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domingo, 7 de maio de 2023

ANGOLA: AINDA HÁ MUITA GENTE A… DORMIR!.

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O ex-presidente da UNITA, Isaías Samakuva, diz que a situação socioeconómica de Angola se tem degradado a uma “velocidade assustadora”, defendendo medidas “mais activas e dinâmicas” das autoridades, sob pena de se viver “turbulências indesejáveis”. É verdade. Mas, no reino do MPLA, o que conta á razão da força (que só ele tem) e não a força da razão que o Povo tem. Oex-presidente da UNITA (maior partido na oposição que o MPLA ainda permite, diz que “é interessante, se de um lado a conjuntura internacional em si é difícil, do outro lado a situação económica e social do nosso país tem-se degradado em uma velocidade que é assustadora e estou preocupado com esta situação”. Isaías Samakuva, que foi o orador da primeira edição do espaço “Reencontro com a História”, promovido em Luanda pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), defendeu medidas mais activas e mais dinâmicas das autoridades governativas para inverter a situação do país. O optimismo, e até mesmo a crença de que o Pai Natal existe mesmo, continua a ser uma característica de Samakuva. Para Samakuva, os dirigentes do país “têm noção” da degradante condição socioeconómica dos angolanos, “vê-se que estão a tentar fazer alguma coisa”, que, no seu entender, “não é suficiente”. Desde sempre, ou quase, o ex-presidente da UNITA sofre de miopia e consegue ver que o MPLA está fazer o que mais ninguém vê. Se calhar, um estágio de 24 horas no papel de um dos 20 milhões de pobres, ajudasse Samakuva a recuperar a “visão”. “Há que tomar medidas mais activas, mais dinâmicas, há que envolver muito mais gente que é para as pessoas sentirem que há esperança do amanhã melhor”, apontou. “Porque se continuarmos como estamos, corremos o risco de depois viver uma fase de descontentamento que leva a turbulências indesejáveis neste momento”, advertiu. Se fosse possível comentar estas declarações, Jonas Savimbi repetiria com certeza o que disse muitas vezes: “Vocês estão a dormir e o MPLA está a enganar-vos”. Isaías Samakuva, que liderou a UNITA durante 16 anos, após a morte de Jonas Savimbi em 2002, falou durante hora e meia do seu percurso académico, militar, diplomático e político neste encontro, para uma plateia recheada por estudantes e alguns deputados dos “maninhos”. Falando pela primeira vez sobre os resultados das eleições de 2022, Samakuva referiu que traduzem o “descontentamento” do povo que “quer mudança ante ao falhanço” das políticas do MPLA. “Há claramente vontade e desejo de mudar, as pessoas estão cansadas, os cidadãos estão cansados, já não aguentam mais, portanto se de facto as coisas não mudam não há dúvidas de que a UNITA, mesmo com fraudes, na próxima eleição pode ganhar”, afirmou. Questionado se a UNITA, partido que dirigiu entre 2003 e 2019, está preparada para ser poder em Angola, Isaías Samakuva referiu que “precisa apenas de oportunidade”, criticando a presença do MPLA no poder em quase meio século, período em que a situação do país “só está a piorar”. “Portanto, o que é mais lógico é perguntarmos se o MPLA está apto para governar, é a pergunta mais lógica, até diria que seria um dever patriótico do MPLA dizer que ainda vamos dar oportunidade a outros e vamos ver (…). É preciso darmos esta oportunidade”, defendeu. Sobre a sua relação com Adalberto da Costa Júnior, seu sucessor no cargo, Samakuva, agora com 76 anos, desmentiu a existência de qualquer problema e garantiu que é óptima. “Nós temos a relação que sempre tivemos, não é de hoje a nossa relação, tive sempre o companheiro Adalberto junto de mim, ainda recentemente tivemos uma longa conversa, partilhamos ideias sobre o partido, sobre o país, sobre o nosso futuro, portanto não há problemas entre nós”, assegurou. Samakuva desvalorizou ainda a alegada pretensão da actual direcção da UNITA em “ofuscar” a sua imagem no interior da agremiação partidária, considerando que na sociedade angolana “se fala muito e muitas vezes sem bases”. “Esta é a opinião dos outros, a minha ainda ninguém ouviu, a minha opinião não é aqui onde vou emitir, porque pode-se oferecer a várias interpretações, mas os que falam podem falar, é preciso termos bases e fundamentos para fazer alguma afirmação”, referiu. Samakuva, diplomata de carreira, sobretudo na era Jonas Savimbi, saudou igualmente a iniciativa do MEA: “É bom que os jovens académicos se encontrem e reflictam sobre a história do país e sobre outros aspectos”. “Então, em vez de estarmos em volta dos copos é bom perder alguns minutos em actividades como estas, portanto eu fico satisfeito de ver que há iniciativas desta”, concluiu. O político da UNITA foi ainda homenageado, na ocasião, com cânticos e um diploma de honra, pelo seu contributo pela “pacificação do país”, como disse o presidente do MEA, Francisco Teixeira. Folha 8 com Lusa

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Samuel

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