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segunda-feira, 12 de abril de 2021

PORTUGAL: A força dos execut(ivo)s rosa

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...

Bem dizia Eça de Queiroz, provavelmente antecipando a pequenez intelectual dos políticos lusófonos, que “os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente e pela mesma razão”. Já com os juízes o roseiral é outro…

Por Orlando Castro

Por outro lado, Guerra Junqueiro afirmou: “Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas; um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai; um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom, e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que um lampejo misterioso da alma nacional, reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.

Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula, não discriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha, sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima, descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas, capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação, da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.

Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo; este criado de quarto do moderador; e este, finalmente, tornado absoluto pela abdicação unânime do País.

A justiça ao arbítrio da Política, torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.

Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos, iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero, e não se malgando e fundindo, apesar disso, pela razão que alguém deu no parlamento, de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar”.

Ontem, em Portugal, ficou a saber-se que dos 189 crimes da Operação Marquês só 17 vão a julgamento e que até ver (porque procurador Rosário Teixeira anunciou vai apresentar recurso da decisão para o tribunal da relação de Lisboa.) José Sócrates será “julgado” apenas e só por branqueamento e falsificação de documentos. Não por corrupção.

Dos 28 arguidos, dos quais 19 pessoas individuais e nove empresas, o juiz de instrução criminal – Ivo Rosa – decidiu mandar para julgamento o ex-primeiro ministro José Sócrates, o seu amigo e empresário Carlos Santos Silva, o ex-ministro Armando Vara, o banqueiro Ricardo Salgado, todos por crimes económicos e financeiros. O ex-motorista de Sócrates, João Perna, ficou pronunciado por detenção de arma proibida.

O juiz determinou ainda que José Sócrates e Carlos Santos Silva sejam julgados em conjunto por um tribunal colectivo e que Salgado e Armando Vara sejam julgados em processos autónomos.

No dia 8 de Setembro de 2008, o então primeiro-ministro das ocidentais praias lusitanas a norte de Marrocos, José Sócrates, afirmou-se “profundamente satisfeito” com a forma “transparente, livre e democrática” como decorreram as eleições legislativas em Angola, e saudou as autoridades de Luanda pela conclusão deste processo em “paz” e “liberdade”.

E, de bajulação em bajulação, lá foi o governo de Portugal combatendo o défice. A ajuda do MPLA (via Sonangol e similares) foi vital para que os portugueses sobrevivessem e José Sócrates vivesse filosoficamente como um abastado parisiense.

“As eleições são da maior importância para o prestígio internacional de Angola, para a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) e também para Portugal na sua relação com este país. Por isso, quero felicitar desde logo o povo angolano, já que sei bem o que estas eleições representam enquanto instrumento de institucionalização da vontade popular nas decisões do seu país”, disse na altura o bestial camarada de Eduardo dos Santos.

Ontem, José Sócrates, com a ajuda do juiz Ivo Rosa gozou à grande e à francesa com a chipala dos portugueses, mas não só.

“Estas eleições representam a passagem de Angola para o conjunto dos países democráticos, que resolvem os seus problemas com eleições. Como disseram os observadores europeus, estas eleições foram feitas com transparência, foram um passo no sentido da democracia e da paz e os eleitores votaram com total liberdade”, salientou o então chefe do Governo português.

Sabe-se que José Sócrates levou da última viagem a Luanda um manual do MPLA autografado pelo seu presidente. Sabe-se, por isso, que o então primeiro-ministro de Portugal não ouviu nem leu o que disse na altura o também observador da União Europeia, Richard Howitt.

Não ouviu, nem leu, aquela parte em que Richard Howitt disse: “Após uma tortuosa jornada, encontrámos uma situação estranha, onde havia tendas, macas, camas e comida ao desbarato para cerca de 1500 pessoas. Cinco pessoas que entrevistámos apresentaram provas de que tudo tinha sido financiado pelo governo”.

Também não ouviu, nem leu, Richard Howitt dizer: “Vi representantes do partido do poder não só à frente das assembleias, mas junto às mesas onde as pessoas estavam a votar”.

“Estas eleições foram livres, justas, tiveram problemas organizativos naturalmente, mas que serão corrigidos certamente nos próximos actos eleitorais”, corroborou José Sócrates.

Lamentavelmente, José Sócrates não enviou a Angola alguns dos seus principais assessores para aprenderem com o MPLA a fórmula para se ganhar eleições, obviamente democráticas e livres, com mais de 80% dos votos. Lamentável para ele.

“Quero que o Governo de Angola saiba que temos confiança no povo angolano, que temos confiança em Angola, temos confiança no Governo angolano e no trabalho que tem desenvolvido”, sublinhava assiduamente José Sócrates, só faltando ajoelhar-se e beijar os sapatos de design italiano de Eduardo dos Santos. Só faltava… se é que faltou.

De acordo com o primeiro-ministro que, apesar da esponja de Ivo Rosa, entrou para a história (popular) de Justiça portuguesa como corrupto, esse trabalho tem “permitido que Angola tenha hoje um prestígio internacional, que tenha subido na consciência internacional e que seja hoje um dos países mais falados e mais reputados”.

Alguns destes elogios foram feitos horas depois de duas organizações não-governamentais apresentaram uma queixa ao Ministério Público de Paris, contra vários chefes de Estado africanos, entre os quais o de Angola, acusados de corrupção e desvios de fundos públicos, dos quais uma boa parte “é reciclada” em França.

Considerado, depois desconsiderado e agora voltado a ser considerado pelo MPLA como “líder carismático” (dos socialistas e afins), José Sócrates disse também que “cada vez que Angola progride, evolui e melhora, isso enche de orgulho qualquer português”.

Se tivesse sido com Ivo Rosa…

Em 2009 o Ministério Público de Portugal mandou arquivar a queixa-crime movida por José Sócrates, secretário-geral do PS e primeiro-ministro, contra o jornalista e colunista do Diário de Notícias, João Miguel Tavares.

A queixa foi arquivada pelo Ministério Público, que considerou que “as expressões utilizadas pelo arguido, dirigidas ao primeiro-ministro, ainda que acintosas e indelicadas, devem ser apreciadas no contexto e conjuntura em que foram publicadas, e inserem-se no exercício do direito de crítica, insusceptíveis de causar ofensa penalmente relevante”.

O cronista do Diário de Notícias, recorde-se, foi alvo de uma queixa do primeiro-ministro por um artigo em que fazia referências à “licenciatura manhosa”, aos projectos “duvidosos” da Guarda e ao “apartamento de luxo” comprado “a metade do preço”. No mesmo artigo, João Miguel Tavares fazia uma comparação entre Sócrates e Cicciolina.

Desde que no início desse ano o caso Freeport voltou em força à praça pública que José Sócrates já lançou uma série de queixas crime. Além de João Miguel Tavares, foram processados vários jornalistas da TVI, incluindo o então director geral José Eduardo Moniz e a apresentadora do Jornal Nacional de sexta-feira Manuela Moura Guedes. O director e dois outros jornalistas do Público foram também alvo de queixas-crime.

De facto, José Sócrates, tornara regra de ouro no reino lusitano que a liberdade dos jornalistas tinha de acabar onde começava a sua, mas entendia que a sua não tinha limites.

Por alguma razão, há já bastante, António Barreto disse que José Sócrates “não tolera ser contrariado, nem admite que se pense de modo diferente daquele que organizou com as suas poderosas agências de intoxicação a que chama de comunicação”.

António Barreto acrescentou ainda, de forma lapidar, que “o primeiro-ministro José Sócrates é a mais séria ameaça contra a liberdade, contra autonomia das iniciativas privadas e contra a independência pessoal que Portugal conheceu nas últimas três décadas”.

Habituado a que os trabalhadores das redacções dos órgãos de comunicação social (Jornalistas são outra coisa substancialmente diferente) lhe fossem comer à mão, José Sócrates não conseguia conviver (ainda hoje não consegue) quer com a liberdade de expressão quer com o contraditório.

É por isso que sempre se deu bem com a sua própria sombra, bem como com outras sombras que com ele estão sempre de acordo. É um direito que lhe assiste. O problema está que queria transformar o país num amontoado de acéfalos e invertebrados portadores do cartão de militante do PS.

Numa entrevista à RTP1, transmitida no dia 21 de Abril de 2009, José Sócrates referiu-se ao telejornal das 20 horas de sexta-feira da TVI, apresentado por Manuela Moura Guedes, como sendo “travestido” e feito “de ódio e perseguição”.

“Aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem”, afirmou José Sócrates.

O azedume do primeiro-ministro reflectia igualmente a frustração que devia sentir por não ter conseguido, embora tenha tentado com todas as suas força, transformar muitos jornalistas nos tais acéfalos e invertebrados ao serviço (bem pago) da sua causa.

Recorde-se que o Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), fazer de grande parte da “imprensa o tapete do poder”.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), transformar jornalistas em “criados de luxo do poder vigente”.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os mais cépticos de que mais valia ser um propagandista da banha da cobra do PS, mas de barriga cheia, do que um ilustre Jornalista com ela vazia.

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), convencer os jornalistas que deviam pensar apenas com a cabeça… do chefe (socialista, obviamente).

O Governo de José Sócrates conseguiu numa só legislatura e sem grande esforço (em muitos casos apenas por um prato de lentilhas), mostrar aos Jornalistas que ter um cartão do PS é mais do que meio caminho andado para ser chefe, director ou até administrador.

Provavelmente ainda hoje reflecte sobre o que falhou na sua luta para “invertebrar” alguns jornalistas. Isto, mesmo considerando que o Estatuto do Jornalista (português) aprovado pelo PS de José Sócrates, foi, é e será por muitos anos a página mais negra na história do Jornalismo português do pós-25 de Abril.

fonte: folha8

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Samuel

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