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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

"Não podemos ficar agarrados à nostalgia da língua", diz secretário-executivo da CPLP.

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O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, afirmou, em Lisboa, que a organização deve traçar, para a próxima década, políticas de cooperação entre os países nas áreas de educação, agricultura, energia e turismo. Na opinião do diplomata moçambicano, seguir à risca a aplicação do acordo ortográfico não é uma prioridade.



Lisboa - O secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Murade Murargy, afirmou, em Lisboa, que a organização deve traçar, para a próxima década, políticas de cooperação entre os países nas áreas de educação, agricultura, energia e turismo. Na opinião do diplomata moçambicano, seguir à risca a aplicação do acordo ortográfico não é uma prioridade.
"A língua é muito importante, não há dúvida nenhuma, e é nossa obrigação difundi-la, promovê-la, internacionalizá-la. Mas não podemos ficar apenas agarrados à nostalgia da língua. A língua é um meio de transmissão de conhecimento, de negócios, do comércio, do investimento. Eu, por exemplo, não me preocupo se estou a aplicar [o acordo ortográfico] ou não. Se as pessoas me entendem, vamos em frente", disse Murargy, em entrevista à Agência Brasil.
Para o secretário, que estará em Brasília no fim de outubro por ocasião da XI Conferência de Chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, a CPLP está cada vez mais visível no contexto internacional. Uma série de países, como a Índia e a Austrália, se candidataram, inclusive, para serem observadores da Comunidade.
"Nós, os países-membros, não nos olhamos ao espelho para ver quão interessante somos. Os outros é que olham para nós e veem a importância que nós temos no cenário internacional. O potencial econômico, os recursos naturais que nós temos... Eles [os países observadores] querem ter acesso a nossas negociações sobre comércio e investimento. Todo mundo quer aprender português, sobretudo por causa dos países africanos. Hoje a Turquia está na África. A China e a Índia estão na África. Estão todos a correr para a África para desenvolver negócios".
Segundo Murargy, que serviu como embaixador de Moçambique no Brasil por seis anos e meio, é preciso que os países-membros da CPLP redefinam os objetivos da organização, tendo em conta seu potencial econômico e seus recursos naturais.
"Todos os países da CPLP têm uma capacidade energética muito forte. É preciso traçar políticas para exploração desse recursos em benefício dos nossos próprios povos. Na agricultura é a mesma coisa. A larga experiência do Brasil, através dos conhecimentos que a Embrapa [Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária] possui, pode ser transmitida a outros países que também têm capacidade para produzir alimentos. A próxima guerra vai ser por alimentos. E nós temos a capacidade de minimizar os grandes deficits de alimentos no mundo".
No entanto, para Murargy, o maior dos desafios que a Comunidade enfrenta é na área da educação e do desenvolvimento humano. "Os países, sobretudo da África, ainda têm um grande deficit na área de educação, inclusive na educação de base, e é preciso eliminar o analfabetismo para que não haja um cidadão que não saiba ler, escrever, fazer contas".
A respeito do Brasil, Murargy disse que o país está buscando o equilíbrio entre as prioridades internas e o compromisso que tem com as comunidades, como a CPLP e as Nações Unidas.
"É preciso ter em conta que o Brasil é um vasto continente e, apesar de ter muitos recursos, é um país em desenvolvimento. Um país que luta para resolver seus problemas de base, como pobreza, educação, saúde, habitação. Então o Brasil interessa-se [pela CPLP] na medida do que é possível. Assim como outros países, como Angola e Moçambique, dá prioridade obviamente à resolução dos problemas internos. Os problemas da Comunidade ficam sempre em segundo ou terceiro plano".
Acordo Ortográfico
"Quanto ao acordo ortográfico, muita gente não está de acordo, há muitos intelectuais, jornalistas, que não aplicam pois acham que não traz vantagens. Não há uma unanimidade sobre se valeu a pena ou não o tanto de dinheiro que se gastou. As implicações financeiras da aplicação do acordo são grandes. A alteração dos manuais escolares, por exemplo, sobretudo nos países africanos, que não têm capacidade financeira para mandar alterar tudo. Acredito que devemos concentrar-nos no que é fundamental para permitir que os outros [países-membros] possam se desenvolver".
Futuro da CPLP
"Eu gostaria que a CPLP resolvesse um grande problema, que é a questão da mobilidade do cidadão no espaço da Comunidade. Sobretudo em grupos identificados, que são os empresários, jornalistas, artistas, desportistas, estudantes, investigadores, pesquisadores. A este grupo podíamos começar a dar uma porta de saída para circular no espaço, enquanto os países se organizam, para que a abertura seja total para os outros cidadãos. Isso seria um grande avanço nos próximos dez anos. E isso tem implicações na questão da educação, dos intercâmbios de conhecimento entre estudantes de Portugal, Brasil, Moçambique... Porque esses são os cidadãos que vão transmitir a imagem do que é a CPLP, deste sentimento de pertença à CPLP".

"Eu vejo que, se houver vontade política, e espero que em Brasília os chefes de estado reafirmem a sua decisão de que a CPLP é uma organização para todos os nossos povos, é possível dar um impulso para que continue a crescer cada vez mais. Eu acredito que é um grande instrumento que temos para nos posicionarmos a nível internacional. Hoje já somos incontornáveis, mas podemos ser mais se mostrarmos um empenho em que essa organização cresça", afirmou o secretário executivo.
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Samuel

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