Cerca de vinte jovens terão sido detidos esta terça-feira (27.05) quando se preparavam para realizar uma manifestação pacífica e uma vigília em pleno centro de Luanda.
Jovens angolanos protestam contra iregularidades nas eleições gerais de 2012
Um forte dispositivo policial impediu na tarde desta terça-feira o acesso ao centro do Largo da Independência, na cidade de Luanda, onde deveria ter lugar uma manifestação de jovens ativistas para protestar contra assassinatos alegadamente levados a cabo por forças ligadas ao Governo e que coincidiu com mais um aniversário da alegada tentativa de golpe de Estado de Nito Alves em 1977. Vinte jovens terão sido detidos.
Segundo fontes contatadas pela DW África, o acesso ao interior do largo, numa
das rotundas mais movimentadas do centro da capital angolana, começou a ser vigiado muito cedo por dezenas policiais.
"Chega de chacinas em Angola"- lema da vigília
O autointitulado Movimento Revolucionário, um grupo de jovens ativistas dos direitos cívicos angolanos, convocou uma concentração seguida de uma vigília para aquele local, sob o lema "Chega de chacinas em Angola”.
Segundo fontes contatadas pela DW África, o acesso ao interior do largo, numa
das rotundas mais movimentadas do centro da capital angolana, começou a ser vigiado muito cedo por dezenas policiais.
"Chega de chacinas em Angola"- lema da vigília
O autointitulado Movimento Revolucionário, um grupo de jovens ativistas dos direitos cívicos angolanos, convocou uma concentração seguida de uma vigília para aquele local, sob o lema "Chega de chacinas em Angola”.
Mbanza Hamza, um dos ativistas presentes na concentração, disse à DW África que “a polícia voltou a servir o mesmo prato de sempre, ou seja, detenções e agressões”. Segundo o nosso entrevistado, o número de detidos é agora de 20 jovens e não se sabe "para onde os levaram". "A única coisa que sabemos é que um jornalista angolano que foi detido já foi libertado", diz Hamza, acrescentando que "enquanto levavam os detidos, a polícia disparou uma bomba de gás lacrimogéneo para dentro do carro onde os jovens se encontravam”.
E Hamza cita alguns nomes dos jovens que foram detidos: “Nito Alves, Raul Mandela, Teka Petrovski, Adolfo Campos, Abrão, Agostinho Pensador, Adriano Catumbela e outros tantos que não conseguimos por enquanto identificar”.
A concentração seguida de vigília era uma atividade puramente pacífica e, para os ativistas, "seria um momento de reflexão sobre o 27 de maio, que se quer a todo o custo calar”, sublinha Hamza, ao justificar que, precisamente por esse facto, comunicaram "com a devida antecedência ao governo da província a realização dessa atividade". "Mas, enfim...”, conclui.
Jovens totalmente desapontados com atuação da polícia de Luanda
Jovens totalmente desapontados com atuação da polícia de Luanda
Por seu turno, Pedro Malembe, um outro jovem que estava na concentração, manifestou-se totalmente "desapontado com esta situação que deveria acabar de uma vez por todas", porque “tudo o que estava programado foi atempadamente comunicado às autoridades". "E nem sequer recebemos nenhuma resposta", afirma. "Neste caso, partimos do princípio de que tudo iria correr da melhor forma. O dever da polícia era apenas manter a ordem pública e proteger os bens públicos, mas ela fez precisamente o contrário, reprimiu a concentração, algo que é contra os princípios de um Estado de direito um país que se diz ser democrático", considera o jovem ativista.
Malembe deixou claro que os jovens estão a entrar em contacto com o comandante geral da Polícia Nacional Ambrósio de Lemos. “Queremos que os nossos amigos e colegas sejam libertados porque não fizeram nada de mal, apenas queriam reivindicar um direito que todo o cidadão angolano pode e deve”, justifica.
A DW África telefonou várias vezes para o telemóvel do Comandante Geral da Polícia Nacional de Angola, mas ninguém atendeu.
37° aniversário da "purga" no seio do MPLA contra os "fraccionistas"
Recorde-se que este movimento de jovens tem protagonizado manifestações de protesto na capital angolana desde 2011, nomeadamente com críticas à atuação das forças de segurança, terminando geralmente em confrontos com a polícia.
37° aniversário da "purga" no seio do MPLA contra os "fraccionistas"
Recorde-se que este movimento de jovens tem protagonizado manifestações de protesto na capital angolana desde 2011, nomeadamente com críticas à atuação das forças de segurança, terminando geralmente em confrontos com a polícia.
A vigília desta terça-feira acontece na passagem do 37.° aniversário da liquidação da ala do MPLA dirigida por Nito Alves e José Van Dunem. Sobre esta data, e segundo a convocatória colocada a circular pelo movimento, estes exigem a criação de uma "Comissão da Verdade" sobre o que aconteceu em 1977.
O movimento reclama ainda justiça para o caso dos ativistas e ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, que desapareceram em maio de 2012. Estes tentavam, na altura, organizar uma manifestação de outros antigos camaradas de armas, para exigir o pagamento de subsídiosalegadamente em atraso, nalguns casos há mais de 20 anos sem serem pagos.
O movimento reclama ainda justiça para o caso dos ativistas e ex-militares Alves Kamulingue e Isaías Cassule, que desapareceram em maio de 2012. Estes tentavam, na altura, organizar uma manifestação de outros antigos camaradas de armas, para exigir o pagamento de subsídiosalegadamente em atraso, nalguns casos há mais de 20 anos sem serem pagos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.
Um abraço!
Samuel