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terça-feira, 29 de agosto de 2023
CÉREBRO PARA QUÊ? BASTAM OS INTESTINOS
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A jornalista filipina Maria Ressa, co-vencedora do prémio Nobel da Paz de 2021, defendeu que os meios de comunicação social no mundo deveriam unir forças na “luta pelos factos”, em vez de competirem entre si. Corrobore-se que o apelo também inclui os jornalistas (e respectivos órgãos) angolanos. Para que conste.
Maria Ressa disse numa conferência de imprensa em Oslo, onde vai receber o prémio Nobel da Paz conjuntamente com o jornalista russo Dmitri Muratov, que “a era da competição pelas notícias está morta”.
“Penso que este é um momento em que estamos do mesmo lado a lutar por factos e vamos precisar de encontrar novas formas de colaboração, não só em cada um dos nossos países, mas também a nível global”, disse Ressa, citada pela agência de notícias Associated Press (AP).
Falando numa conferência de imprensa conjunta, os dois jornalistas lamentaram que a liberdade de imprensa nas Filipinas e na Rússia permaneça sob a ameaça de uma “espada de Dâmocles”, apesar de terem sido laureados com o prémio Nobel da Paz.
“Até agora, a liberdade de imprensa está sob ameaça. (…) É como ter uma espada de Dâmocles sobre a cabeça”, disse Maria Ressa, citada pela agência France-Presse, quando questionada se o prémio tinha melhorado a situação no seu país. As Filipinas ocupam o 138.º lugar no índice de liberdade de imprensa da organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF).
Ressa disse que foi difícil viajar para Oslo, referindo que teve de “conseguir a aprovação de quatro tribunais”, devido a processos criminais que enfrentava nas Filipinas. “Foi preciso muito para poder estar aqui hoje para responder às vossas perguntas”, lamentou.
Em 2020, Ressa foi condenada a uma pena de prisão por calúnia, numa decisão considerada como um duro golpe para a liberdade de imprensa global. Ressa mencionou o seu compatriota e antigo colega, Jess Malabanan, do jornal Manila Standard, que foi morto com um tiro na cabeça.
Malabanan, que também era correspondente da Reuters, estava a trabalhar para a agência noticiosa sobre o tema sensível da guerra contra a droga nas Filipinas. Foi 22.º jornalista a ser morto desde que Rodrigo Duterte tomou posse, em meados de 2016.
Dmitri Muratov, 60 anos, que dirige o Novaya Gazeta, concordou com Maria Ressa. “Se tivermos de nos tornar agentes de estrangeiros por causa do Prémio Nobel da Paz, não ficaremos aborrecidos”, disse, citado pela AFP.
O estatuto de “agente estrangeiro” obriga os meios de comunicação social da Rússia a divulgar este estatuto em todas as suas publicações, textos, vídeos e mensagens nas redes sociais.
“Mas, de facto, (…) penso que não vamos conseguir esse rótulo. Em vez disso, enfrentamos outros riscos”, acrescentou Muratov em russo, através de um intérprete.
Considerado o único jornal independente que resta na Rússia, o Novaya Gazeta é conhecido pelas suas investigações sobre corrupção e violações dos direitos humanos na Chechénia.
O prémio Nobel da Paz, anunciado em 8 de Outubro, foi atribuído a Ressa e Muratov “pelos seus esforços para salvaguardar a liberdade de expressão, que é uma condição prévia para a democracia e uma paz duradoura”, justificou na altura o comité.
Ressa e Muratov “são representantes de todos os jornalistas que defendem este ideal num mundo em que a democracia e a liberdade de imprensa enfrentam condições cada vez mais adversas”, acrescentou o comité.
O Comité Norueguês do Nobel diz que “a liberdade de expressão é uma condição prévia para a democracia e para uma paz duradoura”. Essa de a liberdade de expressão ser uma condição prévia para a democracia… não se aplica, obviamente, a Angola, ao MPLA, organização que só está no Poder há 48 anos e para quem Jornalista bom é Jornalista morto. São excepção os “fazedores de propaganda” (a quem chamam jornalistas) formados, formatados e castrados pelo regime.
“O jornalismo livre, independente e baseado em factos serve para proteger contra abusos de poder, mentiras e propaganda de guerra. O Comité Nobel norueguês está convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de informação ajudam a assegurar um público informado”, afirmou a presidente Comité Nobel Norueguês.
Em Junho deste ano, o ministro das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social do MPLA, Mário Oliveira, visitou as instalações da RTP, em Lisboa, E foi recebido pelo presidente do Conselho Administração RTP, Nicolau Santos, pelos directores de Informação e da RDP, respectivamente António José Teixeira e João Paulo Baltasar e ainda pela directora de Informação África, Isabel Silva Costa.
Acompanhado pelo secretário de Estado da Comunicação Social, Nuno Caldas Albino, e pelo adido de Imprensa em Portugal, Victor Carvalho, Mário Oliveira recebeu informações detalhadas sobre o modo como os dois órgãos públicos funcionam.
No final da visita, decorreu um encontro de trabalho no qual foi manifestado o desejo mútuo do reforço da cooperação entre a RTP e a TPA (do MPLA), bem como entre a RDP e a RNA (do MPLA), nomeadamente nas áreas da troca de conteúdos e na formação profissional.
“Tratou-se de uma primeira visita que o ministro Mário Oliveira realizou a órgãos da imprensa portuguesa, tendo ficado acertado que os contactos irão prosseguir, para a concretização de vários projectos específicos que visam aumentar a diversidade dos conteúdos das empresas públicas de televisão e rádio dos dois países”, lê-se num comunicado de imprensa da comitiva do MPLA.
Nicolau Santos já não é o “vómito luso-angolano”?
Em Dezembro de 2018, a Lusa (Agência de Notícias de Portugal) assinou, em Luanda, três protocolos de cooperação com a televisão e rádio públicas de Angola. Nessa altura ficou a saber-se que o Pravda do MPLA (Jornal de Angola) deixaria de se referir a Nicolau Santos (actual pelo presidente do Conselho Administração RTP) como fez no artigo publicado em 7 de Janeiro de 2016, sob o título “Vómito de luso-angolano”, em que se referia a ele como “homem nascido em Luanda e hoje serviçal do milionário Francisco Pinto Balsemão”.
Os acordos foram assinados pelo então presidente da Lusa, Nicolau Santos, e pelos homólogos da Televisão Pública de do MPLA (TPA), José Guerreiro, e da Rádio Nacional do MPLA (RNA), Josué Isaías.
Dois dos protocolos foram assinados com a RNA e um com a TPA, que visam, entre outros, aspectos ligados à formação, troca de experiências e de partilha de informações. Dois outros acordos no mesmo sentido deverão ser assinados em breve com a homóloga da Lusa, a Angop, e com as Edições Novembro, detentora do Jornal de Angola.
“Há um protocolo com a TPA, que é essencialmente de formação, e há dois com a RNA. Um tem a componente da formação e outros de prestação de serviços, como um alerta sobre tudo o que saia em relação ao Presidente João Lourenço. Depois, foram-nos pedidos serviços específicos, que serão renovados a cada três meses, se houver interesse nisso, por exemplo, da saída de João Lourenço para fora de Angola”, explicou Nicolau Santos.
“Há um protocolo com a Angop, em que houve um pequeno pormenor num protocolo que teremos de limar. O protocolo com a Angop tem formação, mas também tem troca de informações entre as duas agências. Com as Edições Novembro é um protocolo para formação e era para ser assinado também, mas como o presidente teve de se ausentar de Angola não foi possível. Mas penso que esta semana, talvez na sexta-feira, ainda poderá ser assinado em Lisboa” acrescentou.
Sobre o que significava para a agência noticiosa portuguesa a expansão dos seus serviços em Angola, o presidente da Lusa enfatizou que constitui um “sinal claro” de que a empresa “está para ficar, quer relançar a sua colaboração com os órgãos de comunicação social angolanos e expandir a operação no país”.
“Há um pormenor que permite evitar todos os obstáculos em Angola, que as operações serão feitas em kwanzas, assim como vamos apostar muito na formação e, com o dinheiro que eventualmente viermos aqui a alcançar junto dos nossos parceiros, vamos relançar a nossa actuação, não só em termos de qualidade, mas também na produção de vídeo. Não sei se conseguiremos, mas, até ao final do ano, pensamos ter uma ‘antena’ no eixo Lobito/Benguela, que nos parece decisivo para ter uma melhor cobertura sobre Angola”, explicou.
Nicolau Santos lembrou que, dois meses antes, o ministro da Comunicação Social angolano, João Melo, declarou publicamente que via com bons olhos a Lusa fazer acordos de formação com órgãos de comunicação social em Angola, pois há um grande défice na formação.
Presente na assinatura, em que também foi assinado um protocolo de cooperação entre a RTP e a TPA, João Melo voltou a repetir o que afirmara dois meses antes, quando uma delegação de alto nível da Lusa esteve em Luanda, salientando que essa preocupação reflecte o alto interesse que os governos dos dois países atribuem a estes acordos.
“O intercâmbio no domínio da comunicação é fundamental para potenciarmos ainda mais complexas relações entre Angola e Portugal. Desejo que o acordo corra bem e que tenha sucesso e que possam ser desenvolvidas novas acções a seu tempo”, disse João Melo.
Por seu lado, José Guerreiro, presidente da TPA, valorizou os dois acordos assinados com a Lusa e com a RTP, referindo que, no caso da televisão, muitos dos quadros da estação pública angolana foram formados na congénere portuguesa.
“É essa prática que queremos desenvolver. Temos profissionais que queremos que melhorem a sua prestação, que precisam de conhecer melhor o que se faz de melhor no mundo, quer em Portugal, quer no Brasil”, acrescentou.
“A troca de experiências, a troca de notícias, a troca de informações com a Lusa é fundamental para desenvolver o nosso trabalho. Hoje não se faz comunicação de forma estática e isolada. É com estes dois acordos que assinamos que estamos à procura dessas mais-valias para a nossa estação”, sublinhou José Guerreiro.
No mesmo sentido se pronunciou o presidente da RNA, Josué Isaías, que lembrou que “o namoro [entre Lusa e rádio pública angolana] começou há cerca de dois meses e que, rapidamente, se transformou numa relação muito mais séria”.
“Com este acordo vamos, em princípio, estabelecer uma relação que poderá nortear nos próximos anos a troca de conteúdos, áudios e textos entre as duas instituições. Há também a perspectiva da formação, pois a RNA tem um défice nesse aspecto. Este acordo poderá resolver este ‘handicap’”, defendeu.
Por fim, Gonçalo Reis, presidente da RTP, considerou que o acordo com a televisão pública angolana é o assumir o compromisso de trabalhar, desenvolver e partilhar bolsas de conteúdos, bem como aumentar o número de co-produções e ainda na formação na área de recursos humanos.
“Há a aposta da RTP África e da TPA na co-produção e na formação, bem como prosseguir a lógica de que a RTP África funcione numa lógica de conteúdos, envolvendo os operadores africanos, em que a TPA tem um papel de destaque, face à qualidade muito significativa do trabalho que tem desenvolvido”, sublinhou Gonçalo Reis.
Segundo Gonçalo Reis, “outro pilar deste protocolo [entre a RTP e a TPA] é o da partilha de conhecimento, da formação e desenvolvimento de recursos humanos em que houve um trabalho de casa muito bem feito por parte da TPA”, pelo que a televisão pública portuguesa está tão-só “a ir ao encontro das necessidades” da estação de televisão de Angola, terminou.
“Vómito de luso-angolano (*)
Há em Portugal uma categoria de gente que se apresenta como angolana. São pessoas que nasceram em Angola, mas esconderam a sua origem. Nunca fizeram nada de positivo por Angola, mas rapidamente se põem em bicos de pés.
Uma dessas personagens é Nicolau Santos, director adjunto do semanário português “Expresso”, homem nascido em Luanda e hoje serviçal do milionário Francisco Pinto Balsemão, dono do império mediático à deriva que dá pelo nome de Impresa.
Posicionado melhor do que ninguém na sociedade portuguesa para ajudar o país onde nasceu, como fazem muitos luso-moçambicanos e luso-cabo-verdianos, Nicolau Santos tornou-se uma vergonha para Angola. Foi dos primeiros a abandonar o navio, como fazem os ratos, quando as coisas se complicaram por altura da independência, silenciou os crimes de guerra de Jonas Savimbi e do apartheid nos jornais por onde passou. Mas quando a paz chegou a Angola, apressou-se a ocupar a fila da frente para beneficiar do sacrifício dos outros. Calou-se e foi cúmplice dos piores crimes contra a terra onde nasceu, que não soube honrar.
Na última edição do semanário “Expresso”, onde subiu apenas por ser luso-angolano, com possibilidades de abrir portas aos negócios do patrão, Nicolau Santos aparece a requentar o vómito que acumulou durante anos contra Angola e a atirar essa podridão contra o país. O texto “José Eduardo dos Santos: O Rei Sol angolano” publicado no passado sábado no “Expresso” é daqueles materiais provocadores lançados frequentemente pela imprensa portuguesa para inquinar as relações angolanas com Portugal, que já para nada servem.
O artigo tem como base a opinião de três outros figurões luso-angolanos da mesma estirpe. O principal desavergonhado que Nicolau Santos usa como fonte no artigo é Xavier de Figueiredo. Trata-se de um antigo e estreito colaborador da tenebrosa “South African Bureau For State Security”, conhecida por BOSS, os serviços secretos do regime do apartheid na África do Sul que foram responsáveis pela repressão a Nelson Mandela e a outros patriotas do ANC.
Durante a guerra em Angola, o torcionário mediático Xavier de Figueiredo destacou-se como o mais fiel colaborador dos serviços de inteligência ocidentais na subversão contra o Governo angolano. O editor do “Africa Monitor” foi o grande legitimador na comunicação social portuguesa da guerra de Jonas Savimbi e da África do Sul em Angola. Foi por isso responsável pela morte e o estropiar de milhares de angolanos.
Apesar das sanções da ONU decretadas contra os mais directos colaboradores de Savimbi, ainda hoje os serviços de informação de Xavier de Figueiredo continuam activos em Portugal e a atacar as autoridades angolanas como se a hostilidade da UNITA continuasse. O seu escritório está mesmo situado num edifício ligado aos serviços secretos portugueses.
Com a paz em Angola, o figurão Xavier de Figueiredo fracassou numa tentativa de lançar uma publicação lusófona, isso porque depois de tanta patifaria e de tanto crime, ninguém lhe deu crédito. A não ser Nicolau Santos e Francisco Pinto Balsemão, que agora o pegam ao colo. É este assassino moral dos angolanos que serve de fonte principal ao director adjunto do “Expresso”.
Outra personagem a que Nicolau Santos recorre como fonte é Manuel Ennes Ferreira, economista angolano de competência duvidosa. Foi também dos primeiros a abandonar o barco a afundar em 1975 e quer hoje dar lições aos verdadeiros lutadores dos direitos humanos que cá ficaram. Ficou conhecido pelas frequentes “gafes” nas análises sobre Angola, devido à sua clara parcialidade política. Promoveu a ideia do “eldorado” e “para Angola rapidamente e em força”, por causa dos elevados níveis de crescimento registado nos últimos anos que empurrou para Angola milhares de portugueses e empresas à procura da árvore das patacas. Durante o conflito armado, Manuel Ennes Ferreira gabava-se nas páginas do “Diário Económico” de se recusar a transportar medicamentos para Angola, numa altura em que a doença lavrava no país. Por aí se vê quem é a pessoa. Nada fez de jeito pelo país, mas quando pequenos problemas batem à porta a Angola, volta a revelar o seu estilo.
Por puro oportunismo, Nicolau Santos cita no seu texto a grande poetisa portuguesa Sophia de Mello Breyner, mãe do insuspeito Miguel Sousa Tavares, e o jornalista e ex-deputado angolano João Melo.
É esta qualidade de gente que Nicolau Santos apresenta como referências dignas para lançar o seu vómito requentado contra os dirigentes angolanos. O que move os luso-angolanos em Portugal, salvo excepções, é ainda, no fundo, o sentimento de diminuir, de maltratar, de magoar. No fundo, os ratos luso-angolanos que abandonam hoje o barco diante da mais pequena vaga são os verdadeiros responsáveis do fracasso da parceria estratégica entre Angola e Portugal, pela incompetência e incapacidade demonstradas. Não sucede o mesmo com os luso-moçambicanos ou luso-cabo-verdianos porque estes são pessoas que não desonram a terra que os viu nascer.”
(*) Artigo publicado no Jornal de Angola em 7 de Janeiro de 2016
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