Governo de Cabo Verde defende a passagem do sistema de ajuda pública ao desenvolvimento para um sistema que promova o investimento, produção, comércio e integração em redes.
fonte: DW África
"Construindo Nova Parceria para o Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde"
O Governo cabo-verdiano pretende nesta Conferência Internacional de Doadores e Investimentos de Paris (11/12.12.) mobilizar cerca de dois mil milhões de euros.
O objetivo é financiar o desenvolvimento do arquipélago lusófono nos próximos anos.
Em entrevista à Televisão de Cabo Verde, o vice-primeiro-ministro, Olavo Correia, explicou que a estratégia não é endividar mais o país, mas atrair mais investimentos.
"O que estamos aqui a lançar sobre a mesa não é mais ajuda pública ou mais endividamento público. O que queremos é mostrar que Cabo Verde é um país de oportunidades onde os investimentos podem ser rentáveis e onde podemos criar as condições para que o país possa atingir um patamar de desenvolvimento no quadro daquilo que é o PEDS (Plano Estratégico de Desenvolvimento Sustentável) que visa colocar Cabo Verde num patamar de país desenvolvido".
Fórum dividido em duas partes
Por isso mesmo, a conferência de Paris está dividida em duas partes: a primeira, nesta terça-feira (11.12.) dedicada aos parceiros tradicionais de Cabo Verde como a União Europeia, as Nações Unidas, Luxemburgo, Portugal, BAD (Banco Africano de Desenvolvimento), Banco Mundial e CEDEAO (Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental). A esses juntam-se novos parceiros da Europa do Leste e dos países árabes
.A estratégia do Governo cabo-verdiano é "garantir as necessidades de financiamento para a economia cabo-verdiana nos setores dos transportes, das energias, da água e saneamento, da qualificação dos recursos humanos, da requalificação urbana e da criação de condições para que todas as ilhas possam ter um patamar de desenvolvimento superior. É esse o desafio que está sobre a mesa e nós temos contado com o apoio de vários parceiros", destacou o vice-primeiro-ministro Correia.
Alavancar investimento privado
O segundo e último dia da conferência (12.12.) vai centrar-se em oportunidades para alavancar o investimento privado e conta com a participação de mais de 200 participantes nacionais e estrangeiros do setor privado, que terão a oportunidade de apresentar os seus projetos, para que possam obter o acesso ao financiamento.
O primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, advoga que Cabo Verde tem de passar do sistema de ajuda pública ao desenvolvimento para um sistema que promova o investimento.
"O país não será sustentável via ajuda pública ao desenvolvimento. Ajuda pública ao desenvolvimento será apenas uma alavanca para podermos abrir portas mais fortes para o investimento privado".
Ajuda da OCDE
Na abertura de portas para o investimento privado, Cabo Verde conta com a preciosa ajuda da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). É o que se pode depreender das palavras do Director de Cooperação da OCDE, Jorge Silva.
"Não vamos conseguir cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 sem o financiamento privado. Eu gostava de sublinhar a circunstância que na conferência internacional que Cabo Verde está a organizar aqui em Paris não só as organizações internacionais, os governos e os doadores participem neste diálogo, mas também o sector privado mostrando de uma forma muito eloquente que Cabo Verde está a olhar para essa Agenda 2030 numa perspectiva que não é apenas de diálogo entre Estados mas também com o sector privado".
Nesta Conferência Internacional de Doadores e Investimentos que decorre sob o lema "Construindo Nova Parceria para o Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde", as autoridades do arquipélago estão a "apresentar um país 'em movimento' e as medidas a serem tomadas para dar vida à visão de uma "economia circular" integrada" e "explorar oportunidades para um envolvimento mais estratégico com fornecedores das finanças públicas e privadas em apoio às intervenções transformadoras de desenvolvimento".
Os representantes cabo-verdianos estão a apresentar Cabo Verde como "um país parceiro estável e confiável, com registo de realizações", e "ligar os investidores privados às principais oportunidades de desenvolvimento" neste país.
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Samuel