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domingo, 11 de agosto de 2024
DIPLOMATAS NORTE COREANOS DESERTAM FACE A POLÍTICA DITATORIAL.
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Recentemente, Il-kyu Ri, um ex-conselheiro na Embaixada da Coreia do Norte em Cuba, desertou com a família para a Coreia do Sul.
“A Coreia do Norte será uma sociedade desolada porque não terá futuro devido à exploração do trabalho, à avaliação injusta e à perseguição e eu não poderia permitir que os meus filhos vivessem, perpetuamente, numa sociedade dessa natureza”.
Este não é pensamento exclusivo do ex-conselheiro, mas de muitos intelectuais na Coreia do Norte, que esperam, apenas uma oportunidade para escaparem do calvário.
“Eu estive sempre preocupado com o futuro dos meus filhos, quer quando estava na Coreia do Norte, quer enquanto integrante do Gabinete do Representante do Comércio Exterior. É importante pensar no futuro da Coreia do Norte, que como está, não tem futuro e é como um sonho de se tentar apanhar, com as mãos, um arco-íris”.
Para o diplomata, já não é correcto, em pleno século XXI, vivermos numa monarquia ditatorial da família Kim, “pelo resto da vida. É uma dor que só eu posso suportar, e quero que os meus filhos vivam num mundo sem preocupações, onde não exista vigilância cerrada a cada cidadão, e com controlo do seu pensamento e sem poder desfrutar dos ganhos da liberdade”, denunciou.
A coragem e determinação para desertar, mesmo estando no exterior, aparentemente, com melhores condições, mas com o sentimento sempre, de no regresso voltar para o mesmo calvário, levou-o a seguir, conta, a atitude do ex-conselheiro Il-kyu Ri.
“Esta decisão de abandonar o regime, provavelmente causou um impacto psicológico significativo na ditadura norte-coreana, e aumentou preocupação em relação aos diplomatas, nas várias missões diplomáticas e gabinetes representativos no estrangeiro”.
O regime norte-coreano provavelmente teme que o controlo e a vigilância por si só não detenham a maré de pessoas que anseiam por liberdade, e isso deu aos norte-coreanos a esperança de que, com determinação e coragem, eles podem encontrar a liberdade.
A deserção do ex-conselheiro Il-kyu Ri pode ser um sinal de que o colapso do regime já começou. Mostra que as elites da Coreia do Norte, incertas quanto ao seu futuro, podem virar as armas a qualquer momento quando virem uma oportunidade. O ex-conselheiro disse: “Os diplomatas norte-coreanos são Kotjebi (crianças sem-abrigo na Coreia do Norte) de gravata… com um salário mensal de $0.03. Este é o salário mensal típico de um funcionário público norte-coreano, um custo menor que um quilo de arroz.
“Os dias de viver de salário já terminaram na Coreia do Norte, porque a corrupção tornou-se tão generalizada na sociedade que se tornou uma doença incurável”.
A exigência e o pagamento de subornos está de tal forma normalizada que se tornou pior que antes. “Quando ouvi o antigo conselheiro dizer que, quando regressou de uma viagem de negócios, o diretor-adjunto tentou chamá-lo de volta por se ter recusado a cumprir um pedido de suborno”.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros é o rosto junto da comunidade internacional e um símbolo do regime da Coreia do Norte, mas quando os seus quadros são considerados como “Kotjebi”, não há mais nada a dizer sobre a vida dos residentes comuns.
Os norte-coreanos vivem um dia de cada vez, sem sonhos nem esperança num futuro, pois lutam todas as horas para sobreviver.
“Uma vez que o coração do povo é a vontade do céu, acredito que a democratização na Coreia do Norte seja apenas uma questão de tempo, até as elites sucumbirem ante o avanço da insatisfação e manifestação das pessoas contra o governo que poderá explodir.
Consciente disto, o regime de Jong-un Kim continuará a implementar uma política de medo para erradicar qualquer sentido de democratização interna, intensificando ainda mais a política de vigilância, controlo do pensamento e proibição de reunião, associação e manifestação.
Mas, tal como a palma da mão não pode bloquear o sol, as espadas e as armas não podem deter um cortejo que avança em grandes ondas rumo à liberdade e à democracia.
“Daí que mais grupos de norte-coreanos desertarão em busca de liberdade e democracia, sendo uma questão de tempo o emergir de um processo que determinará a queda do regime”.
“Por último, como um desertor norte-coreano, espero sinceramente que o ex-conselheiro Il-kyu Ri e a sua família tenham um reassentamento seguro e bem-sucedido na Coreia do Sul”.
Foto: Il-kyu Ree ex-conselheiro da Embaixada da Coreia do Norte em Cuba
fonte: folha8
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Samuel