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Tribunal Supremo não recebe resposta a perguntas formuladas pela defesa
de um dos réus ao ex-Presidente sobre o seu papel na transferência
supostamente irregular de 500 milhões de dólares do Banco Nacional de
Angola.
Dos Santos também não formalizou que não vai prestar declarações
O ex-Presidente angolano José Eduardo dos Santos não respondeu às
perguntas requeridas pelo Tribunal Supremo no âmbito do julgamento da
suposta transferência irregular de 500 milhões de dólares [quase 460
milhões de euros] do Banco Nacional de Angola para uma conta em Londres.
O filho do ex-Presidente, José Filomeno "Zenu" dos Santos, é arguido no
processo.
A solicitação para ouvir José Eduardo dos Santos
sobre a tese de que teria orientado a referida operação foi feita no
início do julgamento, a 9 de dezembro de 2019, pela defesa do arguido
Valter Filipe, ex-governador do Banco Nacional de Angola.
Filipe
está a ser julgado juntamente com "Zenu", antigo presidente do Fundo
Soberano de Angola; Jorge Gaudens Sebastião, empresário angolano, e
António Bule Manuel, diretor do Departamento de Gestão de Reservas do
BNA.
Em
resposta dada esta quarta-feira (12.02) ao referido requerimento, o
tribunal disse ter diligenciado no sentido de obter as respostas,
conforme solicitação da defesa, mas sem obter qualquer resposta "nem
sequer a manifestação de não prestar declarações", informou o juiz
conselheiro principal do processo, João da Cruz Pitra.
Nesse
sentido, "tendo em consideração o interesse da defesa e sem querer
coartar esse direito, o tribunal considera que deve a mesma diligenciar
no sentido de obter este meio de prova", informou Pitra em declaração
publicada pela agência Lusa. O tribunal suspendeu a sessão, que será
retomada na terça-feira da próxima semana.
O Jornal de Angola
adianta que o Tribunal Supremo também desistiu de obter declarações do
ex-Presidente José Eduardo dos Santos. Além disso, o juiz Pitra não
considera haver fundamento para proceder as acareações solicitadas pela
defesa de Filipe.
Entenda o caso
O
processo envolve uma suposta transferência indevida do Estado angolano
para um banco no estrangeiro. Os réus são acusados de diversos crimes.
Sobre "Zenu" e Sebastião pesam as acusações de burla por defraudação,
branqueamento de capitais e tráfico de influência. Bule Manuel e Filipe
são julgados por suposta defraudação, branqueamento de capitais e
peculato.
O
caso remonta ao ano de 2017, altura em que Sebastião apresentou a José
Filomeno dos Santos uma proposta para o financiamento de projetos
alegadamente estratégicos para o país, que encaminhou ao Executivo, por
não fazer parte do pelouro do Fundo Soberano de Angola. A proposta
previa a constituição de um Fundo de Investimento Estratégico, que
captaria para o país 35 mil milhões de dólares [28.500 milhões de
euros].
O negócio envolvia como "condição precedente", de acordo
com um comunicado do Governo angolano, emitido em abril de 2018, que
anunciava a recuperação dos 500 milhões de dólares, a capitalização de
1.500 milhões de dólares (1.218 milhões de euros) por Angola, acrescido
de um pagamento de 33 milhões de euros para a montagem das estruturas de
financiamento.
Foram assinados acordos entre o Banco Nacional de
Angola e a Mais Financial Services - empresa detida por Sebastião,
amigo de Zedu. Um deles envolvia montagem da operação de financiamento,
tendo sido em agosto de 2017 transferidos 500 milhões de dólares para a
conta da PerfectBit – empresa "contratada pelos promotores da operação",
para fins de custódia dos fundos.
fonte: DW África
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