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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

URSS. A maior utopia política nasceu há um século.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!... Cem anos depois da criação da União Soviética, como estão as repúblicas que a integraram?
Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido como Lenine (à esq.), com Yossif Vissarionovitch Dzhugashvili, mais conhecido como Estaline, que se tornou secretário-geral do Partido Comunista Soviético em 1922, ano da criação da URSS.© AFP Vladimir Ilyich Ulianov, mais conhecido como Lenine (à esq.), com Yossif Vissarionovitch Dzhugashvili, mais conhecido como Estaline, que se tornou secretário-geral do Partido Comunista Soviético em 1922, ano da criação da URSS.© AFP URSS Dos escombros do império russo e na sequência da tomada do poder pelos sovietes, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ganhou forma em 30 de dezembro de 1922, quando mais de dois mil delegados, reunidos no teatro Bolshoi, aprovaram uma declaração sobre a instituição da entidade política e respetivo tratado. Faziam então parte da união orquestrada por Lenine a Rússia, Ucrânia, Bielorrússia e Transcaucásia. Mais tarde chegou a incorporar 15 repúblicas, ocupando um sexto da superfície terrestre. A revolução comunista impôs-se pela força da ideologia e das armas, podendo reclamar como feitos a vitória sobre a Alemanha nazi ou o papel pioneiro na aventura espacial. Mas o regime autoritário e opressor ruiu sob o peso da ineficiência económica e a incapacidade de se reformar. Bielorrússia Na corda bamba A natureza da relação com a Rússia, numa permanente corda bamba entre a absorção por Moscovo e uma soberania limitada, tem sido o número circense em que se especializou o autoritário Alexander Lukashenko. Os acontecimentos precipitaram-se nos últimos meses e já poucos duvidam que a fortuna do homem que lidera a Bielorrússia está ligada de forma inexorável à de Vladimir Putin. Único aliado do líder russo na "operação militar especial", ao permitir que as forças russas invadissem a Ucrânia através do seu território e usem as bases militares para lançar mísseis ou para acolher as tropas mobilizadas, Lukashenko diz que não vai participar de forma direta no conflito. Em troca diz ter recebido mísseis com capacidade nuclear, para os quais os seus aviões de combate foram adaptados. Os opositores que não estão exilados nem presos demonstraram-se ativos com várias operações de sabotagem, em especial nas linhas de comboio. O regime tem sido alvo de sanções do Ocidente e a perspetiva para 2023 é de recessão e mais pobreza. A história da Estónia, Letónia e Lituânia está fundada na luta contra o invasor russo (e soviético) e quem conhece os povos bálticos não se surpreende por terem sido os primeiros a saltar fora da União Soviética, ao declararem a independência meses antes da dissolução. A sua solidariedade para com os povos perseguidos ou alvo de coerção pelas grandes potências já tinha sido notícia, fosse a acolher os exilados bielorrussos ou em demonstrações de solidariedade para com Taiwan (Taipé abriu em Vilnius uma embaixada em nome próprio, o que gerou um conflito diplomático), mas a reação de apoio aos ucranianos só tem paralelo com a dos polacos. Entre as 15 repúblicas soviéticas são as únicas a saírem da URSS com passaporte da NATO e da União Europeia. Os países bálticos são um caso de êxito na reintegração europeia, inclusive na independência energética da Rússia. Rússia Fatalismo e neo-imperialismo O escritor ucraniano Andrei Kurkov, que escreve em russo, ao caracterizar os seus compatriotas como individualistas e anarquistas separou as águas dos russos: "Os russos são fatalistas. Todos os russos dizem que não podem fazer nada para mudar a situação, têm de aceitar o que quer que aconteça", disse ao DN. Irá o líder da Rússia, que considera o fim da URSS a "maior catástrofe geopolítica do século XX", e irão os seus cidadãos-súbditos (tendo em conta a progressiva perda de direitos cívicos e de liberdades) agir em conformidade com o dito fatalismo? Vladimir Putin, considerado por alguns um brilhante estratega e por outros um genocida, afastou o seu país do Ocidente ao liderar um regime de fachada ultraconservadora e nacionalista que tem eliminado toda e qualquer oposição séria. Sentado na mina dos hidrocarbonetos, o antigo agente do KGB conseguiu elevar o nível de vida da população, em especial nas cidades, e o aparato de segurança trouxe a segurança e estabilidade que agradou a muitos russos, enquanto foi restaurando a ideia neo-imperial de uma Rússia maior do que a está definida nas fronteiras. Além de não reconhecer a soberania da Ucrânia, o presidente russo aprovou em setembro uma nova doutrina de política externa que em última análise justifica as intervenções armadas em qualquer lugar em que haja populações russófonas. O documento diz que a Rússia tem como dever "proteger, salvaguardar e fazer avançar as tradições e ideais do mundo russo". Com as portas fechadas na Europa, Moscovo virou-se para a Ásia e em especial para a China, sem esquecer o Médio Oriente (Síria e Irão) e África, para tentar minorar os efeitos das sanções. Ucrânia Num pesadelo a sonhar com o futuro A Ucrânia marcou pela diferença ao aprovar em referendo, e com maioria esmagadora, a independência da URSS, tal como anos depois entregou as armas nucleares à Rússia em troca de garantias de segurança. A dependência económica, energética e política russa foi sufocando as tentativas de fazer o seu próprio caminho, minado igualmente pela corrupção. Mas a ingerência russa que desembocou na revolta de 2014, tendo levado à perda de território e à guerra, teve como efeito a refundação de uma nação e a unidade do povo, fale ucraniano ou russo, seja ortodoxo, católico ou muçulmano, perante a invasão. O fim da guerra - quando e como - ditará se o sonho europeu está ao virar da esquina Moldávia Voltada para oeste, ameaçada a leste A neutralidade moldava tem, até agora, sido suficiente para não alimentar o apetite das tropas russas estacionadas na margem esquerda do Dniestre, onde funciona uma espécie de estado soviético em ponto pequeno, a Transnístria. Para o diretor dos serviços de informações do pequeno país de língua romena, não há dúvidas de que o ataque vai ter lugar. Com uma presidente e uma primeira-ministra pró-europeias, em junho, a par de Kiev, Chisinau recebeu de Bruxelas o estatuto de país candidato à adesão, mas a entrada no clube não é para amanhã. Cáucaso Longe de Bruxelas e longe de Moscovo Três quartos dos georgianos dizem-se pró-ocidentais e a sua presidente, Salome Zurabishvili, representa esse sentimento. Mas o governo, que é acusado de manter o ex-presidente Saakashvili em condições desumanas na prisão, não está com a maioria, segundo alguns analistas devido à influência pró-russa do ex-PM e oligarca Ivanishvili. Resultado da deriva georgiana, a UE barrou o pedido de candidatura, enquanto o país recebeu dezenas de milhares de russos. Um fluxo migratório que trouxe a duplicação do crescimento económico, mas que pode vir a gerar problemas no futuro, tendo em conta o que aconteceu na Abecásia e Ossétia do Sul. O Azerbaijão e a Arménia têm continuado em escaramuças nas fronteiras, e sem que a força de paz russa consiga impor-se, o que já levou o governante arménio a pôr em causa o tratado de defesa liderado por Moscovo. Ásia central Entre a influência russa e chinesa A invasão russa da Ucrânia desencadeou ondas de choque geopolítico em toda a Ásia Central e alterou ideias feitas sobre o equilíbrio de poder na região, que viveu momentos de instabilidade nos últimos meses. O principal e mais industrializado dos cinco países, o Cazaquistão, iniciou 2022 com protestos que não resultaram no derrube do presidente Tokayev porque a Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), composta por seis ex-repúblicas da URSS saiu em sua ajuda. Mas depois de ter saído reforçado, o líder cazaque mostrou distâncias com Putin: declarou não reconhecer anexações russas e disse que o seu país não iria violar as sanções internacionais à Rússia. O Quirguistão e o Tajiquistão voltaram a envolver-se em confrontos fronteiriços, mas desta vez, às dezenas de mortos, seguiu-se a assinatura de um acordo de paz. A China, que assinou um acordo com o Tajiquistão para realizar manobras militares naquele país (e está presente numa base na fronteira com o Afeganistão), tem reforçado a sua presença na região para lá das trocas económicas. Não por acaso, a primeira viagem de Xi Jinping desde a pandemia foi ao Cazaquistão. cesar.avo@dn.pt

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Samuel

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