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domingo, 13 de setembro de 2015

Angola: Solidariedade para com os Presos Políticos Junta Mais de Mil Pessoas.

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Domingas de Lourdes, falou do poder da amizade e da solidariedade no encontro.
Mais de mil cidadãos participaram ontem no Encontro de Solidariedade para com os presos políticos, organizado pela Rádio Despertar (RD) e pelo defensor dos direitos humanos Rafael Marques de Morais, em Viana, Luanda.

O encontro foi transmitido em directo pela RD e divulgado em vídeo pelas redes sociais durante mais de três horas.

Lavada em lágrimas e com a voz embargada, Deolinda Luísa, mãe do preso político Benedito Jeremias, de 26 anos, revelou à audiência que se encontrava há três dias sem levar alimentos ao filho, devido à sua extrema pobreza. A mãe, proveniente da província do Moxico, onde nasceu e reside, encontra-se em Luanda para prestar apoio ao filho, detido desde 20 de Junho sob acusação política de preparação de golpe de Estado, no chamado Processo dos 15+1.

Por sua vez, Adália Chivonde, mãe do preso político Nito Alves, de 19 anos, revelou que o filho está apresenta já distúrbios mentais devido à tortura psicológica e ao isolamento a que tem sido submetido na cadeia. “Pedimos ao senhor presidente e ao general Zé Maria [chefe do Serviço de Inteligência e Segurança Militar] que libertem os nossos filhos”, apelou Adália Chivonde. A mãe de Nito Alves lembrou às autoridades que também são pais e questionou qual seria a sua reacção caso os seus filhos fossem detidos de forma arbitrária. “Como vocês se sentiriam?”, perguntou.

Lídia Kivuvu, irmã do preso político Arante Kivuvu, de 20 anos, relatou o estado de saúde delicado do irmão - Arante apresenta um tumor crescente junto do umbigo - e a resposta bizarra dos serviços prisionais às solicitações para que lhe seja prestada assistência médica.  “Eles [serviços prisionais] disseram que aquilo [tumor] é um bago de arroz, que não tem importância nenhuma”, disse Lídia lavada em lágrimas.
Mais de mil cidadãs e cidadãos solidários encheram a sala do Complexo Sovsmo, em Viana.
Perante os testemunhos das famílias, muitos participantes procuravam conter as emoções, as lágrimas ante as revelações de violação diária dos direitos dos detidos. Essas famílias denunciaram também a intransigência do presidente José Eduardo dos Santos, que falou publicamente como vítima da suposta preparação de golpe de Estado, e do procurador-geral da República, general João Maria de Sousa. Ambos continuam a alimentar a farsa do golpe de Estado, com objectivos políticos incompreensíveis, causando indescritível sofrimento aos presos e seus familiares.

Gertrudes Dala, irmã do preso político Nuno Álvaro Dala, de 31 anos, queixou-se da falta de liberdade de expressão em Angola, que defendeu ser o único motivo para a detenção dos 15 jovens, quando liam por lerem livros sobre activismo pacífico. “Estamos numa selva chamada Angola, onde o lobo devorador é o presidente José Eduardo dos Santos”, acusou.

Neusa de Carvalho apelidou a prisão do seu esposo, o jornalista Sedrick de Carvalho, de 25 anos, e dos outros supostos golpistas, de “brincadeira do senhor José Eduardo dos Santos”.

Já Marcelina de Brito, irmã do preso político Inocêncio de Brito, denunciou a ameaça da direcção dos serviços prisionais: caso algum dos familiares falasse à imprensa, haveria “retaliação contra os presos”.
A mãe (na foto) falou do poder das mulheres na defesa da liberdade dos seus filhos.
Entre os testemunhos públicos também houve críticas à sociedade civil e aos partidos políticos. “Seria muito bom que todas as pessoas aqui presentes tivessem a coragem de também participarem em manifestações”, disse Arlete Ganga.

“Se esta gente toda estivesse lá fora [na rua] a exigir justiça, com certeza os nosso irmãos já estariam livres. Mas, infelizmente, somos um povo de hipócritas. Pensamos que fazer revolução é só no Facebook e disso não passamos”, concluiu a irmã do activista político Manuel Heriberto Ganga, assassinado em 2013 pela Unidade de Segurança Presidencial. Ganga saíra à rua para verificar a colagem dos cartazes em que se exigia justiça no caso dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule, barbaramente assassinados em 2012 por agentes da Polícia e do SINSE (Serviço de Inteligência e Segurança de Estado). Foi detido pela USP e assassinado com dois tiros junto ao Palácio Presidencial.
Frei Júlio Candeeiro, director da Associação Mosaiko, para além de manifestar a sua solidariedade, referiu que o massacre do Monte Sumi, perpetrado por foças policiais e militares a 16 de Abril passado no Huambo, “é algo que nos devia envergonhar a todos”.

“A paz não está ameaçada pelas ideias destes brilhantes jovens [os presos políticos]. A paz está ameaçada pela falta de justiça”, concluiu o frei dominicano.

Também se juntaram ao encontro os partidos políticos Bloco Democrático, CASA-CE, FNLA, PRS e UNITA, que exprimiram a sua solidariedade para com os presos políticos e denunciaram as práticas autoritárias e de intolerância política.

Em conjunto, os participantes contribuíram com de forma generosa para o apoio às famílias dos referidos presos políticos.

Abaixo-Assinado

Durante o encontro, mais de 900 pessoas juntaram os seus nomes a um abaixo-assinado.

Declarando-se “cidadãos amantes da paz e da justiça social e cônscios da necessidade de construir um estado democrático e de direito”, os peticionistas manifestaram indignação contra a existência de presos políticos em Angola.

Os subscritores afirmaram estar “profundamente chocados com os actos de tortura psicológica, maus-tratos e condições cruéis de prisão a que os mesmos estão sujeitos”.

Manifestaram-se ainda “sensíveis ao sofrimento das mães, esposas e filhos, cujas vidas se transformaram num autêntico inferno”.

“Exigimos a libertação imediata e incondicional dos nossos concidadãos, presos políticos, porque a sua detenção constitui uma flagrante violação dos direitos humanos, uma aberração do sistema de justiça e um retrocesso à democratização do país”, lê-se no abaixo-assinado.

Encontram-se detidos no Processo dos 15+1, acusados politicamente de preparação de golpe de Estado, os activistas Afonso Matias “Mbanza Hamza”, Albano Bingobingo, Arante Kivuvu, Benedito Jeremias, Domingos da Cruz, Fernando Tomás “Nicola Radical”, Hitler Jessy Chiconda “Itler Samussuku”, Inocêncio Brito “Drux”, José Hata “Cheik Hata”, Luaty Beirão, Nelson Dibango, Nito Alves, Nuno Álvaro Dala, Osvaldo Caholo e Sedrick de Carvalho. Por ter sido colega de universidade de Osvaldo Caholo, o capitão Zenóbio Zumba, analista do Serviço de Inteligência e Segurança Militar, também foi detido a posteriori. Amanhã, 14 de Setembro, será lida em Cabinda a sentença de José Marcos Mavungo, teatralmente acusado de crime de rebelião.
#makaangola.org

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Samuel

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