A
Liga Guineense dos Direitos Humanos denunciou ontem um clima de
"perseguição e medo" em Bissau, um dia depois de um grupo de
militares liderado pelo capitão Pansau N’Tchamá ter tentado atacar uma base dos
Pára-Comandos, no que o governo de transição diz ter sido uma "tentativa
de contragolpe apoiada por Portugal, pela CPLP e pelo ex-primeiro-ministro
Carlos Gomes Júnior".
"Temos estado a receber chamadas
de pessoas apavoradas, que estão a buscar refúgio para não serem atacadas por
indivíduos armados", afirmou à Lusa o presidente da Liga, Luís Vaz
Martins, adiantando que está em curso uma "caça ao homem".
Uma das vítimas desta perseguição é
Iancuba Indjai, porta--voz da Frenagolpe, plataforma de partidos que se opõe ao
golpe de estado de Abril. Indjai foi detido por homens armados a meio da manhã
de ontem na sede do PAIGC, brutalmente espancado e "enfiado na bagageira de
um carro". Indjai terá sido visado porque uma das viaturas usadas no
ataque ao quartel dos Pára-Comandos pertence ao ex-secretário de Estado Tomás
Barbosa, também membro da Frenagolpe.
Em Lisboa, o Ministérios dos Negócios
Estrangeiros recusou ontem comentar as alegações do governo de transição da
Guiné-Bissau, que no domingo acusou taxativamente Portugal, a CPLP e Carlos
Gomes Júnior de estarem por detrás do ataque. O PM de transição, Rui de Barros,
insistiu ontem que, até à semana passada, o capitão N'Tchamá esteve refugiado
no nosso país. "É estranho que uma pessoa com estatuto de exilado político
em Portugal tivesse entrado no país não se sabe como. Não se sabe qual é a
colaboração que teve", insinuou.
Segundo a versão oficial, o ataque
liderado por N'Tchamá causou sete mortos, seis deles de nacionalidade
senegalesa, presumivelmente mercenários contratados por N'Tchamá, que está em
parte incerta. Porém, fontes em Bissau estranham porque é que um comando de
pouco mais de 20 homens decidiu atacar a base de uma força militar de elite, e
admitem que tudo pode não passar de um ajuste de contas. N'Tchamá, recorde-se,
liderou o comando militar que em 2009 assassinou o presidente ‘Nino' Vieira.
fonte: correiodamanha.pt
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Samuel