as unidades de saúde “precisam de criar um ambiente favorável” ao aleitamento materno e cumprir os 10 passos da “Iniciativa de Unidade de Saúde Amigo da Criança”.
Para a governante, cabe aos profissionais de saúde “promover, estimular e orientar de forma adequada” a alimentação da mãe e da criança, desde a consulta pré-natal, no parto, no pós-parto e em todos os contactos da mãe e da criança no sistema de saúde.
Sílvia Lutucuta acrescentou que é “urgente” que se incremente a sensibilização sobre a promoção do aleitamento materno nas unidades sanitárias, nos mercados, entre adolescentes e jovens para que se possa “reverter a situação de desnutrição crónica leve e moderada” em crianças menores de cinco anos, cuja taxa se situa actualmente nos 38%.
De acordo com Sílvia Lutucuta o novo “Caderno de Saúde da Mãe e da Criança”, da autoria do Ministério, “é um instrumento chave” que irá permitir reforçar a prática do aleitamento materno, a vacinação de rotina, acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança.
Nada novo, tudo de novo
Ainfância é um período de crescimento e desenvolvimento rápido por isso é necessário que os bebés façam as consultas e exames periódicos para se detectar diversas doenças precocemente defendeu no dia 12 de Setembro de 2017, em Luanda, a médica pediatra Elisa Gaspar. Se este conselho se aplicasse em Angola não estaríamos na liderança mundial da mortalidade infantil.
Ao falar no programa “Sua manhã” da TPA (Televisão Privada do MPLA), a médica referiu que a primeira consulta do bebé deve ser feita o mais cedo possível, de preferência durante a primeira semana após a alta da maternidade.
Entre o quarto e o sétimo dia de vida, o bebé deve ser levado à sua unidade de saúde para fazer o teste do pezinho (rastreio neonatal do hipotiroidismo, insuficiência de funcionamento da glândula tireóide ou conjunto de perturbações provocadas pelo funcionamento insuficiente).
Segundo a especialista, as vacinas também são importantes no seu crescimento para evitar diversas doenças infecciosas.
“As vacinas BCG e anti-hepatite B não devem ser dispensados e as consultas servem para se supervisionar tudo isso, bem como prevenir precocemente os problemas de saúde, e o calendário de vacinas serve de guião para o seu controlo”, assegurou.
Por outro lado, aconselhou as mães a amamentarem logo ao nascerem, porque o leite pós-nascimento (colostro) os protege de várias doenças.
Fez saber ainda que o colostro é um fluído amarelado e quase transparente, produzido antes do leite materno, e deve ser dado ao bebé o mais cedo possível.
Segundo a pediatra, trata-se de um líquido rico em proteínas, água e gorduras essenciais, nutricionalmente adaptado às necessidades do recém-nascido.
A pediatra salientou que este líquido reforça o sistema imunitário do recém-nascido, pois o colostro está repleto de anticorpos produzidos pela mãe, que transmitem ao bebé a informação sobre todos os microorganismos com os quais ela entrou em contacto durante toda a sua vida, protegendo, assim, o seu recém-nascido.
De acordo com Elisa Gaspar, o aparelho digestivo do bebé não está preparado para receber outros alimentos, reforçando-as a dar de mamar exclusivamente o leite materno até aos seis meses e depois continuado até os dois anos com introdução de outros alimentos.
Por cada mil nados vivos em Angola, morrem 156 crianças até aos cinco anos, de acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde. Esta é mais uma medalha de mérito no peito (já de si atestado de medalhas semelhantes) de sua majestade o rei de Angola, José Eduardo dos Santos, e que assim vai continuar com João Lourenço.
Angola aparece assim, e com todo o mérito, na topo da tabela mortalidade infantil mundial e foi o país com a segunda mais baixa esperança de vida em 2015. Coisa pouca, não é senhores donos disto tudo, senhores que estão no poder há quase 43 anos, senhores que levam as filhas a parir nos EUA?
Folha 8 com Lusa
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Samuel