Francisco irá ao Quênia, Uganda e República Centro-Africana.
Dez mil agentes vão garantir a segurança do pontífice no Quênia.
Papa Francisco embarca para a África
(Foto: Andreas Solaro / AFP Photo)
(Foto: Andreas Solaro / AFP Photo)
O papa Francisco embarcou nesta quarta-feira (25) para sua primeira visita à África. Ele desembarcará em Nairóbi, no Quênia. Na sequência, vai a Uganda e República Centro-Africana. Francisco é o quarto papa na história a visitar a África.
Um grande esquema de segurança foi montado para a chegada do pontífice. Dez mil agentes foram deslocados para isso. Há o temor de um ataque terrorista do grupo al-Shabab.
Quênia, Uganda e República Centro-Africana são países marcados pela falta de respeito aos direitos humanos e a violência armada. Francisco pretende deixar uma mensagem de justiça, paz e tolerância.
Quênia
O pontífice aterrissará à tarde em Nairóbi, onde encontrará o presidente do país, Uhuru Kenyatta, que até o final do ano passado era acusado pelo Tribunal Penal Internacional como responsável pela onda de violência ocorrida no Quênia após as eleições de 2007.
Há cinco anos, o país dos safáris estava em permanente estado de alerta pela ameaça do grupo jihadista somali al-Shabab, que em setembro de 2013 se tornou conhecido internacionalmente ao matar 67 pessoas durante um ataque de quatro dias ao shopping mais movimentado de Nairóbi.
Em abril deste ano, a organização terrorista realizou outro massacre na Universidade de Garissa, no norte do país, onde homens armados com fuzis e granadas assassinaram 143 pessoas, a maioria estudante. Os líderes de al-Shabab reforçam periodicamente que continuarão atacando enquanto o governo de Kenyatta mantiver suas tropas na Somália.
Neste contexto, a visita do papa adquire a condição de máximo risco e requer um dispositivo extraordinário de segurança que irá mudar o dia a dia da capital. Ao todo, 10 mil agentes vigiarão uma cidade que, durante a maior parte da quinta (26) e da sexta (27), terá todas as principais avenidas fechadas para o trânsito.
Além disso, o governo declarou o dia 26 como feriado nacional. A justificativa oficial é permitir que todos possam aproveitar a visita papal, mas o motivo real, em um país de maioria protestante e sem grandes expectativas quanto a visita, é que milhares de pessoas nem sequer poderão chegar ao trabalho.
Uganda
O cenário não é muito diferente em Uganda. Ainda que em menor medida, o papa também desafiará à ameaça jihadista nesse país, onde os Estados Unidos e o Reino Unido lançaram neste ano pelo menos dois alertas por possíveis atentados.
Desde 2007, Uganda mantém mais de 6 mil soldados na Somália. Como resposta, a al-Shabab matou 79 pessoas ao colocar uma bomba em um restaurante de Campala durante a final da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul.
Porém, a maior ameaça que o pontífice conhecerá neste país será a que diariamente sofrem os homossexuais, perseguidos pela sociedade, pela igreja, pelo governo e pela Justiça, com duras condenações. O movimento LGBT espera que o papa interceda a Igreja local e o governo para aliviar sua situação, que pode ser agravada por uma lei que pretende determinar a prisão perpétua para os que cometerem os "delitos de homossexualismo".
República Centro-Africana
A etapa mais perigosa desta viagem será, no entanto, a última, na República Centro-Africana (RC): um país em estado de guerra pelo conflito étnico-religioso entre cristãos e muçulmanos.
"Estou preparado para sustentar o diálogo inter-religioso e para incentivar a convivência pacífica. Sei que é possível, porque todos somos irmãos", disse Francisco em uma mensagem em vídeo aos cidadãos do país.
O Vaticano pensou em suspender este parada por conta da intensificação da violência vivida nas últimas semanas em Bangui, mas, por fim, o pontífice confirmou que viajaria como símbolo de mediação no conflito.
Durante sua estadia na capital, ele visitará a Grande Mesquita, e os muçulmanos, que quase foram expulsos do país pelas milícias cristãs, se mostraram favoráveis a este gesto. Em declarações divulgadas na semana passada, a Coalizão-Séléka, integrada majoritariamente por muçulmanos, admitiu que a visita papal é "uma oportunidade para movimentar o povo rumo à paz, a coesão social, o amor e o perdão".
No entanto, no mês passado, o arcebispo de Bangui, Dieudonné Nzapalainga, sofreu uma tentativa de sequestro durante um encontro com líderes muçulmanos para falar sobre a visita do papa, segundo fontes do governo centro-africano.
Agora, aproximadamente, 3 mil boinas azuis da Minusca - a missão da Organização das Nações Unidas (ONU) neste país -, reforçados por soldados internacionais e 500 policiais, farão de tudo para garantir que a viagem de Francisco transcorrerá, da mesma forma que seu pontificado, pacificamente.
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Samuel