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quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Governo de Unidade Nacional será solução para a Guiné-Bissau?

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As principais forças políticas da Guiné-Bissau poderão estar a ponderar a formação de um governo comum que permita ultrapassar o impasse que se vive no país há mais de um mês.
Parlamento guineense
Na capital guineense, há quem acredite que os dois principais partidos no Parlamento da Guiné-Bissau, o Partido Africano da Independência da Guiné e de Cabo Verde (PAIGC) e o Partido da Renovação Socíal ( PRS), ponderam a possibilidade de ser criado um Governo de Unidade Nacional para desbloquear o impasse que se assiste no país há mais de um mês.
Com efeito, o Parlamento guineense não consegue, há mais de trinta dias, agendar uma data para a discussão do programa do Governo, já que os dois partidos não se entendem quanto ao assunto.
Carlos Correia líder do PAIGC
Para tentar desbloquear a situação, a comunidade internacional representada no país tem promovido encontros para aproximar as direções do PAIGC e do PRS.
Elementos da comunidade internacional reuniram-se na passada quinta-feira (18.08) com delegações dos dois partidos. À saída dos encontros, Carlos Correia, do PAIGC, e Jorge Malú, do PRS, falaram, pela primeira vez e de forma aberta, na possibilidade de ser criado um Governo de Unidade Nacional.
"Dissolver o Parlamento ou arranjar uma solução para conduzir o país"
A DW África perguntou ao jurista e analista político guineense Fodé Mané se acha realista a ideia de um Governo de Unidade, numa altura em que as posições de ambos os lados são extremadas.
"Garantir que é possível é muito díficil neste momento. Mas temos que confiar que com uma mediação e usando uma leitura real da situação seja possível aproximar as partes", diz o analista.
Fodé Mané acrescenta que "perante a situação em que o país se encontra só existem duas saídas: dissolver o Parlamento e devolver a palavra ao povo ou arranjar uma solução para conduzir o país".
O jurista considera que há obstáculos que têm que ser ultrapassados no atual Executivo e afirma que "para governar, é necessário um programa sancionado pelo eleitorado e aprovado pela Assembleia". No entanto, acrescenta Fodé Mané, "a própria Assembleia está irreconhecível e já não representa a expressão do eleitorado".
Eleições presidenciais na Guiné
Reconciliação é um projeto nacional
Por seu turno, o Pároco de Buba e vigário geral da Diocese de Bafatá, Domingos da Fonseca, presidente da comissão preparatória da Conferência Nacional de Reconciliação, que deverá realizar-se na Guiné-Bissau em novembro, disse à DW África que não se deve falar num Governo de Unidade Nacional sem falar de "um projeto nacional" de reconciliação.
Domingos da Fonseca garante que está a trabalhar com "os donos da soberania nacional" com vista ao entendimento. "Se os políticos não se apropriarem do projeto [de reconciliação], não iremos a nenhuma parte. Todos os guineenses têm que fazer deste projeto o seu objetivo. Com o tempo acabarão por se reconciliar".
Para o Padre Domingos, a reconciliação entre os guineenses será possível, desde que se dê tempo para que tal aconteça.
"O país está a fazer os seus progressos ao nível interno. Cada país tem os seus passos e o seu dinamismo. Os políticos acabarão por encontrar uma solução", conclui.

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Samuel

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