A primeira volta da eleição presidencial no Madagáscar está prevista para 7 de novembro. O ex-Presidente da transição, Andry Rajoelina, foi o primeiro a entregar o seu "dossier" de candidatura.
fonte: DW África
As duas voltas das eleições presidenciais no Madagáscar terão lugar a 7 de novembro e 19 de dezembro, segundo anunciou em finais de junho o primeiro-ministro do país, Christian Ntsay, altura em que foram encerradas várias semanas de especulações sobre as eleições.
Para Ntsay, nomeado em junho e com a missão de conduzir o país sem problemas até as eleições, "a divulgação destas datas é uma maneira de fortalecer o apaziguamento político e levar-nos a uma real eleição que resolva o problema do Madagáscar".
O país, localizado no oceano Índico, foi abalado no final de abril por uma crise aberta entre o Presidente, Hery Rajaonarimampianina, e a oposição.
A crise parece ter acalmado com a formação, em meados de junho, de um Governo de consenso, no qual a oposição tem participação.
O Presidente Rajaonarimampianina, eleito em 2013, ainda não anunciou se vai concorrer a um segundo mandato, mas Andry Rajoelina, de 44 anos de idade e chefe do Estado malgaxe de 2009 a 2013, já apresentou oficialmente a sua candidatura.
Recorde-se que Rajoelina, chegou ao poder na sequência de uma revolta do exército que derrubou o então chefe de Estado Marc Ravalomanana, tendo permanecido no poder como Presidente não eleito de uma transição que durou quatro anos. Em seguida Andry Rajoelina cedeu o poder a Hery Rajaonarimampianina, na sequência de uma eleição presidencial onde não conseguiu apresentar-se como candidato devido a pressões da comunidade internacional.
Numa entrevista exclusiva concedida à secção francesa DW África na terça-feira (07.08.) Andry Rajoelina fez o seguinte retrato do país:
"Uma corrupção generalizada, uma inflação não controlada e uma grande insegurança em todo o território margaxe. Face a tudo isso, considerei que é um dever, como cidadão deste país, apresentar uma solução visando a estabilidade e o desenvolvimento do país".
DW África: Mas será que não lamenta ter cedido o poder em 2013?
Andry Rajoelina (AR): O importante para mim é que a paz e a estabilidade reinem no país. Em 2013 não queria que confrontos tivessem lugar no país e por esta razão, com base nos supremos interesses da nação malgaxe, não me apresentei como candidato à eleição presidencial.
DW África: E quais são as suas chances de vir a ser eleito em novembro?
AR: Enquanto antigo edil de Antananarivo (capital do Madagáscar), há uma coisa que nunca irei esquecer. Em 2007, quando fui candidato para dirigir os destinos da capital malgaxe, a população elegeu-me com 70% dos votos e foi um recorde quando analisamos os resultados de todas as eleições municipais que já tiveram lugar nesse país. Sinto-me bem preparado e aconselhado e estou prontos para este embate eleitoral.
DW África: Pensa vencer os outros candidatos já na primeira volta do escrutínio?
AR: Compete à população deste país fazer a escolha. Mas já participei em muitas eleições e conheço muito bem os meus valores.
DW África: E quais são?
AR: A lealdade perante a juventude, para além de outros valores e convicções que visam servir a nação malgaxe e a sua população.
DW África: Na cerimónia na qual anunciou a sua candidatura, repetiu e por várias vezes que Rajoelina mudou. Pode dizer-nos em quê mudou?
AR: Aprendi muito com o passar dos anos. Em primeiro lugar mudei a minha forma de fazer política, a minha forma de ver o futuro de Madagáscar.
DW África: E como responde às pessoas que o consideram como um candidato da França?
AR: Não sou candidato de nenhum país. Trabalho com todas as pessoas, incluindo as grandes potências.
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Samuel