Na véspera do seu centésimo dia na Casa Branca, Joe Biden apresentou um Plano para as Famílias Americanas de 1,8 trilhões de dólares e alertou sobre terrorismo em África
O Presidente dos Estados Unidos Joe Biden regressou na quarta-feira, 28, à noite ao edifício do Congresso, onde durante mais de três décadas trabalhou como senador, para agora como Presidente apresentar um ambicioso plano de benefícios sociais sem precedente, que ele disse ser prova que o Governo “pode produzir resultados para o povo”.
O plano, avaliado em 1,8 triliões de dólares, prevê, entre outras coisas, ensino pré-escolar gratuito para crianças entre os três e quatro anos de idade e ensino gratuito nos chamados “colégios comunitários”, instituições que fornecem ensino pós-secundário e podem dar acesso às universidades com crédito por disciplinas feitas nesses colégios.
O plano prolonga também até 2025 um crédito fiscal por cada criança, alargado após o começo da pandemia da Covid-19, que propõe pagamentos mensais para casais de baixo rendimento em cerca de 300 dólares por criança.
O plano apresentado por Biden é, segundo analistas, a maior reforma do sistema de segurança social dos Estados Unidos desde a década dos anos de 1960.
“Temos que provar que a democracia ainda funciona, que o nosso Governo ainda funciona e pode produzir resultados para o povo”, disse Biden.
A Casa Branca afirmou que o programa será financiado através de um aumento de impostos a vários níveis, incluindo para casais que em conjunto ganhem mais de 400 mil dólares anuais.
Covid esvaziou a sala onde Biden falou
O discurso foi marcado pelo facto de que contrário do que é costume quando 1.600 pessoas estão presentes na sessão conjunta das duas câmaras do Congresso, apenas cerca de 200 receberam convites devido às medidas de prevenção contra o coronavírus.
Apenas dois membros do Governo estiveram presentes e, ao contrário do costume, onde todos os nove juízes do Supremo Tribunal assistem ao discurso apenas o juiz-presidente John Roberts esteve presente.
O edifício encontrava-se também isolado por fortes medidas de segurança, incluindo membros da força paramilitar da Guarda Nacional.
Esta foi também a primeira vez na história em que por detrás do Presidente se encontravam duas mulheres, nomeadamente a vice-presidente, Kamala Harris, e a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi.
Joe Biden referiu-se ao facto afirmando, no meio de aplausos, que nunca nenhum Presidente tinha começado um discurso ao afirmar “Senhora vice-presidente, Senhora presidente da Câmara”.
Plano americano de empregos
No seu discurso, o Presidente abordou também o seu Plano Americano de Empregos de 2,3 trilhões de dólares anunciado o mês passado e que visa investir am infraestruturas como transportes públicos, caminhos-de-ferro, aeroportos, estradas, pontes, sistemas de internet de banda larga, hospitais, centros de cuidados infantis e combate às disparidades raciais, “o maior plano de empregos desde a Segunda Guerra Mundial”, segundo ele.
Este programa seria pago através de um aumento de impostos às empresas de 21% para 28%.
Antes, o Senado americano tinha já aprovado um outro programa económico de combate aos efeitos da pandemia de Covid-19 de 1,9 trilhões de dólares, elevando assim para 6 trilhões de dólares o valor dos projectos económicos que reflectem o seu desejo de dar ao Governo federal um papel que teve durante a década de 1930 no combate à Grande Depressão e na década de 1960.
Combate à Covid
No seu discurso, o Presidente Biden sublinhou os esforços do seu Governo para combater a pandemia do coronavírus.
“Estamos a vacinar a nação. Estamos a criar centenas de milhares de empregos. Estamos a fornecer resultados reais que as pessoas podem ver e sentir nas suas próprias vidas, abrindo as portas da oportunidade e garantido igualdade e justiça”, disse o Presidente que apelou aos americanos para se vacinarem.
Biden afirmou que “o progresso alcançado nos últimos 100 dias contra uma das piores pandemias na história é uma das grandes vitórias logísticas que o nosso país já testemunhou”.
“A América está em marcha de novo, transformado perigo em possibilidades, crise em oportunidade, recuos em força”, acrescentou Biden.
O Presidente americano fez notar no seu discurso que o Fundo Monetário Internacional estima que a economia americana vai crescer 6% este ano, “o ritmo mais rápido de crescimento neste país em quase quatro décadas”
“A América está a movimentar-se, a avançar e não podemos parar agora”, reforçou.
Aviso à China e à Rússia
No que diz respeito à política externa Joe Biden disse que os Estados Unidos têm que “liderar com os nossos aliados”.
“Nenhuma nação pode fazer face a todas as crises da nossa era por si só, desde o terrorismo, à proliferação nuclear, as migrações em massa, ciber-segurança, mudanças climáticas e com aquilo que nós atravessamos agora , a pandemia”, disse Biden, quem revelou ter dito ao “Presidente Xi (da China) que vamos manter uma presença militar forte no indo-pacífico, tal como fazemos com a NATO na Europa não para começar conflitos mas para impedir conflitos”.
“A América não vai fugir ao seu empenho para com os direitos humanos e liberdades fundamentais”, avisou o Presidente.
“No que diz respeito à Rússia, eu tornei claro ao Presidente Putin (da Rússia) que embora não queiramos uma escalada, as suas acções têm consequências”, disse para acrescentar que no entanto os dois países podem cooperar “quando isso é do interesse mútuo”.
O Presidente descreveu os programas nucleares do Irão e Coreia do Norte como “uma ameaça grave à segurança da América e do mundo”, mas não fez qualquer referência às negociações a decorrerem em Viena com o Irão.
Joe Biden defendeu a sua decisão de retirar tropas do Afeganistão mas frisou que “a ameaça terrorista desenvolveu-se para lá do Afeganistão de 2001”.
“A al-Qaida e o ISIS (Estado Islâmico) estão no Iémen, Síria, Somália e outros lugares em África e no Médio Oriente”, alertou.
O Presidente apelou ainda ao Congresso para aprovar uma revisão global do sistema de imigração que inclua uma via para cerca de 11 milhões de imigrantes ilegais obterem a cidadania americana e apelou também aos legisladores para aprovarem medidas reformando o sistema policial.
A resposta Republicana
Na sua resposta, o senador epublicano Tim Scott criticou os “sonhos socialistas” do Governo.
fonte: VOA
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Samuel