Além de apelar a mais ajuda para desmobilizar os antigos homens armados da RENAMO, o Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, realçou na Assembleia-Geral das Nações Unidas o consenso no país e os "passos firmes" para a paz.
fonte: DW África
O Presidente da República de Moçambique quer mais apoio da comunidade internacional. O apelo foi lançado por Filipe Nyusi, esta terça-feira (25.09), na sua intervenção na Assembleia-Geral das Nações Unidas, a decorrer em Nova Iorque. "Não se ergue com a mesma facilidade o que se derrubou. Por isso, para se trabalhar na paz, reconciliação e no desenvolvimento, apelamos para que mais assistência seja dada para materialização do processo de desarmamento, desmobilização e reintegração de elementos residuais que em breve terá início no país", pediu.
O chefe de Estado moçambicano agradeceu "o apoio e carinho da comunidade internacional" e pediu que continue a assistência financeira para resolver um assunto que classifica como "complexo".
O chefe de Estado moçambicano frisou que há "consenso no país" e realçou os "passos firmes", resultantes do diálogo político, dados para "uma paz duradoura e sustentável". E destacou os esforços de descentralização e a revisão da lei eleitoral, "com vista à redução de conflitos e o aprofundamento da democracia".
"Pretendemos realizar eleições gerais sem qualquer partido armado, como aconteceu em ciclos anteriores", sublinhou Nyusi. "Como prova que Moçambique é cultor da democracia, em outubro terão lugar eleições municipais, com a participação de vários partidos e associações da sociedade civil", lembrou.
Reformas no Conselho de Segurança
Filipe Nyusi aproveitou também a sua intervenção na Assembleia Geral para pedir reformas no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Horas antes, o Presidente nigeriano, Muhammadu Buhari, tinha também insistido no mesmo tema, com vista à presença de uma nação africana no órgão.
Num dia marcado pelo discurso de defesa da "soberania americana" e a rejeição da "governação global" do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o chefe de Estado moçambicano foi um dos líderes mundiais a discursar no sentido inverso, apontando as Nações Unidas como "um fórum mãe de diálogo multilateral".
O multilateralismo foi um tema recorrente nos discursos desta terça-feira, com o mote lançado no início dos trabalhos pelo secretário-geral das Nações Unidas. "A ordem mundial é cada vez mais caótica, as relações de poder são menos claras, os valores universais estão a desaparecer. Os princípios democráticos estão sob ameaça. Temos o dever de promover um sistema multilateral renovado e reforçado", destacou António Guterres.
Trump pede isolamento do Irão
No sentido contrário surgiu Donald Trump, com a defesa da agenda "América em primeiro lugar" e ataques à comunidade internacional. O Presidente norte-americano criticou o Conselho de Direitos Humanos da ONU, do qual se retirou em junho, e atacou o Tribunal Penal Internacional, afirmando que "não tem nenhuma legitimidade e nenhuma autoridade".
Trump anunciou ainda que vai limitar a 25% a contribuição dos Estados Unidos para as missões de paz da ONU -- contra os atuais 28% - e que vai rever a ajuda a outros países que sejam "amigos".
Mas o principal alvo do discurso desta terça-feira foi o Irão, com o Presidente norte-americano a pedir a todas as nações do mundo que isolem Teerão pelo "comportamento agressivo" que exibe.
Em resposta, o Presidente iraniano, Hassan Rouhani, acusou os Estados Unidos de quererem derrubar o regime iraniano e classificou como "terrorismo económico" o restabelecimento de sanções ao país por parte de Washington, depois de abandonar o acordo nuclear de 2015. A tensão entre os Estados Unidos e o Irão promete continuar a marcar a semana de reuniões em Nova Iorque.
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Samuel