NO BALUR I STA NA NO KUNCIMENTI, PA KILA, NO BALURIZA KUNCIMENTI!...
"Moro, você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, a do Rio de
Janeiro", teria dito Bolsonaro, segundo depoimento do ex-ministro da
Justiça.
Em seu longo depoimento
no último sábado (02/05), o ex-ministro Sergio Moro apontou que Jair
Bolsonaro já pediu em março a troca do comando da Superintendência da
Polícia Federal no Rio de Janeiro, estado que é reduto político da
família do presidente e que concentra investigações que já envolveram
pessoas próximas do clã.
"Moro, você tem 27 superintendências,
eu quero apenas uma, a do Rio de Janeiro", escreveu Bolsonaro a Moro em
mensagem de WhatsApp, segundo declarou o ex-ministro em depoimento.
Moro
deixou o cargo de ministro no dia 24 de abril, após Bolsonaro exonerar
Maurício Valeixo da direção-geral da PF. Em um pronunciamento no mesmo
dia, Moro acusou Bolsonaro de interferência política na PF. Logo depois,
a Procuradoria-Geral da República solicitou ao Supremo Tribunal Federal
(STF) a abertura de um inquérito para investigar as acusações de Moro.
Na
última segunda-feira, a defesa de Moro solicitou o fim do sigilo do
depoimento do ex-ministro à PF. A PGR concordou nesta terça-feira. A
rede CNN Brasil foi a primeira a divulgar a íntegra do documento.
No
depoimento, Moro evitou afirmar se Bolsonaro havia cometido algum
crime, apontando que "quem falou em crime foi a Procuradoria Geral da
República na requisição de abertura de inquérito", em referência à
solicitação da PGR ao STF.
Em outro trecho do depoimento, Moro
declarou "que tem só algumas mensagens trocadas com o presidente, e
mesmo com outras pessoas", alegando que passou a apagar os diálogos
"periodicamente" por medo de ter seu celular invadido por hackers mais
uma vez, como ocorreu em 2019.
O ex-ministro, no entanto,
contestou afirmações que Bolsonaro fez nos últimos dias. Segundo
Moro, Bolsonaro disse que um dos motivos para exonerar Valeixo seria "a
falta de recebimento de relatórios de inteligência de fatos nas últimas
24 horas". Moro afirmou que "o argumento não procede, pois os relatórios
de inteligência estratégica da Polícia Federal eram disponibilizados ao
Presidente da República".
O depoimento de Moro aponta ainda que
"o presidente nunca solicitou ao declarante a produção de um relatório
de inteligência estratégico da PF sobre um conteúdo específico, causando
estranheza que isso tenha sido invocado como motivo da demissão do
Diretor Geral da PF".
No depoimento, Moro ainda afirmou que "não
nomeou e não era consultado" sobre o comando das superintendências e que
a escolha dos chefes regionais era exclusiva de Valeixo.
Moro
ainda apontou que ficou "apreensivo" com uma mensagem enviada pelo
presidente no dia 23 de abril, na véspera da sua demissão. O diálogo,
segundo Moro, ocorreu por meio do aplicativo Whatsapp.
Uma
reprodução exibida pela TV Globo mostrou que o presidente enviou o link
de uma reportagem do site O Antagonista que apontava que a Polícia
Federal está "na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas". O texto
aborda o inquérito das "fake news" que corre no Supremo Tribunal Federal
(STF),
"Mais um motivo para a troca", escreveu Bolsonaro em seguida, segundo o material enviado para a TV por Moro.
Além
de Moro, ainda devem ser ouvidos outros personagens do governo
Bolsonaro. Na segunda-feira, o procurador-geral da República, Augusto
Aras, solicitou ao STF uma série de novas diligências no âmbito do
inquérito. Entre os pedidos do procurador-geral estão depoimentos de
pessoas citadas por Moro, entre elas três ministros:
Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Augusto Heleno Ribeiro
Pereira (Gabinete de Segurança Institucional da Presidência) e Walter
Souza Braga Netto (Casa Civil).
Em depoimento à PF, Moro apontou
que os três testemunharam pressões de Bolsonaro para forçar mudanças no
comando da PF durante uma reunião ministerial em 22 de abril.
Na ocasião, segundo Moro, o presidente cobrou tanto a substituição do superintendente da PF no Rio e de Valeixo da chefia da PF.
De
acordo com Moro, "o presidente afirmou que iria interferir em todos os
Ministérios. E quanto ao Ministério da Justiça, se não pudesse trocar o
Superintendente do Rio de Janeiro, trocaria o Diretor Geral e o próprio
Ministro da Justiça".
Moro ainda disse no depoimento que entendeu
"que havia desvio de finalidade na exoneração de Valeixo" e na provável
nomeação do delegado Alexandre Ramagem, uma figura próxima da família
Bolsonaro para o posto. Ramagem chegou a ser nomeado para o cargo, mas
foi barrado por decisão do STF. Ao final, Bolsonaro nomeou Rolando
Alexandre de Souza, um indicado de Ramagem, para a chefia da PF.
Souza
tomou posse na segunda-feira. Um dos seus primeiros atos foi justamente
substituir o comando da PF no Rio, anunciando que o então
superintendente no estado seria "promovido" para um posto em Brasília. O
substituto ainda não foi anunciado.
Nesta terça-feira, ao ser
questionado por jornalistas se tinha alguma relação com a substituição
no Rio, Bolsonaro reagiu agressivamente e gritou "cala a boca!" para os
repórteres.
Histórico
As primeiras
investidas de Bolsonaro contra a PF no Rio ocorreram em agosto de 2019. À
época, o presidente passou a tentar publicamente nomear um novo
superintendente no estado. O movimento do presidente passava por cima da
chefia da corporação subordinada a Moro, algo que nem mesmo presidentes
anteriores investigados por corrupção, como Dilma Rousseff e Michel
Temer, fizeram.
"Quem manda sou eu. Ou vou ser um presidente
banana?", disse Bolsonaro publicamente na ocasião. Ele também afirmou
que, se não pudesse trocar o superintendente do Rio, iria trocar o então
diretor-geral da PF Maurício Valeixo, uma figura próxima de Moro, que
atuou com o juiz no Paraná durante alguns dos casos mais ruidosos da
Lava Jato, como a prisão de Lula.
Ao final, ocorreu uma
acomodação temporária. O superintendente do Rio foi substituído, mas não
pelo nome desejado por Bolsonaro. Por alguns meses, parecia que o
presidente havia desistido de interferir na corporação.
No
entanto, ele voltou a investir contra a PF após vários membros do
círculo presidencial passarem a ser investigados pela PF por ordem do
STF, entre eles Carlos e Eduardo Bolsonaro, que são suspeitos de
alimentar um esquema de fake news.
Deputados aliados do
presidente também passaram a ser investigados por suspeita de
organizarem atos antidemocráticos que pedem o fechamento do Congresso e
uma intervenção militar no país. Ao longo do ano passado, Bolsonaro
também se irritou quando a PF investigou um amigo seu, o deputado Hélio
"Negão", e suspeitas envolvendo a evolução patrimonial de outro filho, o
senador Flávio.
Em meio às investidas do Planalto contra a PF
nas últimas semanas, o ministro Alexandre de Moraes, do STF, determinou
que os delegados dos casos que apuram a rede de fake news e os atos
anticonstitucionais não podem ser substituídos, como forma de blindar as
apurações.
JPS/ots
fonte: DW África
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