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Foto mostra restos de uma ave presa em um Boeing no aeroporto Santos Dumont (RJ)
Reprodução/WhatsApp
O Brasil registrou 2.222 ocorrências de "bird trike", como é chamado no setor aeronáutico as colisões de aviões com aves, nos últimos 12 meses. É como se a cada 4 horas, um avião batesse contra pássaros em algum momento do voo.
Os dados são de um relatório do CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB (Força Aérea Brasileira), com base no registro de ocorrências com aves feitas por pilotos e outros profissionais do setor da aviação no Brasil entre abril de 2018 e abril de 2019.
"Colisão com aves realmente tem ocorrências diárias, ainda mais num pais como o nosso, que tem grande quantidade de aves, isso não é uma coisa incomum", diz Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica da USP de São Carlos.
"Colisão com aves realmente tem ocorrências diárias, ainda mais num pais como o nosso"
Fernando Catalano, professor de engenharia aeronáutica
Do total de ocorrências registradas, 75 acabaram resultando em danos nos aviões e 137 em alguma tomada de decisão do piloto em relação ao voo, por exemplo, abortar a decolagem, pousar a aeronave por precaução ou corrigir uma instabilidade no avião causada pelo impacto com aves.
"Quando acontece um bird strike normalmente acarreta algum dano, ou uma tomada de atitude do piloto, que, no mínimo vai causar atrasos, pois é preciso fazer uma inspeção", afirma o piloto e diretor de segurança de voo do Sindicato dos Aeronautas, João Henrique Ferreira Varella.
Urubus, carcarás, gaivotas, garças, andorinhas e até pombos são as aves que mais frequentemente são identificadas após a colisão, entretanto, na maioria dos casos não foi possível identificar a ave que provocou a ocorrência.
Ainda segundo o Cenipa, 34% dos incidentes com aves ocorreram no momento do pouso do avião, outros 26% no momento da decolagem, como ocorreu com este avião da Azul no último sábado em Belém (PA). O restante dos casos aconteceu entre as fases de voo ou estacionamento da aeronave.
"A maior frequência de ocorrências na decolagem ou aterrisagem são normalmente com pássaros relativamente pequenos e que não causam grandes danos, mas há também ocorrências em altitudes maiores, com urubus e outras aves, aí sim uma colisão desta é bastante preocupante", explica Catalano.
Varella, que é piloto, lembra que as aeronaves de grande porte, são resistentes e os pilotos, preparados para lidar com situações como a do voo da Gol e da Azul, e lembra que normalmente o voo precisa voltar ou ser abortado, apenas por uma medida de precaução, devido aos padrões de segurança das companhias aéreas.
Uma ave pode derrubar um avião?
A resposta para esta pergunta, segundo especialistas ouvidos pelo R7 é que depende. O risco que uma ave pode causar em um avião varia de acordo com o tamanho e até mesmo a quantidade de aves com que a aeronave colidiu.
"A probabilidade disto é muito, muito, muito pequena"
João Varella, piloto
"Geralmente para derrubar um avião, precisa ser um pássarode um tamanho relativamente grande ou uma quantidade maior de pássaros. Aves pequenas, mas em grande quantidade, praticamente não afetam em nada o desempenho da aeronave, podendo causar uma sujeira, a quebra de uma coisa ou outra, mas nada que seja fatal", afirma Catalano.
Um dos casos mais famosos em que uma aeronave foi colocada em risco após bater contra aves foi em janeiro de 2009. O caso do voo US-1549 que chegou até ser representado no filme "O Milagre do Rio Hudson".
Pilotos fizeram um pouso de emergência no rio Hudson em Nova York em 2009
andycarvin/Flickr
Um Airbus A320 com 150 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulantes, teve os dois motores danificados por uma revoada de gansos, seis minutos depois de decolar do aeroporto La Guardia, em Nova York, Estados Unidos. O piloto conseguiu fazer um pouso de emergência no rio Hudson, em uma das principais metrópoles do mundo, sem deixar nenhuma vítima fatal.
"Uma revoada pode colocar uma aeronave em uma situação extremamente crítica, mas a probabilidade disto é muito, muito, muito pequena. Normalmente tem que se retornar por precaução, mas os danos causados são contornados e são treinados pelos pilotos para que eles saibam agir neste tipo de emergência", conclui Varella.
fonte: noticias.r7.com
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Samuel