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quinta-feira, 16 de novembro de 2017

Guiné-Bissau: "Não sei se ainda vale a pena falar do Acordo de Conacri" diz primeiro-ministro da Guiné-Bissau.

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À DW África, Umaro Sissoco tece fortes críticas à liderança do PAIGC e afirma que este é que não quer cumprir o Acordo de Conacri . Para o primeiro-ministro, a crise na Guiné-Bissau precisa de “uma solução interna”.
fonte: DW África
Portugal - Umaro Sissoco, Lissabon (João Carlos)
Primeiro Ministro Umaro Sissoco
À margem da Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP 23), que decorre em Bona até sexta-feira (17.11), a DW África entrevistou Umaro Sissoco que cumpre, no próximo sábado (18.11), o seu primeiro ano em funções como primeiro-ministro.
Relembrando o facto do Parlamento guineense não reunir há cerca de três anos, Umaro Sissoco mostrou-se confiante na melhoria da crise política no seu país com a realização das eleições do próximo ano e afirmou que, para a Conferência das Nações Unidas sobre o Clima de 2018 (COP 24), o "Parlamento já estará a funcionar na sua plenitude".
Guinea-Bissau Umaro Sissoco und José Mário Vaz (DW/B. Darame)
O Presidente da Guiné-Bissau, José Mário Vaz, nomeou, a 18 de novembro de 2016, Umaro Sissoco como primeiro-ministro do país.
O primeiro-ministro guineense afirma que "já nem fala do Acordo de Conacri" porque foi a atual administração do Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) que o "desrespeitou". Por isso, acrescenta: "não sei se ainda vale a pena estarmos a falar do Acordo de Conacri porque ninguém tem nada de substância". Uma visão que não é partilhada pela comunidade internacional, que voltou a manifestar a sua preocupação com o aumento da tensão política no país. 
Num comunicado divulgado após mais um encontro, o  P5 – composto pela União Africana, Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental  (CEDEAO), Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, União Europeia e Nações Unidas - volta a reafirmar que o "Acordo de Conacri, assinado em Bissau a 10 de setembro de 2016, continua a ser o principal quadro para uma resolução da crise" e pede aos políticos guineenses para colocarem os "interesses da Nação no centro das suas ações" e para demonstrarem "contenção e moderação" e expressarem os seus "pontos de vista e de discórdia de forma pacífica".
DW África: Vê alguma solução para a crise institucional na Guiné-Bissau? O que precisa ser feito?
Um diálogo entre os guineenses. [A crise] não será resolvida com o diálogo com as Nações Unidas, a União Africana ou a CEDEAO, é com os guineenses.  Nós é que temos de nos entender. Portanto, penso que com o diálogo tudo se resolve.
DW África: E o acordo de Conacri é importante nesse sentido?
US: Há uma parte que está a cumprir o Acordo de Conacri e uma minoria que não está a cumprir, como é o caso do PAIGC. O líder do PAIGC é que não quer cumprir e pensa que tem razão. Nós já nem falamos nesse Acordo [de Conacri] porque eles é que o desrespeitaram, e por isso não sei se ainda vale a pena estarmos a falar do Acordo de Conacri, porque ninguém tem nada de substância para dizer "o Acordo disse isto e isto". Eles estão no primeiro ponto, que é a nomeação de um primeiro-ministro de consenso e da confiança do Presidente da República. O Presidente da República já nomeou um primeiro-ministro que é o mais importante, da confiança dele, e esse primeiro-ministro, por sua vez, tem a maioria parlamentar, portanto, não estou a ver problemas. Mas o líder do PAIGC pensa que ele é que é o senhor da verdade e estamos naquele impasse. No entanto, estamos a seis meses das eleições legislativas e já estamos a trabalhar nelas.
DW África: Qual a previsão para as eleições? E até lá, será possível uma aproximação com a ala maioritária do PAIGC?
US: Não, eu penso que o PAIGC atravessa uma grande crise de liderança, não é dos liderados. O líder tem que saber gerir a crise, não é deixar a crise gerir o líder mas, lamentavelmente, o grande problema de hoje do PAICG prende-se com o líder. O PAIGC está em vias de ir para a oposição. Se eles não mudarem de líder de certeza absoluta que passam a ter uma minoria na assembleia.
Demonstration in Bissau (DW/F. Tchuma)
Manifestação contra a presidência de José Mário Vaz em 2015
DW África: As eleições poderão ser a solução para esta crise?
US: Penso que sim. Mas o bom senso, se as pessoas analisarem bem, penso que é a melhor forma até de salvar o PAIGC. Há líderes que pensam "se não sou eu, é sopas", portanto, é lamentável. O PAIGC nunca foi liderado assim. É a primeira vez que está a ter um líder que não se sente do PAIGC. Ele até era militante de um outro partido e, se calhar, o seu objetivo até é destruir o PAIGC.
DW África: E como fica a questão dos doadores internacionais e também dos parceiros na África Ocidental? Até quando terão paciência para lidar com esta crise na Guiné-Bissau?
US: Temos apoio do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial e, como se sabe, neste Governo que eu estou a liderar, a corrupção é zero. Estamos a mostrar que não viemos para enriquecer através dos bens públicos. Essa é a diferença e é por isso que hoje temos um elogio do Banco Mundial e do FMI.
DW África: Ainda assim, a seu ver, a solução vem de dentro da Guiné Bissau, a partir dos próprios guineenses…
US: Sim, a solução interna é a melhor solução. Mas, lamentavelmente, o líder do PAIGC já perdeu em todos os flancos. Hoje ninguém fala do Acordo de Conacri, porque quem não cumpriu o Acordo foi a atual administração do PAIGC. Os resultados alcançados quase num ano estão bem claros. Ele mesmo [Domingos Simões Pereira] às vezes elogia o esforço deste Governo, o que é já muito honesto da parte dele. Portanto, penso que a única forma é sentarmo-nos numa mesa como irmãos e bons filhos da Guiné para ultrapassarmos esta crise.
Pode aceder à entrevista do primeiro-ministro da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco, no Facebook da DW África.

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Um abraço!

Samuel

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