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quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

“Fala português!”, dizem professores para alunos brasileiros, africanos e timorenses

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

“Choque de culturas”, “casos de discriminação”, “não aceitação da Língua Portuguesa falada e escrita” por estudantes lusófonos”, “falta de sensibilização dos professores” - são algumas das conclusões de um estudo da investigadora científica do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) e Instituto de Geografia e Ordenamento do Território (IGOT) da Universidade de Lisboa.


Juliana Chatti Iorio, uma brasileira a viver em Portugal há 20 anos, admite que “muita coisa tem sido feita para atrair os estudantes internacionais”, mas alerta para a falta de preparação das universidades para o actual 'boom' de alunos estrangeiros que já são a maioria em alguns cursos.
Num artigo intitulado “O acolhimento de estudantes internacionais: brasileiros e timorenses em Portugal”, publicado na Revista Interdisciplinar da Mobilidade Humana, do Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios (CSEM), em co-autoria com Silvia Garcia Nogueira (Universidade Estadual da Paraíba, Brasil), Juliana Chantti disse, numa entrevista à agência Lusa, que não ficou “surpreendida” com os resultados dos estudos.
“Quando entrei para o mestrado, em 2003, havia cinco estrangeiros na minha sala. Era outra realidade. Hoje, há cursos em Portugal que têm mais estudantes estrangeiros do que portugueses e eu penso que muitas faculdades ou institutos não estavam preparadas para isso”, afirmou. A investigadora considera que estas instituições “não estavam preparadas para receber esse 'boom' de estudantes internacionais e, como tal, o acolhimento fica a desejar”.
Culturas inferiorizadas
“Não me refiro só à logística, mas sobretudo à compreensão das diferentes culturas que pretendem receber. Se estão abertas para receberem estudantes de diferentes culturas, os professores, funcionários, enfim, a comunidade docente e discente tem que estar aberta para conhecer e procurar entender estas diferentes culturas”, defendeu.
A investigadora mostra-se especialmente preocupada com as relações humanas entre os estudantes estrangeiros e os professores, destacando que “o choque de culturas acaba por ser um problema, uma vez que muitos funcionários e professores não conhecem a cultura desses alunos e muitos desses alunos também não conhecem a cultura em Portugal”.
No artigo lê-se que “a não aceitação da Língua Portuguesa falada e escrita por esses estudantes, bem como os casos de discriminação sofridos em sala de aula por parte de alguns professores, evidenciou que ainda muito trabalho deverá ser feito para desconstruir a representação de que o português é imune ao racismo e possui uma predisposição para o convívio com outros povos e culturas”.
O “complexo” da Metrópole
A investigadora explica que, à chegada, os alunos brasileiros depararam-se com algumas dificuldades que não estavam à espera, nomeadamente, ao nível da compreensão do Português.
“Muitas vezes, os próprios professores não aceitam a Língua Portuguesa falada e escrita no Brasil, discriminando mesmo o seu uso em sala de aula e não permitindo o uso de livros cuja tradução seja feita no Brasil”, disse.
Nesse sentido, prosseguiu, “a discriminação é notada, quando um professor se vira para um aluno brasileiro e diz, por exemplo, 'fala Português!' ou quando um professor diz que as traduções feitas por editoras brasileiras não têm qualidade”.
“Portugal não dá o devido valor à Língua Portuguesa a partir do momento em que permite o uso do inglês em sala de aula, que não luta pela afirmação da quinta língua mais falada no mundo e a partir do momento em que possui muito mais ferramentas em inglês para acolher os estudantes Erasmus do que para acolher os estudantes lusófonos”, considerou.
E, acrescentou, “ainda age como se fosse a 'metrópole' a ditar as regras do uso da Língua Portuguesa às suas 'colónias', quando inferioriza a maneira como a Língua Portuguesa é utilizada pelos outros países lusófonos”.
Mais sensibilização
No artigo lê-se que “ainda há muito a ser feito, como uma maior atenção às dificuldades de brasileiros e timorenses com o Português de Portugal”.
A investigadora propõe “mais sensibilização dos professores para com os estudantes provenientes de sistemas educacionais distintos, maior divulgação dos serviços disponíveis pelas universidades aos estrangeiros e apoio efectivo e afectivo na chegada ao país de destino”.
E mostrou o que considera um bom exemplo: “Algumas (universidades) já têm núcleos de estudantes internacionais (muitas vezes, núcleos de estudantes brasileiros, africanos, etc), os departamentos de relações internacionais começam a estar mais preparados para dar repostas, sobretudo as que tangem às burocracias exigidas aos estudantes que vêm de outros países”.
Vistos de estudante facilitados
Autorizações de residência mais rápidas, dispensa de entrega de documentos ou redução do valor comprovativo de meios de subsistência: eis as principais mudanças em vigor e que pretendem agilizar e acelerar o processo de atribuição de vistos de estudantes a estrangeiros.
O número de estudantes oriundos de outros países duplicou em Portugal na última década: são já 50 mil e representam 13% do total de alunos do ensino superior, de acordo com dados presentes na Portaria n. º 111/2019, que introduz as principais mudanças. Esta é umas das medidas previstas na iniciativa “Simplex+”, no âmbito da “via rápida para estudantes estrangeiros em Portugal”. Foi também criada uma comissão de articulação entre as áreas governativas dos Negócios Estrangeiros, Administração Interna e Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, que contam com um membro de cada pasta para acompanhar o processo.
Desde Maio, a partir da entrada em vigor da portaria - a 11 de Maio de 2019 - o prazo para a concessão do Visto ou Autorização de Residência passa a ser 30 dias. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) deve emitir o parecer prévio obrigatório no prazo de 15 dias.
É dispensada a apresentação de documentos previstos no nº 5 do artigo 62 da lei 23/2007 (o estudante ter a idade mínima e não exceder a idade máxima fixadas por portaria conjunta dos Ministros da Administração Interna e da Educação e ter alojamento assegurado).
A nova portaria estabelece que o valor a ser comprovado como meio de subsistência seja reduzido para metade (50%), caso a inscrição do estudante seja feita numa instituição situada num município de baixa densidade.
As universidades e outras instituições, a Direcção Geral do Ensino Superior e a Direcção Geral dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas vão trabalhar em proximidade e vão fazer o cruzamento de dados: para tornar o processo de autorização de residência mais rápido e evitar a emissão de vistos a quem não está matriculado num curso superior.
Mais de 11 por cento sai de Angola
Para muitos estudantes estrangeiros, o mais difícil, quando se opta por Portugal, é o idioma. De resto, o País é tido como destino económico, a educação é considerada de excelência e os portugueses são avaliados como mestres nas boas-vindas.
Acreditam que é exactamente por isso que o número de estudantes estrangeiros - estatuto que ocupam - tem aumentado nas universidades portuguesas. Só este ano, subiu cerca de 40% face ao período homólogo. De acordo com dados do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES), já são cerca de 50 mil no total, quase mais 40 mil desde o início do milénio (12 717).
Por outro lado, de acordo com o último Inquérito ao Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (RAIDES), realizado pela Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC) - que ainda não inclui os dados de 2018/2019 (são já 50 mil os estudantes estrangeiros inscritos) -, Portugal recebeu 44.485 alunos no ano lectivo de 2017/2018.
Mais de metade (28.122) faz parte do grupo que completou o ensino secundário no estrangeiro e decidiu obter um diploma em Portugal (Mobilidade de grau). Comparando com o ano anterior, verificou-se um aumento de 26,7% destes alunos, que, no ano passado, já representavam 7,5% do total dos inscritos no ensino superior.
Na sua maioria, são mulheres (51,6%) e são oriundos do Brasil (39%), Angola (11,4%), Cabo Verde (9,3%) e França. São estudantes que chegam à procura de formação nas áreas das “Ciências empresariais, administração e direito” (23,9%) e da “Engenharia, indústrias transformadoras e construção” (20,4%).
Oito em cada dez inscreveram-se numa instituição pública, sendo que 77,6% do total optou por uma universidade em detrimento de um politécnico. No entanto, os politécnicos têm vindo a registar um grande aumento de estrangeiros: no ano lectivo de 2016/2017 eram 4.809 estudantes e no ano passado já ultrapassavam os seis mil (6.306).
A Área Metropolitana de Lisboa é a que acolhe mais estudantes (37,2%), sendo que, em 2017, a região do Algarve destacou-se ao quase duplicar o número de alunos em dois anos, passando de 350 alunos para 592. A maioria dos alunos inscreveu-se numa licenciatura 1.º ciclo (10.025) e de mestrado 2.º ciclo (8.260).
fonte: jornaldeangola

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Samuel

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