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quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

SUDÃO A FERRO E FOGO.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
As zonas de conflito no Sudão correm risco de sofrer “níveis catastróficos de fome” entre Abril e Julho, o período de transição entre colheitas, enquanto milhões de pessoas já lutam para se alimentarem, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Orepresentante interino da OMS no Sudão, Peter Graaff, alertou que uma “tempestade perfeita” está a preparar-se, com pessoas enfraquecidas pela fome a tornarem-se vítimas de doenças infecciosas, enquanto o sistema de saúde praticamente entrou em colapso no meio dos combates em curso no país. “Há o receio de que a próxima época de escassez possa levar a níveis catastróficos de fome nas zonas mais afectadas”, disse, numa videoconferência a partir do Cairo. O período de escassez, ou seja, aquele que antecede as primeiras colheitas e onde se esgota o grão da colheita anterior, que se estende de Abril a Julho, vê os preços dos géneros alimentícios dispararem à medida que os stocks diminuem. A guerra, que eclodiu em Abril de 2023 entre o chefe do exército sudanês Abdel Fattah al-Burhan e Mohamed Hamdan Daglo, seu antigo vice e comandante das forças paramilitares de apoio rápido, provocou milhares de mortos e desencadeou uma catástrofe humanitária. Cerca de 25 milhões de pessoas, ou mais de metade da população, necessitam de assistência, e quase 18 milhões enfrentam insegurança alimentar aguda, segundo dados da ONU. Cinco milhões já estão em situação de emergência devido à fome, disse Graaff. As crianças subnutridas correm maior risco de morrer de doenças como diarreia, pneumonia e sarampo, especialmente num contexto em que não têm acesso a serviços de saúde vitais. “O sistema de saúde mal funciona e as doenças infecciosas estão a espalhar-se: foram notificados mais de 10.000 casos de cólera, 5.000 casos de sarampo, cerca de 8.000 casos de dengue e mais de 1,2 milhões de casos clínicos de malária”, detalhou Peter Graaff. Os combates fizeram com que 1,8 milhões de pessoas fugissem do país e 6,1 milhões deslocados internamente. “Testemunhei em primeira mão os deslocamentos no Sudão e no vizinho Chade. E o que vi é alarmante e doloroso”, continuou Peter Graaff, descrevendo pessoas forçadas a caminhar durante dias, apenas para encontrar refúgio em áreas superlotadas com pouca comida e água. “O povo do Sudão enfrenta uma situação de vida ou morte devido à violência persistente, à insegurança e ao acesso limitado a serviços de saúde essenciais”, disse Peter Graaff. “E parece haver pouca esperança de uma solução política à vista”, afirmou apelando ao acesso seguro e sem entraves à prestação de serviços de saúde vitais. A maioria das pessoas deslocadas no Sudão fugiu do estado de Cartum (67%) e do Darfur (33%) para os estados do norte do país (16%), do Rio Nilo (14%), do Darfur Ocidental (7%) e do Nilo Branco, especifica a Organização Internacional para as Migrações (OIM). “A alimentação, o acesso aos serviços de saúde e os artigos de primeira necessidade continuam a ser extremamente escassos”, sublinhava já um relatório da OIM publicado em Julho de 2023. Embora a maioria dos deslocados internos viva integrada em comunidades de acolhimento, mais de 280.000 estavam a viver em abrigos de último recurso, como campos, edifícios públicos e abrigos improvisados, em especial no estado sudanês do Nilo Branco, segundo a Matriz de Acompanhamento de Deslocações (DTM, na sigla em inglês) da agência das Nações Unidas para as Migrações. O relatório já na altura dava conta de movimentos migratórios observados nas fronteiras do Sudão com o Egipto (40%), com o Chade (28%), com o Sudão do Sul (21%), com a Etiópia e com a República Centro-Africana (RCA). Das mais de 697.000 pessoas que atravessaram a fronteira para os países vizinhos, 65% são sudaneses e estima-se que 35% sejam repatriados e nacionais de países terceiros, especifica-se no relatório. Destas quase 700.000 pessoas, “a maioria encontra-se em condições extremamente precárias”, alertava a OIM. “A escalada contínua da violência está a agravar uma situação humanitária já de si terrível no país e na região. Pelo menos 24,7 milhões de pessoas – cerca de metade da população do Sudão – necessitam urgentemente de ajuda humanitária e de protecção”, apontava há quase um ano o relatório, segundo o qual “um terço” das pessoas mais necessitadas se encontra no Darfur, “onde a situação se está a deteriorar drasticamente”. “A OIM reitera os apelos a um cessar-fogo permanente e à eliminação dos entraves burocráticos, a fim de assegurar corredores humanitários seguros e garantidos e permitir a entrega de ajuda às pessoas em zonas de difícil acesso”, afirmava o director regional da organização para o Médio Oriente e Norte de África, Othman Belbeisi, citado no documento. Entretanto, a União Europeia (disse na altura que) quer “negociar sem demora um cessar-fogo duradouro para garantir a protecção do povo do Sudão”, onde pelo menos 1173 civis já tinham morrido. A União Europeia condenou o recrudescer dos combates no Sudão e ataques em larga escala contra civis, e disse que admite adoptar sanções como meio para pôr termo ao conflito e incentivar a paz. “A UE está pronta a ponderar a utilização de todos os meios à sua disposição, incluindo medidas restritivas, para contribuir para pôr termo ao conflito e incentivar a paz”, referiu em comunicado, condenando a contínua recusa das partes em conflito, desde 15 de Abril de 2023, em procurar uma solução pacífica. A urgência de “negociar sem demora um cessar-fogo duradouro para garantir a protecção do povo do Sudão” é destacada na nota, em que se pede que, independentemente do cessar-fogo, os intervenientes permitam e facilitem a prestação de ajuda humanitária. A fim de “interromper o ciclo de impunidade, os responsáveis pelas atrocidades devem ser identificados e responsabilizados”, defendeu a União Europeia, que disse apoiar a recolha de provas sobre violações graves dos direitos humanos. Bruxelas diz-se particularmente preocupada com os relatos de “ataques em larga escala contra civis e zonas civis, nomeadamente com base na etnia, em especial no Darfur, com relatos horríveis de violência sexual e baseada no género generalizada, assassínios selectivos”. Altos funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU) denunciaram também o aumento da violência, incluindo sexual, contra mulheres e raparigas no Sudão. A UE manifestou ainda “profunda preocupação com a rápida deterioração da situação humanitária” e prometeu manter o apoio ao povo do Sudão, “especialmente as mulheres e os jovens que lideraram uma revolução pacífica há quatro anos”, lembrando os 256,4 milhões de euros afectados em 2023 para a ajuda humanitária e ao desenvolvimento do país. O número exacto de vítimas dos combates, entre as milícias das Forças de Intervenção Rápida (RSF, na sigla em inglês) e o exército sudanês, não é possível de contabilizar com exactidão, devido à situação de insegurança. Recorde-se que, ciente do seu papel e do peso político que tem, seja no contexto africano ou no mundial, o Presidente angolano, general João Lourenço, manifestou-se em Maio do ano passado, em Itália, “apreensivo” com o rumo dos conflitos no mundo e voltou a considerar a invasão da Ucrânia como a maior ameaça à paz e segurança na Europa, apelando novamente a um cessar-fogo. Moscovo e Kiev pararam para escutar o “campeão da paz” em África… O general João Lourenço apontou, nomeadamente, a instabilidade em África, criada pelo terrorismo e os golpes de Estado nos países da região do Sahel, conflitos como o da República Democrática do Congo e do Sudão, bem como o conflito israelo-palestiniano que “não tem contribuído para os esforços da comunidade internacional de fazer do Médio Oriente uma zona de paz e segurança”. Folha 8 com Lusa

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Samuel

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