Postagem em destaque

EXPULSÃO DE TRÊS DIPLOMATAS FRANCESES DO BURKINA: A espessa nuvem entre Ouaga e Paris não está pronta para se dissipar.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!... Este é um novo arrepio nas relações já bastante geladas entre o Burk...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

ANGOLA: A VINGANÇA SERVE-SE FRIA.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...



Em 2010, tanto quanto foi possível apurar (e os valores pecam reconhecidamente por defeito), José Eduardo dos Santos liderava a lista dos angolanos mais ricos, com valores superiores a 100 milhões de dólares. Nessa altura, João Lourenço estava numa “modesta” posição. Era apenas e só o 21º angolano mais rico. Coisa pouca.

Com a devida vénia e com a certeza de ser uma lapidar análise, transcrevemos um artigo de Mia Couto, publicado em 20 de Junho de 2013:
«Rico é quem possui meios de produção. Rico é quem gera dinheiro e dá emprego. Endinheirado é quem simplesmente tem dinheiro. Ou que pensa que tem. Porque, na realidade, o dinheiro é que o tem a ele. A verdade é esta: são demasiado pobres os nossos “ricos”. Aquilo que têm, não detêm. Pior, aquilo que exibem como seu, é propriedade de outros. É produto de roubo e de negociatas. Não podem, porém, estes nossos endinheirados usufruir em tranquilidade de tudo quanto roubaram. Vivem na obsessão de poderem ser roubados.
“Novos Ricos angolanos”: São nacionais só na aparência porque estão prontos a serem moleques de estrangeiros.
Necessitariam de forças policiais à altura. Mas forças policiais à altura acabariam por os lançar a eles próprios na cadeia. Necessitariam de uma ordem social em que houvesse poucas razões para a criminalidade. Mas se eles enriqueceram foi graças a essa mesma desordem.
O maior sonho dos nossos novos-ricos é, afinal, muito pequenito: um carro de luxo, umas efémeras cintilâncias. Mas a luxuosa viatura não pode sonhar muito, sacudida pelos buracos das avenidas.
O Mercedes e o BMW não podem fazer inteiro uso dos seus brilhos, ocupados que estão em se esquivar entre chapas muito convexos e estradas muito côncavas. A existência de estradas boas dependeria de outro tipo de riqueza. Uma riqueza que servisse a cidade. E a riqueza dos nossos novos-ricos nasceu de um movimento contrário: do empobrecimento da cidade e da sociedade.
As casas de luxo dos nossos falsos ricos são menos para serem habitadas do que para serem vistas. Fizeram-se para os olhos de quem passa. Mas ao exibirem-se, assim, cheias de folhos e chibantices, acabam atraindo alheias cobiças. O fausto das residências chama grades, vedações electrificadas e guardas privados. Mas por mais guardas que tenham à porta, os nossos pobres-ricos não afastam o receio das invejas e dos feitiços que essas invejas convocam.
Coitados dos novos ricos. São como a cerveja tirada à pressão. São feitos num instante mas a maior parte é só espuma. O que resta de verdadeiro é mais o copo que o conteúdo. Podiam criar gado ou vegetais. Mas não. Em vez disso, os nossos endinheirados feitos sob pressão criam amantes.
Mas as amantes (e/ou os amantes) têm um grave inconveniente: necessitam ser sustentadas com dispendiosos mimos. O maior inconveniente é ainda a ausência de garantia do produto. A amante de um pode ser, amanhã, amante de outro. O coração do criador de amantes não tem sossego: quem traiu sabe que pode ser traído.
Os nossos endinheirados às pressas, não se sentem bem na sua própria pele. Sonham em ser americanos, sul-africanos. Aspiram ser outros, distantes da sua origem, da sua condição. E lá estão eles imitando os outros, assimilando os tiques dos verdadeiros ricos de lugares verdadeiramente ricos.
Mas os nossos candidatos a homens de negócios não são capazes de resolver o mais simples dos dilemas: podem comprar aparências, mas não podem comprar o respeito e o afecto dos outros. Esses outros que os vêem passear-se nos mal explicados luxos. Esses outros que reconhecem neles uma tradução de uma mentira. A nossa elite endinheirada não é uma elite: é uma falsificação, uma imitação apressada.
A luta de libertação nacional guiou-se por um princípio moral: não se pretendia substituir uma elite exploradora por outra, mesmo sendo de uma outra raça. Não se queria uma simples mudança de turno nos opressores. Estamos hoje no limiar de uma decisão: quem faremos jogar no combate pelo desenvolvimento? Serão estes que nos vão representar nesse relvado chamado “a luta pelo progresso”? Os nossos novos ricos(que nem sabem explicar a proveniência dos seus dinheiros) já se tomam a si mesmos como suplentes, ansiosos pelo seu turno na pilhagem do país.
São nacionais mas só na aparência. Porque estão prontos a serem moleques de outros, estrangeiros. Desde que lhes agitem com suficientes atractivos irão vendendo o pouco que nos resta. Alguns dos nossos endinheirados não se afastam muito dos miúdos que pedem para guardar carros.
Os novos candidatos a poderosos pedem para ficar a guardar o país. A comunidade doadora pode ir às compras ou almoçar à vontade que eles ficam a tomar conta da nação. Os nossos ricos dão uma imagem infantil de quem somos. Parecem crianças que entraram numa loja de rebuçados. Derretem-se perante o fascínio de uns bens de ostentação.
Servem-se do erário público como se fosse a sua panela pessoal. Envergonha-nos a sua arrogância, a sua falta de cultura, o seu desprezo pelo povo, a sua atitude elitista para com a pobreza. Como eu sonhava que Moçambique tivesse ricos de riqueza verdadeira e de proveniência limpa! Ricos que gostassem do seu povo e defendessem o seu país. Ricos que criassem riqueza. Que criassem emprego e desenvolvessem a economia. Que respeitassem as/os índios norte-americanos que sobreviveram ao massacre da colonização operaram uma espécie de suicídio póstumo: entregaram-se à bebida até dissolverem a dignidade dos seus antepassados. No nosso caso, o dinheiro pode ser essa fatal bebida.
Uma parte da nossa elite está pronta para realizar esse suicídio histórico.
Que se matem sozinhos. Não nos arrastem a nós e ao país inteiro nesse afundamento.»

Listagem dos angolanos mais ricos

Com as nossas desculpas, ficam de fora os 20 milhões de pobres angolanos que, na sua esmagadora maioria, são gerados com fome, nascem com fome e morrem pouco depois com… fome.
Os 59 angolanos mais ricos de Angola, com mais de 100 milhões de dólares. Os dados são de 2010 e os cargos referidos reportam-se à época:
1 – José Eduardo dos Santos, Presidente da República
2 – Lopo do Nascimento, Deputado
3 – José Leitão, Chefe da Casa Civil de Luanda
4 – Elísio de Figueiredo, Embaixador
5 – João de Matos, General
6 – Higino Carneiro, Ministro das Obras Públicas
7 – Hélder Vieira Dias (Kopelipa), General
8 – António Mosquito, Empresário
9 – Valentim Amões, Empresário
10 – Sebastião Lavrador, Bancário
11 – José Severino, Empresário
12 – Joaquim David, Ministro da Indústria
13 – Manuel Vicente, PCA da Sonangol
14 – Abílio Sianga, Administrador da Sonangol
15 – Mário Palhares, PCA do BAI
16 – Aguinaldo Jaime, Ministro Adjunto do primeiro-ministro
17 – França Ndalu, General da Reserva
18 – Amaro Taty, Governador do Bié
19 – Noé Baltazar, Director Delegado da ASCORP
20 – Desidério Costa, Ministro dos Petróleos
Com mais de 50 milhões e menos de 100 milhões de dólares:


21 – João Lourenço, Secretário-Geral do MPLA
22 – Isaac dos Anjos, Embaixador
23 – Faustino Muteka, Ministro da Administração do Território
24 – António Vandúnem, Secretário do Conselho de Ministros
25 – Dumilde Rangel, Governador de Benguela
26 – Salomão Xirimbimbi, Ministro das Pescas
27 – Fátima Jardim, Ex-Ministra das Pescas
28 – Dino Matross, 1° Vice-Presidente da Assembleia Nacional
29 – Álvaro Carneiro, Ex-Director Adjunto da Endiama
30 – Flávio Fernandes, Ex-PCA da Multiperfil
31 – Fernando Miala, Ex-Director dos Serviços de Segurança do Estado
32 – Armindo César, Empresário
33 – Ramos da Cruz, Governador da Huila
34 – Gomes Maiato, Governador da Lunda-Norte
35 – João E. dos Santos, Governador do Moxico
36 – Gonçalves Muandumba, Governador da Lunda-Sul
37 – Aníbal Rocha, Governador de Cabinda
38 – Ludy Kissassunda, Governador do Zaire
39 – Luiz Paulino dos Santos, Ex-Governador do Bié
40 – Paulo Kassoma, Governador do Huambo
41 – Rui Santos, Empresário
42 – Mário António, Membro do BP do MPLA e ADM da GEFI
43 – Silva Neto, Ex-Administrador da Sonangol Distribuidora
44 – Júlio Bessa, Ex-Ministro das Finanças
45 – Paixão Franco, Presidente do FDES
46 – Mello Xavier, Deputado e Empresário
47 – Kundi Payhama, Ex-Ministro da Defesa
48 – Ismael Diogo, Presidente da FESA
49 – Maria Mambo Café, Membro do BP do MPLA
50 – Augusto Tomás, Deputado
51 – Generoso de Almeida, PCA DO BCI
52 – Luiz Faceira, General
53 – Cirilo de Sá, General
54 – Adolfo Razoilo, General
55 – Gilberto Lutukuta, Ministro da Agricultura
56 – Simão Júnior, Empresário (Grupo Chamavo e Gema)
57 – Carlos Feijó, Assessor da Presidência da República
58 – Armando da Cruz Neto, Chefe do Estado-Maior das FAA
59 – Fernando Borges, Empresário.
fonte: folha8

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é sempre bem vindo desde que contribua para melhorar este trabalho que é de todos nós.

Um abraço!

Samuel

Total de visualizações de página