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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
Antony Blinken em Angola para contrabalançar influência chinesa e russa.
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Antony Blinken está a visitar Angola, tendo-se encontrado com o Presidente João Lourença esta manhã, em Angola. AP - Andrew Caballero-Reynolds
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, está hoje em Angola com um grande interesse em investir na capacidade produtiva do país, especialmente para garantir a segurança alimentar. Este périplo de Blinken em África serve também para contrabalançar a influência da China e da Rússia no continente.
Por:
Catarina Falcão
Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, está hoje em Angola e encontrou-se já com o Presidente João Lourenço. Para o chefe da diplomacia norte-americana, a prioridade da sua visita é uma aposta reforçada na capacidade produtiva de Angola, com mais investimento norte-americano, principalmente para assegurar a segurança alimentar.
“Nos últimos anos, assistimos quase a uma tempestade perfeita entre covid-19, alterações climáticas e conflitos como a agressão russa, com forte impacto na segurança alimentar”, afirmou Antony Blinken na visita ao Centro de Ciência de Luanda.
Segundo Osvaldo Mboco, especialista em Relações Internacionais ligado à Universidade Técnica de Angola, esta visita serve para contra-balançar o peso crescente que a China ou a Rússia têm tido no continente e em Angola.
"A visita tem a ver com a disputa e a competitividade no sistema internacional entre as grandes potências, nomeadamente Estados Unidos da América, Rússia e a China em aumentar as suas zonas de influência a nível do continente africano. E esta corrida faz com que estas grandes potencias procurem aumentar o seu espaço e procurem reduzir o espaço dos outros actores", declarou o investigador em entrevista à RFI.
A vontade de aumentar o seu peso em Angola é visível, já que, segundo Mboco as condições do país são favoráveis a uma aproximação norte-americana.
"Angola é um país muito interessante no sistema africano pela sua estabilidade política e militar, a nossa posição geográfica e um país que consegue influenciar a agenda africana, especialmente na resolução de conflitos, e há interesse por parte dos Estados Unidos da América em aumentar a sua expressão e influência em Angola", indicou.
Este interesse por Angola tem levado João Lourenço a jogar com interesses das grandes potenciais de forma a defender os interesses do seu país na arena internacional.
"O Presidente João Lourenço tem adaptado uma estratégia de jogo de cintura, ele defende uma posição cautelosa e ponderada no sentido de não criar nenhum conflito com as grandes potencias em função dos interesses de Angola. Há uma corrida por Angola e os Estados Unidos pretendem reduzir ao máximo a influencia da Rússia a nível militar e a da China no domínio económico e militar", concluiu.
Um peso que tem estado a diminuir, dando lugar a novas parcerias com os Estados Unidos como a gestão do corredor do Lobito.
disse hoje em Angola que a capacidade produtiva em África deve ser reforçada com mais investimento e tecnologia para melhorar a segurança alimentar.
Na sua primeira declaração em território angolano, que teve lugar no Centro de Ciência de Luanda, ponto inicial da visita à cidade, Blinken considerou o espaço “simbólico” da colaboração entre os dois países, apontando as parcerias na área da ciência.
Destacou a adesão recente aos Acordos Artemis para o uso pacífico da exploração espacial e sublinhou a utilização dos dados recolhidos na investigação espacial para responder a preocupações como a mitigação dos efeitos da seca e o uso eficaz da água
Angola, continuou, é também um dos primeiros países a juntar-se à Visão para as Culturas Adaptadas e Solo (VACS, na sigla inglesa), com que os Estados Unidos pretendem lidar com a segurança alimentar.
“Nos últimos anos, assistimos quase a uma tempestade perfeita entre covid-19, alterações climáticas e conflitos como a agressão russa, com forte impacto na segurança alimentar”, afirmou.
Blinken disse que durante os seus encontros em África tem ouvido os seus parceiros falar sobre a necessidade de investimentos na sua capacidade produtiva, porque “precisam de ter um sistema forte para produzir alimentos”, começando com duas coisas básica, as sementes e o solo.
Exemplificou com o caso de Angola, onde algumas sementes tradicionais “incrivelmente nutritivas” podem ser tornadas mais resistentes aos efeitos da seca
“Se tivermos sementes de qualidade e as pusermos num solo de qualidade, podemos ter um sistema mais resiliente e nutritivo”, acrescentou, explicando que a iniciativa VACS, que está a ser construída com Angola e outros parceiros africanos, pretende ajudar África a alimentar-se e a alimentar outras partes do mundo.
“Queremos atingir novos picos, no espaço e na terra, e mostrar como estas duas coisas estão ligadas”, salientou
No centro destas parcerias, continuou Blinken, está a partilha e a transferência de tecnologia
“Isso é tão importante como o investimento porque é isso que gera capacidade nos nossos países e lhes permite estarem fortes”, disse o responsável norte-americano.
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Samuel