Juan Carlos ocupou o trono espanhol por quase 40 anos
Duas semanas depois, chega ao fim o mistério. A Casa Real da Espanha confirmou nesta segunda-feira (17/08) o paradeiro do rei emérito Juan Carlos: o monarca desembarcou nos Emirados Árabes Unidos no último dia 3, e desde então permanece no país.
A revelação finalmente encerra uma onda de especulações internacionais em torno do paradeiro do rei emérito, de 82 anos de idade, que ocupou o trono entre 1975 e 2014.
Em 3 de agosto, a Casa Real comunicou que Juan Carlos deixaria a Espanha após ser alvo de uma investigação de promotores suíços e da Justiça espanhola por corrupção.
As autoridades dos dois países investigam a origem de 100 milhões de dólares que o monarca teria recebido ilegalmente da Arábia Saudita, depositados em 2008 em uma conta na Suíça.
Em junho, o Supremo Tribunal espanhol abriu um inquérito para avaliar a responsabilidade de Juan Carlos em uma ação iniciada em 2018, quando gravações atribuídas à sua ex-amante Corinna Larsen asseguravam que o então rei da Espanha teria cobrado uma comissão pela concessão de um contrato para a construção de uma rede ferroviária de alta velocidade. Larsen teria sido utilizada como "laranja" de Juan Carlos na transação.
Após grande repercussão do caso, o monarca informou que deixaria o país em carta enviada ao seu filho, o rei Felipe 6º. No texto, ele afirma que tomou a decisão para facilitar o exercício das funções do atual rei e possibilitar a "tranquilidade e sossego que requer sua alta responsabilidade". "Meu legado, minha própria dignidade como pessoa assim o exigem", escreveu.
Desde a notícia de sua partida, vários destinos possíveis foram cogitados, inclusive República Dominicana e Portugal. Dias depois, a imprensa espanhola publicou uma fotografia dele no aeroporto de Abu Dhabi, capital dos Emirados Árabes Unidos.
Mas nem a Casa Real espanhola, nem o governo, nem o advogado do rei confirmaram na época seu paradeiro. Fontes da família real apontaram que caberia ao rei emérito decidir quando seu destino seria comunicado.
O escândalo de corrupção fez com que Felipe se distanciasse de seu pai, renegando sua herança e cancelando em março deste ano a pensão fornecida pelo Estado, apesar de preservar-lhe o título de rei e mantê-lo como membro da família real. O distanciamento levou ao fim das aparições públicas, com os encontros entre pai e filho se resumindo a apenas algumas reuniões familiares.
Desde sua abdicação em 2014, Juan Carlos evitou manter uma vida pública intensa, com algumas aparições em partidas de futebol das equipes de Madri ou em grandes prêmios de Fórmula 1.
Com problemas cada vez maiores de mobilidade, o rei emérito se submeteu também a uma cirurgia cardíaca em agosto de 2019.
Ele foi visto em público pela última vez no dia 16 de junho, quando compareceu a uma clínica médica em Madri para fazer exames de rotina usando uma máscara de proteção.
A decisão do rei emérito de morar fora do país, no entanto, não mudou a situação de sua esposa, a rainha Sofia, que manteve residência no Palácio da Zarzuela, em Madri, e as atividades institucionais.
A mãe do atual rei foi deixada de fora das controvérsias envolvendo o marido por não ter nenhuma relação com os supostos negócios dos quais Juan Carlos teria participado, informaram fontes da Casa Real espanhola no início de agosto.
Juan Carlos e Sofia estão afastados há vários anos, embora tenham continuado a viver em Zarzuela como membros da família real após a abdicação dele em favor do filho.
EK/afp/efe/rtr
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Samuel