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sábado, 11 de julho de 2015

Crise grega reaviva memória local da Segunda Guerra.

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Getty
Filas para conseguir alimentos ainda não são comuns na Grécia, mas a população teme que elas voltem

"Queremos democracia, não queremos guerra", disse Lila Stylianou, professora de música que conversou com a reportagem da BBC na área portuária de Piraeus, logo depois do plebiscito de domingo na Grécia.
Os cafés na Marina Zea ficaram lotados no entardecer, com os clientes tomando sorvete e bebendo cerveja. Uma comunidade que não parecia temer um conflito iminente.
Mas, na última semana, enquanto o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, continuava a "luta" para garantir um pacote de ajuda melhor para a Grécia, as referências a um estado de guerra é algo que ouvi de quase todas as pessoas com quem conversei.
"Estamos prontos para passar fome. Não estamos prontos para guerra", disse Flora, uma assistente de farmácia de 66 anos de Piraeus, que também contou sobre a perigosa falta de suprimentos médicos que está observando.
Enquanto isto, no bairro rico de Kifissia, no norte de Atenas, encontrei uma consumidora que se mudou para a Grécia depois de fugir do conflito no Líbano.
"Você sai do seu pais para ficar longe da guerra e então você acaba aqui. É como uma guerra sem bombardeios", disse.
As pessoas não estão conseguindo dormir. Elas seguem as últimas notícias nas rádios e na televisão, fazem filas para sacar apenas 60 euros por dia em dinheiro.

Ajuda humanitária

A Comissão Europeia já está analisando a possibilidade de enviar ajuda humanitária para a Grécia se não se chegar a um acordo, algo geralmente reservado para zonas de guerra.
Stathis Gourgouris, escritor e filósofo especializado em política, afirma que não é exagero comparar a vida do país a uma "guerra sem bombas".
"Os eventos estão progredindo com uma velocidade extraordinária. Todos estão no limite", disse.
Ele lembra o rápido declínio da riqueza no país nos últimos cinco anos. Antes da Grécia receber ajuda em abril de 2010, o desemprego era de 11,8%. Agora, a taxa está acima de 25%.
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A chanceler alemã, Angela Merkel, é considerada uma grande vilã por muitos gregos
E, segundo Gourgouris, este "fenômeno do rápido empobrecimento" é mais semelhante ao que acontece em condições de conflito.
No entanto, nem todos concordam.
"Nem todo mundo usa metáforas de guerra hoje. Eu não uso", disse o historiador Efi Avdela.
Mas, a ideia da guerra permeia muitas conversas.
Na região fértil nos arredores de Markopoulo, um subúrbio de Atenas, conversei com Vassilis Papagiannakos, fabricante de vinhos, em meio às videiras e oliveiras.
Por aqui, ainda não observei sinais de falta de comida.
Mas, Pappagiannokos não aprova a sugestão de que, no pior dos cenários, esta área tem uma produção de alimentos alta o bastante para sobreviver. Ele descreveu a ideia como um pesadelo.
Para ele, isto lembra as histórias que seu pai contava sobre a Segunda Guerra Mundial, quando a Grécia ocupada pelos nazistas, sofreu com a fome e era comum ver corpos abandonados nas ruas de Atenas.
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Polícia militar britânica organiza uma fila para alimentos na Grécia em 1945 - os gregos tinham que fazer fila durante e depois da ocupação nazista
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Monumentos para as vítimas da ocupação nazista, como este em Karakolithos, estão em várias partes do país

Memória da Guerra

Na verdade, a memória da guerra está muito próxima na Grécia e parece estar afetando as respostas das pessoas à crise econômica.
"Memórias da ocupação ainda são muito fortes. Há pessoas vivas que passaram por isto e outros ouviram as histórias de pais e avós. Foi uma época muito terrível - e a guerra civil que ocorreu depois foi um evento traumático", disse Gourgouris.
A antropóloga Neni Panourgia disse que a Grécia nunca teve um período de "pós-guerra". Depois da Segunda Guerra Mundial, a Grécia sofreu com uma guerra civil violenta e uma ditadura militar, antes de se juntar à União Europeia em 1981.
"Os anos de vida normal antes da União Europeia foram poucos", afirmou.
O governo de esquerda do partido Syriza fez muitas referências aos dias mais difíceis da história da Grécia desde que assumiu o poder em janeiro.
O primeiro gesto de Alexis Tsipras como primeiro-ministro foi uma visita a um monumento em homenagem aos comunistas executados pelas forças de ocupação nazistas em 1944.

'Guerra econômica'

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A maioria das filas na Grécia, até o momento, são de pessoas para sacar dinheiro nos bancos
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O 'fenômeno do empobrecimento rápido' aumentou ainda mais a impopularidade do FMI na Grécia
Para um homem cuja vida política começou como um comunista, a visita teve muito simbolismo. E outra razão deste simbolismo é que a Alemanha tem a maior fatia da dívida grega do que qualquer outro país da zona do euro e a Grécia ainda está buscando indenizações pela ocupação nazista do país.
"Os alemães querem controlar toda a Europa. É uma guerra econômica", disse o dono de um café.
A longa história entre a Grécia e a Alemanha significa que algumas pessoas, nos dois países, responderam ao impasse fiscal em "termos culturais", segundo Gourgouris.
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As negociações de Tsipras com o presidente russo Vladimir Putin geraram cautela entre alguns gregos
Neni Panourgia disse, por sua vez, que a Alemanha agora é vista como um obstáculo à Grécia nas negociações da dívida do país.
"Enquanto os italianos, franceses, belgas e o FMI falam sobre a vontade de aceitar algum tipo de perdão de dívida... os alemães são vistos como o obstáculo", disse.
O ex-ministro da Economia Yanis Varoufakis disse, no mês passado, que os credores internacionais do país transformaram as negociações "em uma guerra".
E as negociações de Tsipras com o presidente russo, Vladimir Putin, também colocaram alguns gregos em alerta.

Geopolítica

Seja negociando táticas ou sugestões mais sérias, estas medidas colocaram a dívida grega no mapa geopolítico.
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O partido do governo, o esquerdista Syriza, fez muitas referências aos dias mais sombrios da Grécia desde que assumiu o poder
"A Grécia sempre foi um país muito pequeno com pouco poder, mas com importância extraordinária devido à sua localização geográfica - entre a Europa e o Oriente Médio", disse o professor Gourgouris.
E os gregos parecem bem conscientes deste fato.
"Acho que isto vai acabar em guerra por causa da localização da Grécia", foi a resposta de Flora, da farmácia de Piraeus, quando perguntei se ela realmente temia que a Grécia pudesse ser atacada.
Outros questionam como a crise de imigração do Mar Mediterrâneo, as intenções do presidente Recep Tayyip Erdogan, da vizinha Turquia, e a crescente militância islâmica no Oriente Médio podem afetar o país.
Mas, a maioria das pessoas com quem conversei afirmam que não acreditam em uma guerra real.
O slogan "guerra sem bombas" é apenas uma metáfora útil para as pessoas que não querem ser ignoradas.
Estas pessoas afirmam que o atual impasse em que o país se encontra é a última crise em uma história tumultuada que ainda está viva nos dias de hoje.

#bbc.com

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Samuel

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