Filomeno Pina - Nô Djagra
A verdade mais uma vez flutua, teima em permanecer na superfície, levantando
a velha questão, do porquê da existência de vícios espalhados nas elites do
poder político Guineense! Mudamos o disco, mas no tema “honestidade” tem sido
quase certo que teremos um disco velho e riscado.
Será que os políticos na Guiné-Bissau (da independência aos nossos dias), na
sua maioria transportam sinais de cumplicidade criminosa, como marca do baptismo
de fogo a que foram sujeitos num teste de garantia, de passagem à iniciação de
liderança na elite do poder político e institucional?
Questiona-se hoje, se
certos líderes repetentes terão "cadáveres no currículo”, meia culpa,
ou se outrora participaram em serviços sujos, por isso mesmo, ainda pertencem
ao sistema de corrupção típica montada no País há décadas. Falamos de uma realidade
favorecida pela impunidade da Justiça, mas que, no entanto, ultimamente tem
dado sinais de mudança pela positiva, por isso sublinho uma questão pertinente:
será por esta via ou processo de recrutamento que ascenderam a maior parte das chefias
do poder que nos governaram desde a independência até hoje, no País?
Parece que os suspeitos do costume (por desvio de património do Estado,
corrupção, crimes de sangue, espionagem mentirosa, roubo, etc.) na Guiné-Bissau,
vão parar ao poder como um “troféu”, e isto verifica-se até hoje, através de líderes
que nos impingem.
Parecendo por isso que primeiro terá que ficar aprovada a sua competência
criminal e obediência cega, para depois merecer “aceitação” da cúpula do poder,
um foco mafioso que tem manipulado de forma subterrânea todo futuro do País. Se
não perguntamo-nos, da razão de, mais uma vez, não se acertar num Guineense - LIMPO - sem sinais de corrupção
ou outros crimes!?
Eis a grande questão que se coloca, dado a reincidência de políticos sob
suspeitas graves ou com “cadastro”, uma perna por limpar na Justiça, e mantendo
a sua imagem medíocre, mas, que não aquecem nem arrefecem o lugar que ocupam, visto
que - NÃO - pedem a sua demissão do
cargo que ocupam, como forma de libertar a imagem do Governo por um lado e por
outro, libertar o próprio País da ideia de corrupção colectiva no plano
internacional (parceiros económicos), o que é muito grave, nesta nova fase de
mudanças profundas que todos desejamos.
Não há regra sem excepção,
há políticos sérios, ou melhor, houve sempre até à presente conjuntura, Guineenses
honestos no poder político, mas há
corruptos em boa quantidade, não sendo então coincidência, o facto do termómetro
ter disparado novamente no País, registando níveis de desonestidade e corrupção,
implicando alguns líderes recentemente nomeados para cargos de chefia no
Governo actual e não só!
Resta sublinhar que os casos trazidos à superfície nos últimos
meses (de potenciais corruptos ou inocentes, até transitarem em julgado), hoje trazem
a justiça à perna, mas, - NÃO se
fizeram num Ano de Governação como corruptos - provavelmente há muitos anos
que transportam este vicio, vindos de ensinamento de pais para filhos, da
escola antiga da promiscuidade, corrupção e impunidade da Justiça, penso que
facilitou a formação de mau carácter nos líderes, na maneira como mexem na
coisa pública, é gravíssimo, penso.
O património do Estado é sagrado, deve ser controlado pelos seus melhores
filhos, e não tem acontecido por influência de forças ocultas, teimam em minar
mais uma vez este processo de desenvolvimento sustentado no Pais,
BASTA, BASTA, BASTA!
Este Governo não podia ter adivinhado meticulosamente o que vai na alma dos
Líderes nomeados para o exercício do mandato, é aqui que está o busílis da
questão, podendo ter sido a falha grave cometida na constituição deste Governo
depois das eleições, por não se ter feito avaliação prévia e individual, submetendo
os nomes escolhidos ao estudo de perfil pessoal/social, propondo até aos
Serviços de Investigação Judicial um parecer em relação a cada um dos lideres, avaliados
antes da nomeação para os cargos de liderança. Sem ofensa, quem quer ocupar um
cargo público tem que estar sujeito a certas regras de convivência Democrática
e, julgo que hoje, teríamos evitado um grande erro, que tem vindo a fustigar/manchar
o elenco do Governo no seu todo e, injustamente, metendo todos no mesmo saco,
quando sabemos que nem todos são oriundos da mesma farinha, pense nisto, pois há
indivíduos no Governo, que para além de honestos e com provas dadas de
competência, boa liderança, ainda têm feito um bom trabalho.
Os menos bons, há que ajudá-los a mudar de comportamento e não tem de ser
nos lugares de chefia, também faz parte da Democracia o sentido de mudança, de
substituição e, sempre que se justificar, uma melhoria de condições de trabalho
ou de sistema/modelo de intervenção no terreno, só.
Este tema merece reflexão especial, uma ginástica mental sem complexos
ideológicos, culturais ou interpessoais, sendo que o único objectivo aqui é
pensar os nossos próprios pensamentos, na Guyneendady, com toda a sinceridade,
testarmos a hipótese levantada de haver ou não "cadáveres
no currículo" (cumplicidade criminosa) para então passar a camarada de
confiança do grupo secreto…
Pergunto, será tudo isto possível ou sou eu com a minha imaginação fértil? O
objectivo da análise é vasculhar o fundo desta questão, sabendo que o poder tem
facilmente corrompido os líderes Guineenses ao longo do tempo, desde a
independência aos dias de hoje, queixamo-nos constantemente dos nossos líderes políticos da
praça, pense camarada, terá algo de verdade estas tintas ou trata-se de
ansiedade colectiva a pensar Guiné-Bissau com humildade, pense nisto!
A confirmar esta hipótese levantada como sendo a verdadeira, embora nunca
tratada com a liberdade de expressão contida na sociedade, compreenderemos a
existência de um grau implícito de chantagem induzida, manipulação, cobranças
difíceis, o medo, a paranoia, a que está sujeito qualquer líder nestas
condições psicológicas.
Perseguidos por fantasmas que afinal coabitam junto a nós, através do poder
exercido sobre os líderes, esta força oculta em tudo semelhante à - ilusão
do amputado - lembra pontualmente que o "membro
amputado" pode coçar ou doer na mesma, parecendo continuar vivo no sítio
através da memória, a manipulação é activada de fora para dentro, daí que a
liberdade de alguns políticos feitos reféns desta maldição acaba por provocar
crises profundas no sistema, no entanto, sentimos que alguns resistem como
heróis e, garças a estes resistentes, até hoje, temos esperanças de um dia
cantarmos vitória do Povo legítimo, sobre os maus e os seus fantasmas!
A presença de fantasmas é devida ao efeito pós traumático de situações
vividas num passado conspirador e de má política, com culpas no cartório, pecados
por omissão (boca calada), com uma mão no cravo e outra na ferradura, com
ressentimentos, inquietudes, sentimentos de culpa pelo rabo preso, telhados de
vidro e não só, histórias inoportunas e congeladas, tudo isto pode ser uma
ameaça, para quem está no poder mas com o rabo preso, quem não é livre para
funcionar no meio desta vaga de movimento de mudança no País.
É mau para quem tem de obedecer à chantagem e ao mesmo tempo ser Líder! Podendo
nunca mais se livrar desta pressão, por mais inteligente que seja, será incapaz
de reconquistar a liberdade pessoal, e passa a obediente dum culto invisível,
porque também deve favores, como testemunha, actor ou então figurante num
processo mau, por isso será controlado por fantasmas que respiram como nós,
mas, será por isso, que vemos sombras sem figura real em certos políticos da
actualidade?
As sombras parecem ter mais peso do que a figura real em certos momentos da
vida do País. Este peso de sombra perturba o percurso do desenvolvimento do
País, muitas vezes é responsável por boatos, intrigas, ameaças, conflitos e
guerras pessoais sem precedente, onde tudo se desenrola em segredo como se líderes
fossem "robots" no poder, comandados por figuras-sombra, à distância,
interessados no País.
Será que quem sabe de histórias ocultas do País, calou fundo o que tem
dentro ou prefere encarnar na voz do diabo no corpo e sacudir as ordens vindas
do exterior? Acredito na independência de acção e pensamento a favor do Povo.
Há monstros atrás do cortinado, também comem, bebem e respiram como nós,
eis a questão mais séria, porque não estando, estão através de alguns presentes
e sem voz própria!
O poder-sombra desafia constantemente o poder- real na Guiné-Bissau, é uma verdade
nua e crua a termos em conta, que afecta as escolhas do País, por isso, nada
melhor do que usar o método de transparência para tudo que seja decisão de
destinos programados para o País.
Há que aprender com os nossos parceiros económicos, com os países em vias
de desenvolvimento e, entre os Guineenses, medirmos as consequências dentro de
casa dos prós e contras das grandes decisões de peso para o País, tudo sempre com
transparência total, logo que oportuno, a aplicação duma medida pelo interesse
global do País no território nacional.
Que Deus abençoe a Guiné-Bissau, eternamente…
Djarama. Filomeno Pina.
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Samuel