O presidente da UNITA e candidato à reeleição, Isaías Samakuva, afirmou que está a chegar o “fim de uma era” em Angola, e a iniciar-se uma “fase de transição”, que passa por eleger em 2017 um Governo “que trabalhe para o povo”.
O líder
do Galo Negro discursava em Luanda na abertura do XII Congresso ordinário da
UNITA, na qualidade de presidente cessante, tendo em conta a eleição para a
presidência a realizar no sábado.
Num
discurso virado para a análise crítica à governação do MPLA, partido no poder desde
a independência em 1975, o presidente da UNITA afirmou que a nação angolana
“atravessa um dos seus maus momentos desde que alcançou a paz” , em 2002.
“A crise
económica estendeu-se para vários sectores da vida do país, o sistema
financeiro não tem liquidez nem solidez para sustentar a economia, as empresas
estão insolventes, os trabalhadores estão a ser despedidos todos os dias. Os
que deviam utilizar os recursos públicos para servir os cidadãos demitiram-se
das suas funções”, afirmou Samakuva numa severa crítica ao governo liderado por
José Eduardo dos Santos.
A sessão
de abertura do congresso da UNITA decorreu esta manhã e a eleição do
presidente, à qual concorrem os deputados Lukamba Paulo ‘Gato’, Abílio Kamalata
Numa e Isaías N’gola Samakuva, terá lugar durante todo o dia de sábado.
Para
Isaías Samakuva, que discursava sempre na condição de presidente cessante,
Angola enfrenta a “incapacidade e insuficiência do poder central para os gerir
os múltiplos problemas locais” e o Estado “não consegue assegurar, sem roturas,
o essencial da prestação de serviços públicos e dos serviços sociais”.
“E está a
planear agora suspender ou parar o pagamento das pensões dos ex-militares”,
acusou Samakuva, acrescentando que “os angolanos estão convencidos que todos
estes problemas só serão resolvidos com a mudança do regime político em
Angola”.
Perspectivando
que o país está a entrar “numa fase de transição para algo diferente”, Samakuva
diz que “não há mais outro remédio”, perante o “fim de uma era” do que querer levar
Angola a entrar “numa fase de transição para algo diferente”.
“Angola
quer um novo Governo para servir os angolanos. Um Governo que trabalhe para o
povo, um Governo que sirva os angolanos e coloque o angolano em primeiro lugar
na sua agenda política e social”, enfatizou o líder da UNITA, que discursava na
presença de representantes de vários outros partidos da oposição, mas sem a
presença, anunciada, de qualquer elemento do MPLA.
Samakuva
insistiu que a auscultação da população conclui que “todos os extractos sociais
indicam que Angola quer a mudança” e que o país está “preparado”.
“Os
angolanos perderam a confiança no sistema judicial, porque os assassinos estão
a ser absolvidos e os inocentes é que estão a ser condenados. As pessoas estão
a ser presas, perseguidas e mortas só por pensarem diferente e os juízes
continuam a ditar as sentenças, cumprindo ordens superiores”, criticou, num
discurso a que a assistiu o presidente do Tribunal Constitucional angolano, o
juiz Rui Ferreira.
Enumerando
várias medidas para “aprofundar a democracia em Angola”, começando por
“libertar os órgãos de comunicação social públicos da tutela do partido-estado”
ou estabelecer as autarquias locais no país e a “despartidarização do aparelho
do Estado”, Samakuva apontou, perante a ovação de uma sala com mais de mil
pessoas, a que disse ser a mais “poderosa e eficaz” de todas: “mudar o regime
nas próximas eleições gerais previstas para 2017″.
Na
mensagem de abertura do congresso, o líder da UNITA assumiu que o partido e os
angolanos “amadureceram” nos últimos anos, colocando sempre a tónica nas
próximas eleições gerais.
“Os
angolanos já não querem ir atrás das promessas fáceis porque já estão cansados
e não querem mais ser enganados”, concluiu Isaías Samakuva.
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Samuel