Lisboa - A ausência do Ministro da Saúde da Guine-Bissau, Agostinho Ká, na 62ª Sessão do Comitê Regional da OMS-Organização Mundial da Saúde realizada a semana passada em Luanda, é justificada por entidades daquele país como fruto de um embargo por parte das autoridades angolanas que em última da hora comunicaram que recusariam a entrada do governante em território angolano por alegadas razões de legitimidade. Agostinho Ká faz parte de um governo saído de um golpe de Estado ao qual alguns países da CPLP como Angola e Portugal não reconhecem.
Depois de Portugal, agora foi a vez de Angola
Numa recente entrevista ao jornalista da RDP - África, Waldir Araújo, o proprio Ministro guineense confirmou ter sido formalmente convidado pela OMS – OMS para participar na reunião que terminou sexta-feira (23) na capital angolana mas que entretanto chegou apenas até Marrocos tendo regressado à Guiné-Gissau após a alerta de Luanda. Isto é, posto na capital marroquina, onde se preparava para seguir viagem para Libreville, o ministro da saúde da Guiné-Bissau e a sua respectiva comitiva, foram avisados que não poderiam viajar para Angola por ordens expressas do governo de Luanda.
Inconformado com a situação, o embaixador da Guine-Bissau em Marrocos, Abubacar Li contactou o seu homologo angolano em Rabat, Manuel AragãoCarneiro de quem recebeu a confirmação de que o Ministro e a sua delegação não deviam mesmo seguir para Angola, por alegada falta de autorização para entrar naquele país da CPLP.
Para além do convite da OMS, o ministro guineense garantiu a RDP- África ter recebido não só uma “carta – convite” de Luis Gomes Sambo, o Director Regional da OMS para África, assim como uma nota do próprio ministro da saúde de Angola, José Van-Dúnem, a confirmar o convite e a viagem.
O ministro da saúde guineense seguia para o encontro da OMS em de representação do presidente de transição, Serifo Nhmamadjo, também convidado para o encontro, ao qual não terá ido por motivos de agenda política. Na comitiva do ministro Agostinho Ká seguiam ainda o DG da saúde pública da Guiné-Bissau, Umaru Bá e o assessor jurídico do ministério, o advogado Joãozinho Vieira Có. Recorde-se que recentemente o mesmo ministro, Agostinho Ká, viu recusada a sua entrada em Portugal, onde viria participar num encontro com médicos guineenses na diáspora.
As autoridades angolanas não reconhecem o actual governo da Guiné – Bissau que surgiu na seqüência da deposição do primeiro Ministro Carlos Gomes Júnior, que era aliado do regime do Presidente José Eduardo dos Santos. Desde o levantamento militar contra o ex – PM guineense, Luanda retirou de Bissau, o seu embaixador Feliciano Santos, passando a missão diplomática a ser chefiada por um primeiro secretário.
Sentimento “Anti- Angola”
O embargo que o regime de Eduardo dos Santos aplicou ao novo governo guineense, é paralela a um sentimento “Anti- Angola”, no seio da sociedade e classe política daquele país. O mais recente evidencia quanto a este sentimento é reflectida no teor das palavras do Presidente da Guine- Bissau Manuel Serifo Nhamadjo que falou este fim de semana ao programa sociedade das nações da cadeia de televisão portuguesa SIC. Serifo Nhamadjo, explicou sobre as motivações que levaram a deposição do Ex- PM Carlos Gomes Júnior e a expulsão de militares angolanos afectos a MISSANG.
O Presidente interino explicou que os militares guineenses tomaram de assalto e expulsaram a missão de soldados angolanos em nome da estabilidade nacional tendo em conta que as FAA estavam a transportar material bélico pesado (sem conhecimento das FAN da Guiné ) que na percepção dos militares do seu países, o objectivo seria impor a presença de Carlos Gomes Júnior no poder. O ex – PM foi a figura que negociou a exploração de Bauxite e outros minerais com as autoridades num acordo em que o seu país ficaria com 10% das receitas de exploração e outra parte para Angola.
Fonte: Club-k.net/Ditadura do Consenso
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Samuel