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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

QUEM NÃO “MIA” NÃO MAMA. “FUNERAL” SERÁ BREVEMENTE.

NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...



Dos seis partidos que integram a Coligação Ampla de Salvação Nacional – Coligação Eleitoral (CASA-CE), cinco não estão com meias medidas e deliberaram hoje a exoneração (apunhalar quem lhes deu a mão, cuspir no prato em que se refastelaram) do líder Abel Chivukuvuku, tendo nomeado em substituição André Mendes de Carvalho “Miau”.

Adecisão foi anunciada numa conferência de imprensa conjunta de cinco dos seis partidos e movimentos da CASA-CE depois de ter sido dado um prazo de 72 horas para que Abel Chivukuvuku apresentasse a demissão.
Na conferência de imprensa participaram representantes das agremiações familiares Partido para o Desenvolvimento e Democracia de Angola – Aliança Patriótica (PADDA-AP), Partido de Aliança Livre de Maioria Angolana (PALMA), Partido Nacional de Salvação de Angola (PNSA), Partido Pacífico Angolano (PPA) e Partido Democrático para o Progresso de Aliança Nacional Angolana (PDP-ANA), tendo estado ausente o Bloco Democrático.
“Nós, partidos políticos, enquanto entes jurídicos constituintes da CASA-CE, deliberamos a demissão do Doutor Abel Epalanga Chivukuvuku do cargo de presidente da CASA-CE, com efeito imediato, por quebra de confiança. Em sua substituição, é indicado o companheiro André Mendes de Carvalho ‘Miau'”, referiu o líder do PADDA-AP, Alexandre Sebastião André, salientando que a decisão tomada foi “profundamente reflectida”.
Segundo o dirigente, a coligação, criada em 2012 e liderada por Abel Chivukuvuku durante seis anos, vivenciou momentos altos e baixos, tendo as divergências começado um ano depois, “ainda de forma latente”, com a tentativa de transformação em partido “à margem da vontade soberana” da força política.
Segundo Sebastião André, foi há mais de um ano que se instalou na coligação, entre a maioria esmagadora dos partidos, membros da CASA-CE e o presidente, “uma profunda crise de confiança”, por, entre outras razões, Abel Chivukuvuku “promover e/ou caucionar práticas que lesam a unidade no seio da organização”.
“Foi a tentativa falhada de criar, de forma pouco transparente e ilegal, no seio da CASA-CE, e às custas desta, partidos políticos não autorizados pelos membros da coligação. Outro exemplo grave, e mais recuado no tempo, teve a ver com a sua tentativa de querer obrigar os partidos políticos da coligação a fundirem-se contra a vontade destes”, referiu.
Ao contrário do que se esperava, estas cinco agremiações familiares não acusam (pelo menos por enquanto) Abel Chivukuvuku de ser o culpado de ter nascido. Mas se alguém pagar bem, não terão dificuldades em fazê-lo.
A crise evidenciou-se também, de acordo com o dirigente e deputado à Assembleia Nacional, no facto de “um número significativo dos denominados independentes” ter promovido e executado actos e omissões, visando inviabilizar e implodir a CASA-CE, sem que da parte do presidente da coligação “houvesse a tomada de medidas oportunas e pertinentes para o evitar e combater”.
“Pelo contrário, sentimos que [Chivukuvuku] estimula e apoia essas pessoas e suas práticas”, denunciou.
Para as cinco agremiações familiares integrantes da coligação, os últimos discursos de Chivukuvuku fazem deduzir “que já não se responsabiliza pelo futuro da CASA-CE, pelo desempenho desta organização, nas eleições autárquicas, em 2020, e gerais, em 2022, apesar de ser o coordenador geral, tendo passado essa responsabilidade aos entes jurídicos da coligação e outras personalidades independentes que aceitaram o desafio de atingir os objectivos”.
Relativamente aos independentes da coligação, ou seja, os militantes que não pertencem a nenhum dos partidos que integram a CASA-CE, Sebastião André disse que em momento algum os partidos políticos decidiram afastá-los.
Sebastião André referiu que a crise foi sendo gerida ao longo destes anos através de uma “harmonização e longevidade da coligação”, frisando, porém, que “há momentos que o ser humano cede e explode”.
“Fomos chamando a atenção do presidente Abel de que estava muito animado, havia muito excesso de ânimo, ninguém é super-homem numa sociedade. Tem de coabitar harmoniosamente dentro dos parâmetros, manter o civismo, a disciplina e a racionalidade política. Ou então dá nisto que hoje, infelizmente, teve de acontecer”, disse.
Segundo Sebastião André, desde Outubro de 2008 que têm sido enviadas várias cartas a Abel Chivukuvuku, em que os partidos políticos elaboraram memorandos para o presidente e procurando “fórmulas para minimizar esta supremacia em relação aos partidos políticos e aos líderes”.
“Mas tudo isso caiu em saco roto”, referiu.
Sobre a ausência do Bloco Democrático na conferência, Sebastião André disse que se deveu ao facto de o seu líder, Justino Pinto de Andrade, estar no exterior e à falta de orientação ao seu substituto, optando por “não fazer parte dessa dinâmica”.
Antes de chagar à CASA-CE, Alexandre Sebastião André foi chefe-adjunto do Departamento Geral do Gabinete do Chefe do Estado Maior General das FAPLA Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (1985 a 1988), Chefe do Gabinete Jurídico do Instituto de Geografia e Cartografia de Angola – Ministério da Defesa (1988 a 1998), Vice-Presidente do “PAJOCA – Partido Angolano da Juventude Operária, Camponesa de Angola (1991 a 1998), Secretário da Comissão dos Direitos Humanos, Petições e Reclamações dos Cidadãos da Assembleia Nacional (1993 a 2008), Presidente do PAJOCA (1998 a 2008), Membro do Conselho de Estado da República (1999 a 2008) e Presidente do Partido PADDA- Aliança Patriótica (2009).
Quando à saída do Tribunal Constitucional, no dia 20 de Outubro de 2017, foi questionado sobre a sua divergência quanto à passagem da CASA-CE a partido, Alexandre Sebastião André foi peremptório em declarar que “o passado ficou mesmo para trás” e que a “CASA avança célere, mais sólida e unida como nunca”, dissipadas que estavam aquilo que ele considerou de “diferenças de opiniões em volta das vantagens e inconveniências da transformação”.
Recorde-se que os delegados da CASA-CE, reunida no seu II Congresso Ordinário, decidiram a favor da transformação da mesma formação política em partido político. Todos aceitaram, democraticamente, a vontade da maioria? Alguns disseram que sim mas, na primeira oportunidade, saltaram a barricada.
Durante o Congresso, alguns dos participantes manifestaram a ideia de que, perante a posição assumida, Alexandre Sebastião André deveria abandonar o barco. Outros diziam que a sua permanência mostrava que a CASA-CE era de facto uma organização, aberta, democrática e plural.

Mamar é o que eles querem

Pergunte-se aos angolanos com direito de voto se sabem o que são o PPA, PNSA, PADDA-AP, PALMA, BD e PDP-ANA. Residualmente alguns saberão, embora poucos tenham ouvido falar. Todos saberão, contudo, o que é a CASA-CE e mais serão os que sabem quem é Abel Chivukuvuku. Aliás, falar da CASA-CE é falar essencialmente de Abel Chivukuvuku.
Quem são Felé António, Sikonda Lulendo Alexandre, Alexandre Sebastião André, Manuel Fernandes, Justino Pinto de Andrade, Simão Macasso? Ninguém sabe. São, contudo, dirigentes das tais agremiações pouco mais do que familiares, que agora reivindicam ser a alma, o coração, o cérebro, os braços, as pernas da CASA-CE. Esquecem-se que, de facto (de jure deram as assinaturas para a constituição formal da Coligação) a CASA-CE é, ou foi, Abel Chivukuvuku e mais meia dúzia de personalidades independentes que, esses sim, são conhecidos em todos os cantos e esquinas do país.
Mais interessados em dinheiro do que em política, mais (ou só) virados para se servirem do que para servirem, todos tinham pronta há muito a declaração de falência e consequente encerramento da Coligação, fazendo contas ao dinheiro que poderão receber, assumindo-se como accionistas e credores mas exigindo continuar a mamar na teta da Assembleia Nacional.
Os líderes destes partidos, ou gestores de projectos falidos que enxertaram na CASA-CE, tiveram o desplante de num Memorando assinado por todos, propor:
“- A divisão igual, da verba destinada aos Partidos políticos oriundos da Assembleia Nacional, a ser atribuída directamente pela entidade bancária (BCI).
– A verba originária do OGE, deve ser repartida da seguinte forma: 30% a ser repartida em igual montante pelos Partidos constituintes; 70% para o funcionamento normal da Coligação e para pagamento de dívidas eleitorais e outras contraídas.”
Assumindo o papel de “virgens ofendidas”, mau grado todos sabermos os “bordéis” em que se diplomaram, os líderes destas agremiações familiares, às quais chamam partidos, têm o desplante de dizer, por exemplo, “que a presente realidade está longe do espírito que nos moveu a todos, quando decidimos criar e aderir a este grande projecto, fundamentalmente quanto aos princípios, baseados na unidade de acção, na coesão interna, no entrosamento de facto das várias matrizes que corporizam esta força política, no espírito de equipa e de camaradagem.”
E está longe por culpa de quem? De todos, menos deles. Se calhar a culpa é mesmo de Abel Chivukuvuku por ter acreditado e dado oportunidade a quem o viria, como se vê, a apunhalar… pelas costas.
Folha 8 com Lusa

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Samuel

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