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segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Guiné-Bissau: Primeiro-ministro fala em "ameaças sérias" à estabilização do país

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O primeiro-ministro guineense aponta a realização de manifestações não autorizadas como uma das "ameaças" à estabilização do país, após a morte de um cidadão em protesto. Comité de sanções da ONU vai avaliar situação.
fonte: DW Africa
Aristides Gomes, primeiro-ministro da Guiné-Bissau
Aristides Gomes, primeiro-ministro da Guiné-Bissau
Na Guiné-Bissau, o primeiro-ministro Aristides Gomes disse este domingo (27.10) que há "ameaças sérias" para a estabilização do país e criticou a posição do Presidente da República, José Mário Vaz, que acusa o Governo de não servir os interesses do país.
"Estamos face a ameaças muito sérias para a estabilização do nosso país. Temos dois fatores que concorrem para o objetivo que seria parar o processo conducente à realização das eleições" presidenciais, marcadas para 24 de novembro, afirmou Gomes, que falava em conferência de imprensa na sua residência oficial, em Bissau.
O chefe do Governo guineense apontou como primeira "ameaça" o alegado áudio do candidato às presidenciais Umaro Sissoco Embaló, que o levou a denunciar uma tentativa de golpe de Estado.
Neste áudio, segundo Aristides Gomes, há palavras chaves, nomeadamente "golpe de Estado" e "prisão do primeiro-ministro e membros do Governo".
Manifestações não autorizadas
O segundo fator, de acordo com o primeiro-ministro, é a tentativa de realizar manifestações não autorizadas para que o vandalismo tenha lugar. No último sábado (26.10), um protesto não autorizado pelo Ministério do Interior e disperso pelas forças de segurança resultou em dois feridos e um morto.
No entanto, o Governo afirma que o manifestante não morreu no local, nem devido a confrontos físicos com as forças de segurança.
Proteste in Guinea Bissau Protesto de sábado (26.10) foi marcado pela repressão policial
"O objetivo é criar uma situação sombria para o país para justificar a interrupção do processo para a realização de eleições", salientou. "Por isso, é que o Presidente, como alguém que está implicado diretamente neste processo, nesta ação sombria, tem um discurso, uma narrativa, que precipita a criação dessa situação sombria", frisou Aristides Gomes.
"Governo não está a servir os interesses do país"
Ainda no sábado, o Presidente José Mário Vaz disse que a repressão do protesto agrava a discórdia e as desconfianças sobre o processo eleitoral e que o Governo não está a servir os interesses do país.
Entretanto, Aristides Gomes disse que o Presidente "não permite ao Governo explicar-se, não permite ao Governo fazer inquérito, nem sequer pede que um inquérito seja realizado, e decide imediatamente que tudo é da responsabilidade do Governo".
 Aristides Gomes und José Mário Vaz Guinea-Bissau Primeiro-ministro ao lado do Presdiente José Mário Vaz (dir.)
"Horas depois de ter feito uma reunião com os atores que quiseram fazer uma manifestação sem autorização, que estavam a violar a lei, o Presidente faz uma reunião com eles e logo a seguir faz uma declaração a culpar o Governo sem que um inquérito tenha tido lugar", acrescentou.
Para Aristides Gomes, há uma "estratégia previamente concebida e há um julgamento sumário em que o Governo deveria ser executado" sem ser ouvido. "Estas circunstâncias são gravíssimas e nunca as vimos na história da democracia do país", salientou.
O primeiro-ministro garantiu que o Governo está vigilante em "relação à estratégia de demolição, à estratégia de criar uma zona sombria para o país, às ações para organizar uma destruição pensada das coisas".
Inquérito
Os organizadores do protesto de sábado pediram à Procuradoria-Geral da República (PGR) e às Nações Unidas a abertura de um inquérito para investigar a morte do manifestante.
O presidente do comité de sanções para a Guiné-Bissau do Conselho de Segurança das Nações Unidas chegou este domnigo (27.10) a Bissau para avaliar a situação política no país.
Em comunicado enviado à imprensa, a Missão Integrada da ONU para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) refere que o embaixador Anatólio Ndong Mba vai permanecer no país até quarta-feira.

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Samuel

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